segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Tempo & trabalho - 2/2

Uma coisa é certa, a hora uniforme do relógio não é mais pertinente para a medida do trabalho. Essa inadequação há muito era flagrante para a atividade dos artistas e dos intelectuais, mas hoje se estende progressivamente ao conjunto das atividades. Compreende-se porque a redução do tempo de trabalho não pode ser uma solução a longo prazo para o problema do desemprego: ela pereniza, com um sistema de medida, uma concepção de trabalho e uma organização da produção condenadas pela evolução da economia e da sociedade. Só se pode medir – e portanto remunerar – legitimamente um trabalho por hora quando se trata de uma força de trabalho-potencial (já determinado, pura execução) que se realiza. Um saber alimentado, uma competência virtual que se atualiza, é uma resolução inventiva de um problema numa situação nova. Como avaliar a reserva de inteligência? Certamente não pelo diploma. Como medir a qualidade em contexto? Não será usando um relógio. No domínio do trabalho, como alhures, a virtualização nos faz viver a passagem de uma economia das substâncias a uma economia dos acontecimentos. Quando irão as instituições e as mentalidades acolher conceitos adequados? Como aplicar os sistemas de medida que acompanham esta mutação? PIERRE LÈVY

Foi a tradição judaico-cristã que estabeleceu o tempo linear (irreversível) de uma vez por todas na cultura ocidental... O tempo irreversível influenciou profundamente o pensamento ocidental. Preparou a mente humana para a idéia de progresso, para o conceito de tempo profundo, para a surpreendente descoberta dos geólogos de que a evolução humana é apenas um episódio recente e curto na história da Terra. Preparou o caminho para a evolução de Darwin, que fala de nossa união com criaturas mais primitivas através dos tempos. Em resumo, o advento da idéia de tempo linear e da evolução intelectual desencadeada por essa idéia corroborou a ciência moderna e a promessa de melhoria da vida na Terra. COVENEY: 22
A premissa religiosa não requer maior explicação. De que modo contestar o óbvio? Qualquer aniversário define o inexorável decurso do tempo, e nós com ele. Foi trivial a Constantino e seu concílio estabelecer a estória do antes e depois de Cristo, ainda mais  passados uns quatrocentos anos do propalado nascimento. As estações  climáticas corroboram a  noção de gigantesco carrossel, no qual os passageiros vão embarcando no lugar de outros que cumpriram o périplo.
Nature and nature's laws lay hid in night;
God said 'Let Newton be' and all was light.

(A natureza e suas  leis estavam imersas em trevas;  Deus disse 'Haja Newton' e tudo se iluminou.).
O espaço absoluto, em sua própria natureza, sem levar em conta qualquer coisa que lhe seja externa, permanece sempre inalterado e imóvel... O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, de si mesmo e por sua própria natureza, flui uniformemente, sem depender de qualquer coisa externa. (Sir NEWTON, Principia, II, art. 37)
"Se a sensação do tempo pode ser assim coisificada, porque não haverá de ser tudo o mais? Por que não inventarmos máquinas que coisifiquem o pensamento, a criatividade, a tomada de decisões, o julgamento moral?"   

As teorias de Newton lançaram-nos em um curso que desembocou no materialismo que ora domina a cultura ocidental. Esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena. BERMAN, MORRIS, cit. GOSWAMI: 31
Shaftesbury (carta a THOMAS POOLE, cit. BRETT: 109) discordava frontalmente do grande Newton, algo que sequer  Locke ousou.  Ao médico empirista, de que modo rechaçar por completo uma formulação iniciada já há século, trancorrendo exitosa , comprovada, até mesmo na função cirúrgica que exercia? 
Newton era um mero materialista. Em seu sistema o espírito é sempre passivo, espectador ocioso de um mundo externo há motivos para suspeitar que qualquer sistema que se baseie na passividade de espírito deve ser falso como sistema.
Shaftesbury se deu conta que as doutrinas de Hobbes solapavam toda a interpretação espiritual do universo e convertiam a moral em simples conveniência. Deu-se conta, também, que estas doutrinas e outras parecidas destruíam os estímulos da arte e as grandes obras artísticas da humanidade. A filosofia de Shaftesbury foi planejada para combater a interpretação mecanicista da realidade, mas sobrepujou a filosofia daqueles em seus esforços para salvar as artes dos efeitos das idéias mecanicistas: aspirou fundar bases não só para a verdade e a bondade, como também para a beleza.
Os ingleses promoveram a Revolução Gloriosa, e demoveram  Leviathan, mas Newton em poucos anos ascendeu à presidência da Casa da Moeda, e acendou a inústria do dinheiro, ironia, chama-piloto da Revolução Industrial. Shaftesbury teve que aguardar tres séculos para ter sua alma lavada pela dupla germânica, faxineiros Plank e Einstein.
Há quem afirme fosse o fetiche do relógio insignificante  no  Tâmisa, não empolgava tanto assim,  mas o Big-Ben é cartão-postal e os britânicos primam pela pontualidade. O sucesso da empreitada newtoniana encorajou a vizinhança e daí o mundo inteiro
O homem ocidental civilizado vive num mundo que gira de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos das horas marcadas pelo relógio. É ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O relógio transformou o tempo, transformando-o de um processo natural em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um sabonete ou um punhado de passas- de-uva. E pelo simples fato de que, se não houvesse um meio para marcar as horas com exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria contnuado a explorar os trabalhadores, o relógio representa um elemento de ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado ou do que qualquer outra máquina. WOODCOCK, A ditadura do relógio, In A rejeição da política, 197
Foi pela mesma coincidência elevada à potência matemática que os precursores se impuseram durante todos esses séculos.
Ptolomeu partiu do pressuposto de que a Terra era o corpo central e tratou as órbitas dos planetas como ciclos e epiciclos superpostos. Isso lhe permitiu prever eclipses do Sol e da Lua com muita precisão; tanta precisão que, durante 1500 anos, sua doutrina foi considerada a base segura da astronomia.  HEISENBERG, W., A parte e o todo: 43
O modernismo de Pierre Lèvy, todavia, mais parece um velho exercício retórico, modelito  daquele mesmo EspaçoTempo, chavão meio sofístico, meio esotérico, poético em ponto metafísico, a rigor utópico. No máximo, ideológico. Interessa-nos o tempo que podemos viver,  de modo que nem viria ao caso esmiuçar a obviedade. O tradicional conceito do tempo, e a medição de seu transcurso pautam as estipulações jurídicas, econômicas, sociais, políticas. O método métrico, geométrico,   fulgura tão absoluto que chega a ser uma temeridade tão formidável quanto colocar em xeque a existência de Deus. Aliás a denominação que informa sua passagem provém justamente da estratégia para conduzir o povo grego resignadamente ao mundo subterrâneo de Hades - o divino Chronos  Na verdade, era exatamente isto que também Shelley percebia, já nos primeiros dias da Revolução Industrial, expresso em proclamar a defesa da poesia invocando ‘luz e fogo àquelas regiões eternas onde a faculdade do cálculo, de vôo rasteiro, jamais se atrevam a guindar-se’
* * *
"A sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se matemáticos. (PITÁGORAS)  O fito mira convencer, para imediato exercício de poder sobre o convencido. "Na tradição intelectual do mundo ocidental, o misticismo matemático de Pitágoras transformou-se na ponte entre a razão humana e a inteligência divina." (GLEISER, M., 2010: 51)
Na hipótese pitagórica não há lugar à nenhuma razão humana, posto exclusivamente materialista; e tampouco espaço à "inteligência divina", evidentemente dela derivada. Surpreendentemente não é o  Sol nem o tempo que passam.  Nós é que circulamos ao redor do , Astro-Rei, e pelo Espaço-Tempo, em ascenção helicoidal. E nenhum de nós é suscetível de medição, exceto de tamanho, peso, ou coisa que o valha, ainda assim de modo  precário em função de mudarmos nossas estaturas e premências a cada instante.
Com efeito, hoje sabemos que o direito está imerso numa atmosfera ideológica e a teoria geral do direito, empenhando-se em abstrair este aspecto do direito, só pode falsear as perpectivas e, com isso, fica, por sua vez, sujeita à acusação de ser mais ideologia do que ciência. PERELMAN: 621
A diferencia de los otros, el movimiento justicialista era ideológicamente cristiano, y tanto lo era, que por diez años consecutivos el clero argentino, desde su más alta jerarquía, hasta el más humilde cura de campaña, apoyó al Peronismo, ta nto en sus campañas electorales como durante su gestión partidista en el gobierno
Infelizmente esta poderosa cultura associada, explorativa social par excellence, formada more exclusivo pelas circunstâncias impostas, ainda tem o dom de engolfar e solapar as melhores vocações, em prol do projeto meramente apolíneo. "Uma ilusão geral constitui uma força social, que serve potentemente para cimentar a unidade e a organização política de um povo, como de uma inteira civilização." (GAETANO MOSCA, Teorica dei governi-elementi di scienza política)
"As universidades brasileiras medem o seu sucesso em cima de quantos alunos conseguem se posicionar em bancos ou indústrias." (SCHENBERG,  38)
"Os bens são adquiridos com dedicação; porém, não há empenho algum pela pessoa que os vai possuir." (ERASMO DE ROTERDÃ, De Pueris: 27).  Como vimos, isso nem é nosso privilégio:
O que as 'escolas superiores' alemãs sabem fazer de fato é um adestramento brutal para tornar utilizável, explorável ao serviço do Estado uma legião de jovens com uma perda de tempo tão mínima quanto possível. 'Educação superior' e legião – aí está uma contradição primordial. NIETZSCHE F. Crepúsculo dos Idolos: 61
O que você diria hoje do grande número de estudantes que consideram o saber como meio utilitário, como um meio de se tornarem uma engrenagem na máquina econômica e social? Os estudantes da máquina de que você fala fazem o que lhes mandam fazer. Adultos construíram essa máquina, essa ratoeira, esse labirinto. Num labirinto onde os ratos se perdem, as pessoas não dizem, ao observá-los 'os ratos estão loucos'; dizem 'construiu-se um labirinto para deixar os ratos loucos'. Em muitos países, o ensino foi construído para deixar os estudantes não muito felizes. SERRES, Michel, De duas coisas, a outra; cit. DERRIDA, J.: 67
A mecânica social marxista obedece a mesma estrutura lógica da mecânica fascista, ambos tomam os homens como peões num tabuleiro de xadrez, peões que podem não só ser sacrificados, como também ter seu sacrifício 'racionalmente' defendido e justificado. PEREIRA, J.C.: 140
"Trata-se de uma educação que visa a domesticação, a criação de pessoas medíocres e úteis aos ditames de seu tempo." (NEUKAMP, E., www.consciencia.org/nietzsche_educacaoneukamp.shtml)
A razão da mazela é por demais sabida:   "Quase que invariavelmente, todas as modernas áreas do conhecimento tiveram lume na Grécia Antiga". (MEISTER, L.F., A evolução do pensamento
A partir de Platão e Aristóteles, a proclamada supremacia do Estado foi encontrada em suas visões nas quais 'moralidade não era separada da religião e nem a política da moral; e em religião, moralidade e política havia apenas um só legislador e uma única autoridade'. DALBERG-ACTON, John Edward Emerich, Essays on Freedom and Power (Glencoe, Ill.: Free Press, 16
A sociedade grega e romana se fundou baseada no princípio da subordinação do indivíduo à comunidade, do cidadão ao Estado. Como objetivo supremo, ela colocou a segurança da comunidade acima da segurança do indivíduo. Educados, desde a infância, nesse ideal desinteressado, os cidadãos consagravam suas vidas ao serviço público e estavam dispostos a sacrificá-las pelo bem comum; ou, se recuavam ante o supremo sacrifício, sempre o faziam conscientes da baixeza de seu ato, preferindo sua existência pessoal aos interesses do país. TOYNBEE, Arnold J.:196.
"Leia sobre Platão, Aristóteles e os matemáticos antigos e descobrirá como suas especulações e descobertas foram transformadas e ampliadas nos métodos e sistemas com que até hoje trabalhamos." (BARZUN, Jacques, A História, por FADIMAN, Clifton org: 4)  econômico - www.webartigos.com.br) 
O decurso do tempo a cada um se mostra complexo, tanto ou mais do que delinear a Eternidade, esta coisa propalada pelos religiosos sem ao menos saber o que ela significa, tanto que em suas rezas não esquecem de implorar misericórdia "agora e na hora de nossa morte amém."  A dificuldade, a ignorância se deve mais ao que se tem incutido ao longo do par de milênios do que enteder o fenômeno à luz da ciência moderna.  A maior dificuldade é a tarefa de limpar o cérebro de tanta poluição.
"Quando, porém, o mundo, ou uma determinada sociedade, vive uma crise de seu modelo, a universidade não pode se alienar desse fato. Ela tem de transgredir por redefinições da própria realidade. A universidade tem de estar engajada com o real, buscando entendê-lo e transformá-lo." (BUARQUE, Cristóvão, ex-Ministro de Estado da Educação)  
A tanto não basta mais ela formar um batalhão de contadores, advogados, construtores, como também de nada adianta um imenso exército de operários, como como se refere Daniel Pink, em O Cérebro do Futuro. A especialização leva o ser humano a esmiuçar  mais sobre cada vez menos. Faz-se mister buscar entender a vida  de modo mais integral possível, sem parti-la, para não mutilá-la. Foi justamente a primaz separação que resultou em corpo e  alma, depois as restantes, entre as quais patrão e empregado, ricos e pobres, direita e esquerda, etc., que levaram aos maiores descalabros já experimentados pelos descendentes supostamente evoluídos dos símios. 
É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivído; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles. BOHM, D., Totalidade e ordem implicada: 17
Sem craca o entendimento flui naturalmente, em fascinante passeio.  Inumeráveis brisas e correntes estão dispostas para estendermos assim, sem maior esforço,  o cruzeiro epistemológico para além-mar, certos de que o passageiro não sentirá nenhum fastio. Deliciar-se-á com tantos relêvos, a maioria encordoado nesses  palimpsestos, em versões  prêt-à-porter.
Dizem que se a regra do jogo é igual para todos, pouco importa  ser fruto de crença, mito, ou ideologia, posto  ela almejar somente a justiça. Em primeiro lugar não se trata de equilíbrio jurídico, mas de conveniência entre os partícipes. Se o ideal fosse justo, não teríamos as mesmas obrigações embutidas em cada pé-de-alface adquirido do feirante? Ademais, nenhuma vida é jogo - é experiênicia estritamente unilateral, subjetiva. Fechando com Bergson, Rosseli (p.121) define: "A justiça, a moral, o direito, a liberdade só se realizam na medida em que se realizam singularmente nos indivíduos,” Se levado a encará-los de modo fantasiado, orquestrado, social, como dizem, e sói acontecer, obtemos a renúncia das personalidades; e como consequência maior., o inverso do almejado - um raquítico  desenvolvimento social, na melhor das hipóteses, e na pior, um fanatismo destruidor..
A ideologia cria uma 'falsa consciência' sobre a realidade que visa a modo de suprir, morder e reforçar e perpetuar essa dominação. Wikipédia 
Como renunciar a si mesmo é praticamente impossível, exceto pela via socrática, em qualquer caso colhemos a esquizofrenia generalizada. 
Examinando a mim mesmo, ó Sêneca, aparecem alguns vícios expostos tão abertamente que poderia segurá-los com a mão, outros ainda que não são contínuos, mas que voltam em intervalos intermitentes, os quais afirmo serem mais incômodos, como inimigos escondidos que atacam nas ocasiões mais oportunas, contra os quais não se pode estar tão bem preparado como na guerra, nem tão seguro como na paz... Rogo-te, pois, se tens algum remédio que possas refrear essa flutuação, para que me consideres digno de dever a ti minha tranquilidade. SÊNECA, Da tranquilidade da alma: 35/40
"A marca da filosofia platônica é um dualismo radical. O mundo platônico não é um mundo de unidade, e o abismo que, de diversas formas, resulta dessa bifurcação, surge em inúmeras formas." (KELSEN, H., 2001: 81)
O ser humano tende a surtar, pirar ou nem sei que nome dar quando se sente desse jeito, afinal somos complexos, somos feitos a imagem e semelhança de Deus, somos trinos como Ele, não na exuberância de sua Santidade mas sim na composição de corpo, alma e espírito. Sandra Cajado, Ritmo interior
Não é curto o tempo que temos, mas dele muito que perdemos. A vida é suficientemente longa e com genorosidade nos foi dada, para a realização das maiores coisas, se a empregamos bem. Mas, quando ela se esvai no luxo e na indiferênça, quando não a empregamos em nada de bom, então, finalmente, constrangidos pela fatalidade, sentimos que ela já passou por nós sem que tivéssemos percebido.  SÊNECA,  Sobre a Brevidade da Vida
O tempo flui em todas as direções, mas a vida de cada um percorre uma linha flechada. Quer queira ou não, compete ao indivíduo traçá-la, independentemente  de qualquer ideal coletivo. "Podemos dizer, portanto, que cada homem é seu primeiro legislador. Repetimos: a pessoa humana é o critério, o sistema de referência, a medida para a determinação de todos os valores. O ser humano, o ‘eu’ é razão do dever-se. Esta é a norma fundamental da ordem ética." (TELLES JR., Direito Quântico.: 213)  Eis a democracia, em  expressão par excellence.
Ainda que não faltem críticas, especialmente à Fukuyama, Japiassú (Um desafio à Filosofia : pensar-se nos dias de hoje: 10/11)  compreende o câmbio paradigmático. O fim da história´implica no fim da ideologia:
Pois o chamado ‘fim da história’ nada mais é do que a emancipação da multiplicidade dos horizontes de sentido. Um desses desafios é o de repensar o pensamento científico, libertando-o de sua ganga positivista, de sua mania contábil, a fim de instalar em seu seio a argumentação filosófica capaz de regular as relações do conhecimento científico com as demais modalidades de pensamento e ação. Outro, não menos importante, é o de pensar a modernidade. Porque esta não é um momento datado da história, definindo uma época. É o nome de uma ruptura, de uma crise relativamente à tradição. Estamos diante de uma nova episteme: da indeterminação, da descontinuidade, do deslocamento, do pluralismo (teórico e ético), da proliferação dos projetos e modelos, da ampliação de todas as perspectivas e do tempo da criatividade.
Para encerrar  o tempo de meu dia prorrogado em comemoração a meu jovem leitor, lavro a despedida ao sabor de Miefestófoles
O tempo esvai-se logo e deves bem gozá-lo.
A ordem e a disciplina ensinam a utilizá-lo.
Aconselho-te, então, meu muito caro amigo,
A primeiro estudar lógica comigo
Teu espírito estará por fim bem amestrado
Em botas espanholas muitíssimo ajustado;
E assim já poderá deslizar, num momento,
Nas estradas suaves de todo pensamento
Não andarás indeciso a torto e a direito,
Erradio, a vagar, sem o menor proveito

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