sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Falsa vantagem ao Rio Grande do Sul

Nas trevas da negra noite
O gaúcho destemido
Corre, seguindo o ruído,
Sem medo ou temor da morte;
E vai, sem rumo e sem norte,
Guiado só pelo ouvido.
O povo é como boi manso
Quando novilho atropela
Bufa, pula e se arrepela,
Escrapeteia e se zanga;
Depois...vem lamber a canga
E torna-se amigo dela.
Home é bicho que se doma
Como qualquer outro bicho;
Tem às vezes seu capricho,
Mas logo larga de mão,
Vendo no cocho a ração,
Faz que não sente o rabicho.
,
Pobre Estância de São Pedro
Que tanta fama gozaste!
Como assim te transformaste
Dentro de tão poucos anos,
De destinos tão tiranos
Não há ninguém que te afaste!

Na mão do triste Chimango,
O arvoredo está no mato;
O gado... é só carrapato;
O campo... cheio de praga,
Tudo depressa se estraga,
No poder de um insensato.

E tudo o mais em São Pedro
Vai morrendo, pouco a pouco,
A manotaços e a sôco
Rolando pelo abismo;
Pois com o tal positivismo,
O home inda acaba louco...
Ramiro Barcelos
ç
Em Porto Alegre, Dilma anunciará obras do metrô
Tenho a impressão que se trata de mais um blefe governamental, motivado apenas pela visita de S.Exa.* Se temos uma Copa do Mundo marcada para 2014, cravejar a capital gaúcha com buracos à formidável obra parece ser coisa de toupeira, mesmo.
O fato de, no Brasil, o Estado ter se organizado antes da sociedade, impondo-se sobre esta, teria sufocado processos autônomos de organização cujo resultado se via na debilidade da sociedade civil. COSTA, V.: 33
O Estado do Rio Grande do Sul e as demais unidades há anos vem pleiteando verbas junto ao Governo Federal, isto é, ao Governo da República, porque de federação apresentamos apenas o rótulo, para inglês ver. República de surdos
Muitos brasileiros, entre os quais me incluo, desejam um Brasil federativo. Somos, teoricamente, “República Federativa do Brasil”, mas não passa de mito. A centralização de poderes e atribuições cresce nas mãos da União, em detrimento da autonomia dos Estados - por conseguinte, dos cidadãos que a compõe. José Celso de Macedo Soares  Federalismo: ações práticas  
Apreciemos o flagrante contraste  com a genuína democracia do país mais exitoso do mundo. Desde 1781 o colosso praticamente preserva a maioria todos seus Articles of Confederation. Eles foram criados no fito de assegurar a estimada soberania individual, do cidadão. É de se reconhecer que os EUA a partir da Secessão e da conturbação marxista transformaram-se no Eua, e hoje a fascistóide centralização de políticas econômicas tem lhes oferecido as mais custosas lições. Em sua instalação,  funções da União se definiam pelo Congresso unicameral, onde cada Estado tinha apenas um voto. Não havia executivo nacional, e mesmo ao Congresso não se permitia que exercesse muita autoridade. Ele não podia regulamentar o comércio externo ou fixar impostos e, em certas épocas, praticamente não funcionava, pois os governos estaduais freqüentemente o ignoravam e mesmo seus próprios membros muitas vezes tinham melhor coisa a fazer do que comparecer as sessões. Os Estados Unidos continuavam sendo um ajuntamento de Estados individuais, com muito pouco que se assemelhasse a uma sociedade ou governo nacional. Tocqueville (1998: 219)  observou: como se formava  o país rico:
O habitante dos Estados Unidos aprende desde o nascimento que deve contar consigo mesmo para lutar contra os males e os embaraços da vida; ele lança à autoridade social um olhar desconfiado e inquieto, e só apela para seu poder quando não pode dispensá-lo.
 RS é celeiro do país, e por causa disso, sempre foi alvo de exploração. Taxados em mais de 10%, os gaúchos não titubearam em pegar as armas para afugentar os ladrões. E por mais de lustro vigorou a República do Piratini, (República Rio-Grandense) lamentavelmente capitulada em fictício armistício.
A centralização favorece uma minoria, empobrecendo a massa.
CAREY, H.C, cit. HUGON, Paul, História das Idéias Econômicas:  420.
 A rapinagem do governo federal sobre a produção gaúcha, como de resto de todo o país acusa mais de 20%  sobre tudo o que em cada estado diariamente produz. Assalariados pagam mais IR que os bancos "A baixa competitividade do setor produtivo brasileiro tem a ver com o custo alto de produção: impostos demais, juros na lua, infraestrutura ruim, enormes custos trabalhistas, uma Justiça lenta, corrupção e por aí vamos".(MING. Econ. Jorn. Celso,  Estadão, 20/10/2010)
A democracia transformou-se não no governo da maioria, mas no domínio de grupos minoritários bem organizados e com boas conexões políticas, que saqueiam as posses da maioria.  Ela gerou exatamente aquilo que seus maiores proponentes queriam: um governo autocrático e centralmente consolidado.  Não é nenhuma coincidência que o governo tenha crescido à medida que os privilégios foram sendo expandidos: cada vez mais grupos têm a oportunidade de se servir da liberdade e da propriedade de terceiros. Uma compilação democrática  9/9/2010 por  Equipe IMB
Com pessoal e custeio, o governo gastou R$ 10 bilhões a mais no primeiro trimestre. Se forem incluídos os gastos com juros, o aumento chega a R$ 13,2 bilhões. No fim do mês passado, o Estado mostrou que haviam aumentado até gastos com diárias e passagens, supostos alvos de cortes. 
Estadão, 3/4/2011
 O Impostômetro já acusa mais de trilhão arrecadado, cifra atingida 35 dias antes do que em 2010. Posto o dantesco serviço da dívida, somado o formidável montante desviado diariamente pela corrupção, não é fácil encontrar alguma melhoria, algum investimento do impostor. "Infelizmente, quitar uma dívida nacional que já está próxima dos R$ 2,3 trilhões irá rapidamente quebrar todo o país.  Pense nas consequências de se criar novos impostos no Brasil totalizando R$ 2,3 trilhões (71% do PIB) já no ano que vem!" (O que fazer com a dívida do governo federal brasileiro?  10/12/2010 por  Murray N. Rothbard)
Deste feito, o presidencialismo brasileiro não é senão a ditadura em estado crônico, a irresponsabilidade geral, a irresponsabilidade consolidada, a irresponsabilidade sistemática do Poder Executivo. RUY BARBOSA, Novos Discursos e Conferências: 350; cit. BONAVIDES, P. Ciência Política: 317 
Governo bate cabeça e não sabe quantos bilhões custará a Copa Enquanto o isenta Fifa de impostos, o Ministério dos Esportes se envolve em grossa corrupção, ampliado repeteco  do "cofre das cuecas": 'Orlando Silva recebia o dinheiro na garagem' “Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais”,
Brasil banca US$ 5,3 bilhões em obras de países vizinhos Carentes de hospitais, escolas, pontes, estradas, penitenciárias, etc, os estados do Brasil se ajoelham em súplicas perante este deplorável  Estado metido a imperialista, estupendo promotor da maior concentração de renda já vista neste país. Conferência: OAB debaterá plano contra caos no sistema prisional do país Pois tirante as estradas que ligam o território nacional,, nenhum daqueles investimentos é de competência da União, exceto em casos esporádicos, emergenciais, ou em redutos completamente improdutivos. A romaria ao Distrito Federal se deve porquanto os executivos da União a usam para tomar os recursos de cada estado. Alguns governadores não se dão conta, a maioria  se considera impotente, e alguns outros também levam vantagens pessoais à docilidade, a entrega do fruto do trabalho de seus coestaduanos à garganta profunda do mais falso Leviathan. Sequer  estradas internacionais, como é o caso da BR¨116 que liga o país ao Uruguai,  Argentina e Chile interessa à Brasília. Por incrível que pareça,existe apenas uma ponte, precária e antiga, ainda elevadiça, qie propicia a passagem dos viajantes com destino ao Prata. e à Cordilheira dos Andes. Embora o Rio Grande do Sul apresente uma pujante economia, os governos estadual e municipais vivem à míngua, vibrando com qualquer centavo depositado em seu chapéu. Governo Dilma tem mais escândalos que medidas concretas
O mito final da República é uma mentira útil que se deve contar a essas crianças, a fim de que se submetam à autoridade paterna da ordem estabelecida. KELSEN,  H., 1998: 323
 Os investimentos em estádios de futebol, e agora este, para uma linha coletiva que liga o centro de uma cidade à um bairro, são  emblemáticos, na contra-mão do desenvolvimento social. Enquanto mundo inteiro busca reverter densidades demográficas,  o governo brasileiro entende melhor reforçá-las.  "Nós já vimos uma parte desse filme. Nós sabemos o que é a supervisão do FMI. Nós sabemos o que é a proibição de se fazer investimentos. Investir R$ 1 bilhão no metrô seria inimaginável neste período" (Dilma Rousseuf) . Muito bem, presidenta. Donde lo saca? Seria, por acaso, dinheiro dos próprios gaúchos, porém sofrido a tradicional capsis diminutio,  porquanto  obrigado a regar  o semi-árido do Planalto Central?  Marcha Contra a Corrupção em Brasília leva 20 mil pessoas às ruas Ou quem sabe compõem este bi frutos extraídos de trabalhadores nordestinos? O que interessa para o restante do país um investimento do porte de um metrô ao exclusivo gáudio da cidade de Porto Alegre?
* Na mosca: A União prevê o repasse de R$ 1 bilhão somente após o término e não durante os trabalhos, como se previa inicialmente. A decisão segue atrasando a publicação do edital de licitação.A União insiste que a modelagem prevendo pagamento posterior é o modelo padrão usado em casos de Parceria Público-Privada Em dezembro do ano passado, Fortunati havia previsto o início das obras para o começo de 2013. Pelo projeto, o Metrô de Porto Alegre deve ter 14,8 quilômetros de extensão, ligando a Rua da Praia à Fiergs, na zona Norte. A linha deve ter 13 estações e o trajeto vai ser percorrido em aproximadamente 30 minutos. Propostas para viabilizar metrô de Porto Alegre são ... - Rádio Guaíba, 16/4/2012

A difusão de poder, nas esferas política e econômica, em lugar da sua concentração nas mãos de agentes governamentais e capitães de indústria, reduziria enormemente as oportunidades para adquirir-se o hábito do comando, de onde tende a originar-se o desejo de exercer a tirania. A autonomia, para distritos e organizações, daria menos ocasiões para que os governos fossem chamados a tomar decisões nos assuntos alheio  BERTRAND RUSSELL Ideais Políticos: 24
O terceiro princípio vital para a política do amanhã visa a quebrar o bloqueio decisório e colocar as decisões no lugar a que pertencem. Isso, que não é simplesmente um remanejamento de líderes, e o antídoto para a paralisia política. É o que chamamos de ‘divisão de decisão’. CHARDIN, Teilhard, cit. FERGUNSON, N.: 48 
Pela inobservência da obviedade, o povo ameaça, de novo.
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