terça-feira, 25 de outubro de 2011

O caráter platônico da psicanálise

Enquanto estivermos presos ao corpo e a nossa alma estiver conglutinada. com este mal, nunca poderemos atingir plenamente a verdade do que buscamos. Pois, mil e uma inquietações nos causa o corpo, pelas exigências de sua nutrição, sem falar ainda em toda espécie de paixões eróticas, desejos, temores, e um sem número de imaginações e infinitas ninharias. Em suma, ele nas coloca num estado no qual não temos um momento de quietação. Pois, também as guerras, as revoltas e batalhas são conseqüências do corpo e das suas concupiscências. Porque todas as guerras nascem do desejo de adquirir haveres e bens. E haveres e bens somos forçados a adquirir por causa do corpo, cujas exigências devem ser satisfeitas. 
PLATÃO, Fédon-, 66.

A psicanálise trata  as dores da alma. E é um processo tão longo para diluir a dor quanto foi para implantá-la. A substância com a qual a psicanálise lida não obedece às leis da mecânica. Não tratamos de matéria, não tratamos de concretudes: são dores da alma, substâncias de outra categoria
Psicanalista e colunista da Folha de São Paulo.

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D'alma
Segundo Platão o oráculo disse que ninguém era mais sábio do que Sócrates, e a sabedoria socrática é identificada como autoconhecimento. Xenofonte usa a anedota para respaldar seu retrato convencional da virtude moral de Sócrates. Platão, para apresentar a investigação socrática como cumprimento de uma missão divina, e portanto como um ato supremo de piedade... Existe, portanto, uma relação íntima entre o autoconhecimento e a melhor alma possível; ou o autoconhecimento é idêntico a este estado da alma, ou é condição dele, necessária, suficiente, ou talvez necessária e suficiente.  TAYLOR, C.C.W., Sócrates: 30/1
Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover. De anǐma, derivam diversas palavras tais como: animal (em latim, animalia), animado. Religiosamente definida como um ser independente da matéria e que sobrevive à morte do corpo, que se julga continuar viva após a morte do corpo, podendo o seu destino ser a beatitude celestial ou o tormento eterno. Segundo este ponto de vista, a morte é considerada como a passagem da alma para a vida eterna, no domínio espiritual. A grande maioria das religiões, cristãs e não-cristãs, concorda em linhas gerais com esta definição. O conceito de uma alma imortal é muito antigo. De facto, as suas raízes remontam ao princípio da história humana. Wikipédia
 "A separação metafísica da alma e do corpo teve efeitos desastrosos sobre a filosofia." (RUSSELL, B.,  Por que não sou cristão: 43) "Na Grécia, berço das artes e dos erros e onde se levou tão longe a grandeza e a estupidez do espírito humano, raciocinavam sobre a alma como nós." (VOLTAIRE, «13.ª carta», Cartas Filosóficas.)
A disposição e o conceito são flagrantemente ideológicos, fito de domínio:
E como se desce, desse mundo de ironia e razão e veridicidade, ao reinado do sábio de Platão, cujos poderes mágicos o elevam muito acima dos homens comuns, embora não tão alto que dispense o uso de mentiras ou despreze o triste mercado de cada curandeiro, a venda de feitiços, de encantamento e criadores de raça, em troca de poder sobre seus concidadãos! PEREIRA, J.C., Epistemologia e Liberalismo - Uma Introdução a Filosofia de Karl R. Popper: 153
Platão assimilou os rasgos de Parmênides e a compaixão melancólica do legislador Pitágoras para interpretar a dialética do perscrutador de almas, o suicida Sócrates.
Quando Parmênides, agora, voltava a olhar para o mundo do devir, cuja existência antes tentara conceber graças a especulações tão engenhosas, irritava-se com os próprios olhos porque viam o devir, contra os próprios ouvidos, porque ouviam. 'Não acreditei nesses olhos estúpidos', ordena agora, 'não acrediteis no ouvido barulhento ou na língua, mas examinai tudo com a força do pensamento'. Assim realizou a primeira crítica ao aparelho do conhecimento - crítica extremamente importante, embora insuficiente e nefasta nas suas consequências: ao dissociar brutalmente os sentidos da capacidade de pensar abstrações, portanto, da razão, como se fossem duas faculdades completamente separadas,  destruiu o próprio intelecto e encorajou a cisão inteiramente errônea entre 'espírito' e 'corpo'  que, sobretudo desde Platão, pesa como maldição à filosofia. NIETZSCHE, F., A filosofia na idade trágica dos gregos: 67
E lá se veio a locomotiva da alienação, travestida com a marcante sapiência:
Ao legislador não podemos, em nenhum ponto, lhe recusar a nossa, fé; e assim será também quando nos assegura ser a alma algo de completamente diferente do corpo e que, na vida, é justamente a alma, e não outro ser, que nos torna a cada um de nós o que propriamente somos. O corpo, pelo contrário, nos segue a cada um somente como uma espécie de sombra, dizendo-se, por isso, com razão que, sobrevindo a morte, os cadáveres não são mais do que simulacros dos mortos; pois, o verdadeiro homem é um ser imortal, cujo nome próprio é a alma, que entra na comunhão dos deuses para dar contas de si. PLATÃO Leis, 959
A cisão primordial garante a subsistência dos pregadores da divindade, e dos noveis profissionais. A psicanálise foi gerada à luz da metonímia: 
Freud buscou inspiração na cultura Grega, pois a doutrina platônica com certeza o impressionou em seu curso de Filosofia. As partes da alma de Platão correspondem ao Id, ao Superego e ao Ego da sua teoria que atribui funções físicas para as partes ou órgãos da mente (1923 - O Ego e o Id). No centro do Id, determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. COBRA, Rubem Queiroz - www.cobra.pages.nom.br/ecp-psicanalise.html
Para Deleuze e Guattari, psicanalistas se perfilam como novos padres. Ambas categorias visam impor a concepção de moral e desejo. 
O superego é um juiz malévolo, como seu inconsciente é um carcereiro obtuso: velando sempre tão zelosamente sobre seu segredo, ele acaba por designar o local onde se esconde. Sob o pretexto de liberar os complexos, as pessoas se enredam cada vez mais nos assuntos sociais, familiares. BACHELARD, GASTON, cit. QUILLET, PIERRE: 61
A separação ou a identificação da alma no molde até hoje difundido, e tão bem observado na citação de abertura já define o caráter platônico, dúbio. até mesmo deletério - por que não dizer - do profissional encarregado de eliminar ou arrefecer a esquizofrenia, fenômeno que a priori ele próprio estabeleceu: "Não há erro mais perigoso do que confundir a conseqüência com a causa: chamo-a de a verdadeira corrupção da razão." (NIETZSCHE, F., Crepúsculo dos Ídolos: 49)
Para soldá-la com o vestido científico, tal qual a maciça maioria das formulações em voga, a original psicanálise também se obrigou a utilizar a outra perna cabeluda do ardiloso pederasta grego, ambas clonadas da parceria: 
As mútuas relações entre Platão e a filosofia pitagórica constituem, de fato, um eixo fundamental para a crítica: se a filosofia pitagórica influencia o platonismo, é verdadeiro também o contrário... Aqui Platão estaria evidentemente utilizando os princípios (archaí) pitagóricos para fundamentar, do ponto de vista da dialética dos princípios supremos, sua teoria das Idéias. CORNELLI, Gabriell, CAMINHOS DE DUAS MÃOS: TROCAS FILOSÓFICAS ENTRE PITAGORISMO E PLATONISMO. - www.puc-rio.br
"Pitágoras apreciava a tal ponto a teologia órfica que dela fez modelo para plasmar a própria filosofia. Em decorrência disso, as sentenças de Pitágoras passam a ser chamadas sacras na medida em que são derivadas dos esquemas órficos." (MIRANDULLA, Pico della, A dignidade do homem: 73)
A oficina mecânica 
Os animais, incluindo os seres humanos, têm seu comportamento movido pelos inseparáveis instintos do sexo e da agressão. Nos humanos, estes instintos controlam as forças escuras e hidráulicas do id, e são a causa subjacente, inconsciente de tudo o que fazemos  FREUD, S.:194.
A  procura dessas forças "hidráulicas" já de plano demonstra o pressuposto platônico-pitagórico, newtoniano par excellence. .
Sua 'psicologia científica' procura uma compreensão do ser como entidade biológica semelhante a plantas e animais, mas sua interpretação mecanicista da própria biologia empresta um aspecto determinista e algo brutal, tanto para nós mesmos quanto para nossos camaradas biológicos. ( ZOHAR,  D., : 194) 
Michel Polanyi (Personal Knowledge; ROSZAK, T.,  A contracultura: 232.) encontra o comum viés :
A neurologia baseia-se na premissa de que o sistema nervoso - funcionando automaticamente segundo as leis conhecidas da física e da química - determina todas as operações que normalmente atribuímos à mente do indivíduo. O estudo da psicologia revela uma tendência paralela no sentido de se reduzir o objeto a relações explícitas entre variáveis mensuráveis; relações que sempre poderiam ser representadas pelos desempenhos de um artefato mecânico.
Um pequeno número de idéias simplistas e ingênuas orientam este modo de pensamento. Conhecidas as cadeias causais próprias dessa coisa que é o homem, poderíamos então submetê-lo a uma manipulação racional e científica (métodos pedagógicos, higiênicos, eugênicos, reflexológicos, etc.) em analogia com os processos usados na criação de animais domésticos. HORKEIMER, Filosofia e Teoria Crítica, 1937
No auge da postulação freudiana já havia respeitável advertência:
Einstein insinua que a ciência se deve ocupar, em primeiro lugar, não de noções que, na sua essência, estão marcadas por uma grande carga metafísica, como as de 'força' e 'matéria', mas antes daquilo a que agora chamamos 'intersecções’ no espaço-tempo de linhas do universo. HOLTON: 127.  
A tradição dialética, contudo, notadamente desde Galileu, passando por Hobbes, Bacon, Descartes, até Hegel, Malthus e Darwin melhor se prestava às forjas psicanalítica e marxista: "No futuro distante, vejo campos abertos para pesquisas muito mais importantes. A psicologia será baseada num novo fundamento, baseado na necessária aquisição de cada poder e capacidade mental via gradação. Luz será lançada sobre a origem do homem e sua história." (DARWIN, C., A Origem das Espécies, 1859.) Freud embarcou na metonímia: “Em seus primeiros anos, (Freud) achou-se fortemente atraído pelas teorias de Darwin, pois sentia que 'elas ofereciam esperanças de um avanço extraordinário em nosso conhecimento do mundo.' (DOWNS, R. B. :211) "As imutáveis leis da História descritas por Marx, a luta desesperada pela sobrevivência de Darwin e as tempestuosas forças da sombria psiquê de Freud devem, em alguma medida, sua inspiração à teoria física de Newton." (ZOHAR, Danah, & MARSHALL, I. N.:16)
A psicologia freudiana é basicamente uma psicologia de conflito. Em sua luta existencial, Freud foi indubitavelmente influenciado por Darwin e os darwinistas sociais, mas para a dinâmica detalhada de 'colisões' psicológicas ele recorreu a Newton. No sistema freudiano, todos os mecanismos da mente são impulsionados por forças semelhantes as do modelo da mecânica clássica.  CAPRA, F., O Ponto de Mutação: 173
"De Rousseau a Freud, o homem rolou todos os abismos e, rolando, incapaz de se reter, convencido aos poucos de toda sua negrura interior, perverteu todos os caminhos, comprometeu todos seus atos, justificou todas as acusações futuras e passadas.". (FARIA, O., Machiavel e o Brasil: 186)  “Marxismo e Psicanálise como ciências não seria o casamento da violência com o charlatanismo?” (EVANGELISTA, Walter, in OLIVA, Alberto, Org., A Questão da Cientificidade em Teorias de Conflito: Marxismo e Psicanálise; Epistemologia: A Cientificidade em Questão: 213)
É esse o erro de Descartes: a separação abissal entre corpo e a mente, entre substância corporal, infinitamente divisível, com volume, com dimensões e com funcionamento mecânico de um lado, e a substância mental, indivisível, sem volume, sem dimensões e intangível, de outro; a sugestão de que o raciocínio, o juízo moral e o sofrimento adveniente da dor física ou agitação emocional poderiam existir independentemente do corpo. Descartes pensava que o calor fazia circular o sangue, que as finas e minúsculas partículas do sangue se transformavam em espíritos animais, os quais poderiam mover os músculos. Porque não censurá-lo por uma dessas noções? A razão é simples: há muito tempo que sabemos que ele estava errado nesses aspectos concretos, e as perguntas sobre como e por que circula o sangue receberam já uma resposta que nos satisfaz completamente. O mesmo não sucede com as questões relativas à mente, ao cérebro e ao corpo, em relação as quais o erro de Descartes continua a prevalecer. Para muitos, as idéias de Descartes são consideradas evidentes por si mesmas, sem necessitar de nenhuma reavaliação. DAMÁSIO, Antônio R. O erro de Descartes: 113
Ao apartar, ao cingir a cabeça do ente em egos e tataraegos, conscientes, inconsciente, subconciente,  este determinismo redutor  elimina a chance do diagnóstico. "A viciosidade peculiar do racionalismo é que ele destrói o próprio conhecimento que possivelmente viria salvá-lo de si próprio." (FRANCO, P., cit. GIDDENS, A.: 39).
É a cientificidade talvez apenas um temor e uma escapatória ante o pessimisto? Uma sutil legítima defesa contra - a verdade? E, moralmente falando, algo como covardia e falsidade? E amoralmente, uma astúcia? Ó Sócrates, Sócrates, foi este porventura o teu segredo?, ironista misterioso, foi esta, por ventura, a tua - ironia? O desalmado NIETZSCHE, O nascimento da tragédia: 12
"O sujeito foi expulso da Psicologia, expulso da História, expulso da Sociologia; e pode-se dizer, o ponto comum às concepções de Althusser, Lacan, Lévi-Strauss foi o desejo de liquidar o sujeito humano." (GUSDORF, George, Tratado de metafísica: 210;  cit. FAZENDA, 2002: 48) A mesma separação permitiu que pelo fulcro ascendesse enorme contingente de cientistas e filósofos. "O dualismo cartesiano, ao criar a bifurcação mente-matéria, observador-observado, sujeiro-objeto, moldou o pensamento ocidental, poucos filósofos discordando dele, cujos mais notórios foram Spinoza e Schopenhauer." (GOTTSCHALL: 189) 
É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivído; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles. BOHM, D., Totalidade e ordem implicada: 17 
"A história da psicologia, depois de Descartes, poderia ser escrita como seguindo um movimento dialético entre a ciência da psiquê e uma ciência naturalista do homem que recusara tanto o dualismo metafísico quanto o metodológico. " (FRAISSÈ, Paul, cit. PENNA, Antônio Gomes:32)  Não dá  Qualquer formulação dialética necessita do dualismo. Aberta a chance a exceção, o operador tem engatilhado o pontal metafísico que lhe convém. Há tentativas dissidentes. As obras de JUNG, LACAN  e FOUCAULT, por exemplo, são bem consideradas. Menos mal, especialmente a conceituada dupla da geração 68; mas nenhuma elimina o mal que se propõem a conhecer:
Chego a considerar minha contribuição como minha própria confissão subjetiva. É a minha psicologia que está nisso, meu preconceito que me leva a ver os fatos da minha própria maneira. Mas espero que Freud e Adler façam o mesmo, e confessem que suas idéias representam pontos de vista subjetivos. Desde que admitamos nosso preconceito estaremos realmente contribuindo para uma psicologia objetiva. Jung
O resultado disso, dessa crueldade para com a parte melhor da própria espécie, é que o homem de qualidades, psicologicamente mutilado, 'vem a tornar-se um animal doente', alguém eternamente atormentado por ter que viver com uma carnalidade e uma sensualidade latente, exigindo coisas que ele sempre terá que negar, ocultar, e sepultar. Obrigam-no, assim a rastejar frente a deuses que ele pensa que julgam culpado. SCHILLING, V., Nietzsche: em busca do super-homem: 44
"Para falar em termos fisiológicos: na luta com o animal, torná-lo doente é talvez o único meio de enfraquecê-lo". (NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos ìdolos, ou como filosofar a marteladas:5)

Na real
Embora não haja consenso sobre este ponto específico, o grande corpo do volume de informações disponíveis aponta para o fato de que ainda não existe cura para a Esquizofrenia. Embora muitos pacientes, adequadamente tratados, possa produzir uma vida com qualidade, produzirem, estudarem.  http://medico-psiquiatra.com/principal/esquizofrenia
Mais de dois mil anos já se passaram desde o dia em que Platão ocupava o centro do universo espiritual da Grécia e em que todos os olhares convergiam para a sua Academia, e ainda hoje se continua a definir o caráter da filosofia, seja ela qual for, pela sua relação com aquele filósofo. JAEGER, Werner. Paidéia. A formação do homem grego: 581
"A nova geração, pelo menos, devia ser ajudada a libertar-se dessa fraude intelectual, a maior talvez da história de nossa civilização.” (POPPER, Karl, 1998: 85)
A imagem poética não está submetida a um impulso, Não é o eco do passado. É antes o inverso: pela explosão de uma imagem, o passado longínquo ressoa em ecos a imagem poética existe sob o signo de um ser novo. Esse ser novo é o homem feliz. Feliz na palavra, portanto infeliz no fato, objetará imediatamente o psicanalista. Para ele a sublimação não passa de uma compensação vertical, de uma fuga para o alto, exatamente como a compensação é uma fuga lateral. E logo o psicanalista deixa o estudo ontológico da imagem; aprofunda a história de um homem; vê, mostra os sofrimentos secretos do poeta. Explica a flor pelo estrume. (BACHELARD, G.,  La Poétique de l'espace, cit. PESSANHA, J.A. Motta, O Direito de Sonhar:  xxix)
Várias vezes, nos diferentes trabalhos consagrados ao espírito científico, nós tentamos chamar a atenção dos filósofos para o caráter decididamente específico do pensamento e do trabalho da ciência moderna. Pareceu-nos cada vez mais evidente, no decorrer dos nossos estudos, que o espírito científico contemporâneo não podia ser colocado em continuidade com o simples bom senso. BACHELARD, Gaston, 1972: 27 
O físico David Bohm chega a desenvolver idéias muito audaciosas que 'abrem um novo caminho para se aprender a relação que o espírito mantém com a matéria'... Em A dança do espírito (1985) declara que o grande erro da filosofia mecanicista é o de afirmar-se como uma filosofia da fragmentação, reduzindo o Universo a um agregado de entidades independentes, separadas, fechadas nelas mesmas, e, por conseguinte, incapazes de comunicação real: como se a Natureza fosse um gigantesco mecanismo submetido a forças cegas; como se, nela, o homem fosse privado de alma e significação. Ora, reduzido ao estado de autômato bioquímico, o homem não pode integrar-se à vida do Universo. O que seria uma enorme frustração... ' O espírito e o corpo não são realidades independentes, tampouco o pensamento e o sentimento. JAPIASSÚ, H., Ciência e destino humano: 185
É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivíduo; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles. BOHM, David, Totalidade e ordem implicada: 17
"A matéria e a mente evoluíram dentro de um mesmo útero cósmico: o campo de energia do váquo quântico. A interação de nossa mente e consciênciacom o vácuo quãntico nos liga a outras mentes em torno de nós, assim como à biosfera do planeta. Ela 'abra' nossa mente para a sociedade,, a natureza, e o universo." (LASZLO, Ervin Ph.D, cit. ARNTZ, W.: 224)
O pedaço de matéria nada mais é senão uma série de eventos que obedece a certas leis. A concepção de matéria surgiu em uma época em que os filósofos não tinham dúvidas sobre a validade da concepção 'substância'. A matéria era a substância no espaço e no tempo; a mente, a substância que estava só no tempo. A noção de substância tornou-se mais vaga na metafísica no decorrer dos anos, porém sobreviveu na física porque era inóqua - até a relatividade ser inventada. Um pedaço de matéria, que tomávamos como uma entidade persistente única, é na verdade uma cadeia de entidades, como os objetos aparentemente contínuos em um filme. E não há razão pela qual não possamos dizer o mesmo quanto à mente: o ego persistente parece tão fictício quanto o átomo permanente. Ambos são apenas uma cadeia de eventos que têm certas relações interessantes uns com os outros. A física moderna nos permite dar corpo à sugestão de Mach e de James de que a 'essência' do mundo mental e do mundo físico é a mesma. RUSSELL, Bertrand, Ensaios céticos: 74
"A massa de um corpo é a medida de seu conteúdo de energia." (ALBERT EINSTEIN) ) ."A luz pode ser definida como uma transmissão de energia entre corpos materiais à distância. (BOHR, Niels, Física atômica e conhecimento: 6) "O vácuo quântico é o 'mecanismo de informação holográfica que registra a experiência histórica da matéria'. (LASZLO, E., A Ciência e o Campo Akáshico: 72)
27/09/2011 Psicanálise
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Um comentário:

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