terça-feira, 9 de agosto de 2011

O gap da Escola Austríaca

O capitalismo de hoje não é um capitalismo liberal; o que realmente existe é um capitalismo burocrático que está sob forte controle e regulamentação dos governos dos estados nacionais.  A característica fundamental deste sistema é um intervencionismo caótico e desordenado — com uma legitimidade precária baseada no sistema redistributivo do estado de bem-estar social e da democracia das massas.  O que existe é um sistema altamente precário, um sistema que está sempre em perigo de colapso.  Cada crise provoca mais intervenções, produz mais burocracia e mais regulação, mais gastos do setor público e uma carga tributária cada vez maior. Além da boa governança por , 8/8/2011 

Depois das críticas conjuntas das correntes utilitaristas no Reino Unido, historicistas na Alemanha e positivistas na França, o jusnaturalismo perdeu seu prestígio como teoria da moral e foi quase completamente abandonado, salvo por algum reacionário retardatado. BOBBIO, N. Locke e o Direito Natural: 62  
Quadro negro
Desde o Renascimento a ciência e a filosofia sofreram o rompimento entre sujeito e objeto.  RANDOM: 175
O dualismo cartesiano, ao criar a bifurcação mente-matéria, observador-observado, sujeiro-objeto, moldou o pensamento ocidental, poucos filósofos discordando dele, cujos mais notórios foram Spinoza e Schopenhauer. No século XX essa discordância se acentuou. GOTTSCHALL: 189  
Durante a segunda metade do século XIX, a economia sofreu uma influência muito grande do avanço das ciências exatas. Invejosos de seu sucesso e prestígio e cônscios do poder das matemáticas e de sua importância para seu próprio progresso, os economistas voltaram sua análise para essa direção. ORMEROD, P. 1996: 50
No último quarto do XIX  surgiu a Escola Austríaca de Economia. O fito era resgatar  o jusnaturalismo através de sua expressão econômica.  Os conceitos historicistas e positivistas derivam da Física, e a Escola se esmerou em demonstrar  a inviabilidade, até mesmo a temeridade de se usar os parâmetros da mater no trato do ser humano. O  jeito encontrado foi tentar apartá-lo, retirar o homem da condição de mero objeto, para lhe recolocar como sujeito, a priori.. A tanto a postulação vinha embalada em quadro  definido praxeológico, ao invés da epistemologia reinante, exigente das tais provas matemáticas.  . 
Parece-me que essa incapacidade dos economistas em sugerir políticas mais bem sucedidas está intimamente ligada à propensão a imitar, o mais rigorosamente possível, os procedimentos das mais brilhantemente exitosas ciências físicas — tentativa essa que, em nosso campo profissional, pode levar a erros crassos. Esta é uma abordagem que passou a ser descrita como sendo uma atitude "cientificista" — uma atitude que, como defini há cerca de trinta anos. É decididamente não científica no verdadeiro sentido do termo, pois envolve uma aplicação mecânica e indiscriminada de hábitos de pensamento a campos diferentes daqueles em que esses hábitos foram formados Friedrich A. Hayek - A pretensão do conhecimento pronunciamento em ocasião do seu recebimento do Nobel de Economia, 1974 ¹, 
As ciências vinham contaminadas pelo vírus platônico.  "A mecânica de "Newton promete um poder de previsão vastíssimo que faz com que um instante forneça todas as informações possíveis sobre o passado eo futuro do Universo." (COVENEY, P.  e HIGHFIELD, R. A flecha do tempo 24)
A sorte dos povos era lançada de modo sutil, científicamente correta: 
Chega-se assim gradualmente a descobrir a invariável hierarquia, a um tempo histórica e dogmática, igualmente científica e lógica, das seis ciências fundamentais, a matemática, a astronomia, a física, a química, a biologia, e a sociologia, das quais a primeira constitui necessariamente o ponto de partida exclusivo e a última o fim único e essencial de toda a filosofia positiva, considerando doravante como formando, por sua natureza, um sistema verdadeiramente indivisível, onde toda a decomposição é radicalmente artificial, sem ser, aliás, de nenhum modo, arbitrária, relacionando-se tudo isso enfim à Humanidade, única concepção plenamente universal. COMTE, Auguste. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo. Editora Escala: 2007: 94 
Grande parte da moderna sociologia, da pedagogia e toda a psicologia da pessoa derivam desta linha de pensamento, assim como nossa violência característica do século XX, uma reação natural diante de tamanha impotência. Foi igualmente afetada nossa atitude em relação à natureza e ao mundo material. Se nossa mente, nosso consciente é totalmente diferente de nosso ser material, como argumentou Descartes, e se a consciência não tem nenhum papel a desempenhar no Universo, como sugere a física de Newton, que relacionamento podemos ter com a natureza ou com a matéria? Somos alienígenas num mundo alienígena, situados à parte dele e em oposição a ele, nosso ambiente material. ZOHAR, DANAH: 191. 
A Inglaterra até logrou em parte neutralizá-lo; porém, .alvos de ataques constantes, e com oportunistas dentro da própria trincheira, até mesmo aqueles beatles se dispuseram prejudicados, como informa Bobbio. Afinal, no mesmo reduto em que se situava o Farol do Iluminismo brilharam os artífices da Cambridge para dispensá-lo. Ao corroborarem o desvio mecanicista importado do continente, Bacon, Hobbes e Newton propiciaram o esplendor de Malhus, especialmente Darwin, Bentham, Spencer, Mill, Austin, até mesmo de  Marx & Engels, que por lá sentaram praça, e por fim, do famigerado Keynes, um  "hermafrodita mental",  outorga de Leonard Woolf, parceiro de Bloomsbury. (DE MASI, 2000: 143)  “Foi isso que Marx fez quando passou dezessete anos estudando nos arquivos ingleses: examinou todos os 'materiais' disponíveis para montar seu 'método de investigação'.”  (HAGUETTE, T. M. F.  Dialética, Dualismo Epistemológico e Pesquisa Empírica: 173) A Poor Law (Lei dos Pobres), o movimento cartista e orquestradas manifestações sindicais já espelhavam a impetuosidade das ambições, numa divulgação em massa à vulgarização da trapaça.
Nas décadas de 1830 e 1840, na Grã-Bretanha, certos parlamentares da aristocracia e da classe média tomaram a seu cargo a articulação de interesses das classes trabalhadoras. Nesse caso, eles não estavam respondendo a pressões e demandas encaminhadas de baixo, e sim agindo como guardiães independentes e voluntários desse interesses negligenciados ou suprimidos. ALMOND,  G¨& POWELL Jr,  G.: 60
“Era uma questão tanto de sobrevivência quanto de política: uma panacéia que, pelo voto do trabalhador e pela transformação radical do Parlamento, proporcionaria ao trabalhador muitos assados, muito pudim de ameixas e cerveja forte, com três horas de trabalho diário.” (RUDÈ, G.:.196). A lei redigida por Edwin Chadwik, ex-secretário particular de Jeremy Bentham, tinha sido aprovada sem discórdia, pela obviedade: "alcançar a maior felicidade para o maior número de pessoas". As depressões econômicas da década de 1840 já mostraram ser falsa esta idéia, mas serviram de pretexto para o governo aumentar os impostos. Walter Lippmann (cit. POPPER, K., Sociedade Democrática e Seus Inimigos:  88)) identificou:
Os coletivistas tem o empenho de progresso, a simpatia pelos pobres, o ardente sentido do injusto, o impulso para os grandes feitos, coisas que tanto vem faltando ao liberalismo nos últimos tempos. Mas sua ciência se baseia num profundo mal-entendido; e suas ações, portanto, são intensamente destrutivas e reacionárias. Assim, os corações dos homens são destroçados, suas mentes divididas e são apresentadas alternativas impossíveis.
Nietzsche (cit. DIGGINS,  J. P. : 162). ofereceu sua tradicional acidez: “Os utilitaristas são ingênuos. E, no fim, teríamos em primeiro lugar que saber o que é útil; aqui novamente a visão deles não se estende além de cinco passos. Eles não tem idéia de nenhuma grande economia que não saiba lidar com o mal.” Ingênuo era Nietzsche. Utilitaristas sempre foram muito oportunistas, isso sim:
Esta teoria imagina uma espécie de espectador imparcial que, por dispor de todas as informações, seria capaz de determinar, por um balanço de perdas e ganhos, qual a regra de maior utilidade - total ou média - para o maior número. É claro que o utilitarismo pode servir para justificar - em nome da justiça e por uma espécie de ardil do 'bem-estar geral' - qualquer sistema de opressão geral. RAWLS,  J., cit. LACOSTE, J.  A filosofia no século XX:  139
Não possuindo elementos para elidir a montagem newtoniana, os austríacos se propuseram a salvar, pelo menos, as relações humanas, apontando o desvio ideológico:.
Com a Escola Histórica, a ciência política tornara-se uma doutrina de arte para estadistas e políticos. Nas universidades e em anuais, reivindicações econômicas eram apresentadas e proclamadas como 'científicas'. A 'ciência' condenava o capitalismo, tachando-o de imoral e injusto. Rejeitava como 'radicais' as soluções oferecidas pelo socialismo marxista e recomendava o socialismo estatal, ou, às vezes, até o sistema de propriedade privada com intervenção do governo. Economia não era mais questão de conhecimento e capacidade, mas de boas intenções. MISES,  L., Uma crítica ao intervencionismo:  41
Infelizmente não obteve acato. Surpreendentemente os "erros crassos" estavam inseridos a priori, e de certo modo foram incorporados na praxeologia  austríaca graças à ética kantiana, socrática par excellence: Por volta dos fatídicos anos 30 a Escola Austríaca até estava implícitamente consagrada, mormente  em função do fiasco oferecido nos salões da mesma Viena pelo Positivismo Lógico, porém tardou ainda mais meio século para ser reconhecida.  Na vizinhança uma criança já ingressava na adolescência, mas além da incubadora ninguém dela tinha  conhecimento.
O abalo detonado em Zurique de 1917 na relatividade generalizada fazia rachar o edifício pré-racionalista onde se retinham os epistemólogos. Virado pelo avesso, o antigo espírito científico mostrava as suas costuras, as suas junções. Pois não devemos nos enganar: não há nenhuma relação de filiação nem de complementariedade entre a física de anteontem e a relatividade. Os fundamentos do newtonismo estão em Einstein na contracorrente da história. É com a famosa crise da razão que começamos a ver claramente. Não é muito exagerado dizer que o Nouvel esprit scientifique é a melhor das introduções ao “relativismo” kantiano, revolução coperniciana fossilizada por mais de um século de sedimentações professorais. BACHELARD, G., cit QUILLET, P. : 20
Graças ao zelo pelos humildes, no apelo social, a "ciência" marxista se imitia `pela baioneta justamente no mesmo ano, logo secundado pelos sparrings mais ou menos nazistas e fascistas. Essas costuras seguiam rigorosamente o molde newtoniano.
Com base num profundo e abrangente estudo da ciência, Lênin provou que os métodos do materialismo dialético, tal qual formulados por Marx e Engels, eram inteiramente confirmados pelo desenvolvimento do pensamento científico em geral e pela ciência natural em particular. TROTSKI,  cit. FADIMAN, Clifton org., :318.
"Moscou, o quartel-general do ateísmo, viu na Teoria da Relatividade incompatibilidade entre ela e o materialismo soviético fundamentado no marxismo.” (MONTEIRO, I., Einstein: reflexões filosóficas, 84.)
Na União Soviética, do tempo de Lenine, se fez grande silêncio sobre a teoria de Einstein, porque os pontífices do Governo haviam declarado que o átomo não podia ser dividido, por ser a base da matéria, e sem matéria não haveria materialismo, um dos pilares do comunismo. JOHNSON, 1990: 381
“Há muito estou convencido da importância de aprofundar a teoria das forças sociais que podemos comparar, em larga medida, às forças da dinâmica que agem sobre a matéria.” (SOREL, , G, Greve Geral Política: 195.) “É a Sorel que mais devo. O fascismo será soreliano”. (MUSSOLINI, B., cit. CHEVALLIER: 359))
Tivesse uim pouco mais de competência, ouso afirmar, e tinha tempo e elementos a tanto, a Escola talvez pudesse ter esvaziado até mesmo a II Grande Guerra, coincidentemente levada à cabo pelo  cabo austríaco, genuíno produto do Positivismo Lógico. Quando então, finalmente e ao natural, ela se tornou explícita, muito mais pelo fôlego perdido pelos adversários do que por mérito de sua difusão, ao invés de servir-se do mesmo veneno aproveitando o enorme manancial teórico, filosófico, epistemológico e probatório oferecido pelos gênios da física contemporânea, já em cartaz por meio século, para liquidar de vez com as imposturas que há século enfrentava praticamente sozinha, por fidelidade a sua mera, até prosaica praxeologia a Escola continuou açoitando o cavalo-morto, A Escola Austríaca justifica sua insistência apontando a permanência de clones, alhures. Isso é verdade, mas este trottoir muito se deve por causa do fraco armamento que ela utiliza no confronto, material  obsoleto frente as armas atômicas que pode dispor. O notável expert em  Teoria Quântica  que abiscoutou o Nobel de Física de 1954, foi categórico: "Max Born também escreveu, para dizer que não entendia como era possível conciliar um universo totalmente mecanicista com a liberdade da ética individual. 'Um mundo determinista é, para mim, um mundo muito aborrecido'.” (BRIAN: 374) Tem tudo a ver, pois não?
Diferentemente da mais novata, o método austríaco de  abordagem e amparo a priori  ainda não é assimilado, tomado apenas retórico, posto igualmente tratado ideológico, tanto quanto a disposição do venerado  Kant, que lhe fornece a luz.  Qual imperativo categórico baliza as ações dos demagogos sociais, psicopatas condottieris, se esses pastores-do pasto-verde querem mais é tosar as ovelhinhas para no fim venderem a carne a preço vil? O que menos lhes importa é a peculiar condição humana, e muito menos opiniões políticas ou econômicas.  Mas a ciência não pode ser negada, tampouco obliterada. O próprio ser humano é apenas uma configuração em waveform, .uma perturbação ondulatória no infinito mar da energia primordial. Nada lhe é definitivo, tudo se faz em movimento, Não pode haver imperaivo. A época imperial passou, há muito.
A visão keynesiana dos governos como benignos maximizadores de benefícios sociais está hoje desacreditada irremediavelmente.
SKIDELSKI: 148
Malgrado o louvável esforco da Escola, a derradeira consagração de Hayek, e o exitoso período experimental, cujo ápice se deu na queda do Muro de Berlim, o século XXI retoma a via-sacra. O neoliberalismo soa até mesmo ofensivo, forte para mudar o nome  dos partidos liberais, tanto quanto os finados comunistas.
Poderíamos dizer que a ideologia foi o mal do século - contra o qual foi difícil imunizar-se Entre as ideologias, o marxismo sem dúvida teve a estrutura mais perfeita e a influência de maior alcance, causando um impacto profundo em gerações de intelectuais. Liberalismo e nacionalismo também puderam ser transformados em ideologias, e se tornaram o pensamento e os valores promovidos por partidos políticos e nações. Caso venha à tona um conflito entre este ou aquele ismo e os interesses reais da política partidária, o partido acabará descartando a teoria, ou então os teóricos farão as revisões e reinterpretações apropriadas de acordo com as exigências da política real, o que leva a mudanças constantes naquilo que é conhecido como politicamente correto. Ideologia e literatura Nobel de 2000, Gao Xingjian, em 7/8//2011
O que vemos alhures  é a prevalência das mais velhas soluções,  regimes mais ou menos socialistas e fascistas, na verdade punguistas, tomando conta do salão. “E, ainda que o fascismo e o nacional-socialismo tenham sido destruídos enquanto realidades políticas na Segunda Guerra Mundial, suas ideologias não desapareceram e, direta ou indiretamente, ainda se opõem ao credo democrático.” (KELSEN, Hans, A Democracia: 14)
Mas por qual minerva essas hydras ainda conservam suas cabeças?  O Príncipe de Maquiavel  apontava a razão primordial: " A humanidade em geral sente-se inclinada a pôr os pés sobre as pegadas e imitar as ações dos outros. Um homem inteligente deve sempre seguir no rastro desses ilustres personagens cujas ações são dignas de serem imitadas: assim, se não puder igualá-las, pelo menos, em certa medida, assemelhar-se-á a elas."
"De fato, a partir do momento que somos os rebentos de gerações anteriores, somos também os resultados dos erros dessas gerações, de suas paixões, e mesmo de seus desvios." (NIETZSCHE, F., Da utilidade e do inconveniente da história para a vida: 46.)
Em pleno XXI, todavia,  passadas as mais funestas experiências do comunismo e do fascismo, do marxismo e do keynesianismo,  não restando sequer alguma política social alvissareira, em nenhum canto do mundo, renovo o questionamento. Ao que se deve tamanha desídia? 
É aí que mostraremos causas de estagnação e até de regressão, identificaremos causas da inércia às quais daremos o nome de obstáculos epistemológicos (...) o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização. BACHELARD, G., 1996: 170   
 Do lapso   
É necessário que a ciência mostre por fim sua utilidade! Ela se tornou nutricionista a serviço do egoísmo: o Estado e a sociedade a tomaram a seu serviço para explorá-la segundo seus fins. NIETZSCHE, F., O livro do filósofo: 30
Mal o pai de Zaratustra protestou, a ciência se emendou:
Em nosso século, o estudo da constituição atômica da matéria revelou que a abrangência das idéias da física clássica apresentava uma limitação insuspeitada e lançou nova luz sobre as demandas de explicação científica incorporadas na filosofia tradicional. Portanto, a revisão dos fundamentos para aplicação inambígua de nossos conceitos elementares, necessária à compreensão dos fenômenos atômicos, tem um alcance que ultrapassa em muito o campo particular ciência física. BOHR, Niels, Física atômica e conhecimento humano: Introdução.
"Este novo mundo pode ser mais seguro se for informado sobre os perigos das doenças dos antigos". (DONNE, John, An anatomic of the world - The first anniversary (1611). -cit. SAGAN, C., Bilhões e bilhões: 84). 
Hoje em dia todos nós estamos profundamente cônscios de que o entusiasmo que nossos precursores tinham em relação aos feitos maravilhosos da mecânica newtoniana levou-os a fazer generalizações nesta área de previsibilidade, na qual de modo geral talvez tenhamos tendido a acreditar, antes de 1960, mas que hoje reconhecemos que era falsa. Queremos nos desculpar coletivamente por haver confundido o público instruído em geral, fazendo-os acreditar em idéias sobre o determinismo de sistemas que satisfazem as leis de movimento de Newton, as quais, a partir de 1960, foi provado serem incorretas. COVENEY, P. & HIGHFIELD, R.,  242
Dessarte, se a própria ciência confessa seu mais grave e fatal equívoco, em qual rincão os pastores-do-pasto-verde encontrarão guarida, em que alvo podem projetar sua metafísica?  "Ora, nossas observações do mundo exterior, que nos conduzem à física, nos revelam um universo constituído de uma multiplicidade de sistemas ‘abertos’, todos em incessante interação com seu ambiente.” (BEN-DOV: 149)  "O mundo é uma rede complexa de inter-relações na qual as categorias de sujeito e objeto se fundem, embotando as distinções dualistas tradicionais. (FOWLER, D. R., Einstein´s Cosmic Religion 1979; cit. JAMMER, M.: 103
O ser humano é parte do todo, chamado Universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta seus pensamentos e sentimentos como algo separado do restante - numa espécie de ilusão ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão para nós, e nos restringe às nossas decisões pessoais e aos afetos por algumas pessoas mais próximas de nós. EINSTEIN, Albert, cit. LASZLO, Ervin, A Ciência e o Campo Akáshico: 56
"O aspecto decisivo da teoria quântica é que o observador não é necessário apenas para observar as propriedades de um fenômeno atômico, mas é necessário até para causar essas propriedades." (CAPRA, Fritoj, cit. ARNTZ, William: 66)
E se assim a Física se recondiciona, porque continuar a desprezá-la no campo humano, ainda mais que ela própria, na condição de humildade pela qual jamais deveria ter saído, ela mesmo recoloca o ser humano como prioritário no sistema Universal?  Até mesmo um  ultrapositivista  do quilate de Pontes de Miranda (cit. MOREIRA, Einstein e os positivistas do Brasil: 103) obrigou-se a trocar de camiseta, ainda conclamando:
O princípio da relatividade deve ser mais geral ainda - devemos procurar a diferença de tempo nas realizações biológicas e sociais, - o tempo local das espécies e dos grupos humanos. Isto nos poderá explicar muitos fenômenos que resistem às explicações atuais. Mas para conseguir tais fórmulas muito terá que lutar o espírito humano contra os preconceitos que o rodeiam e contra as obscuridades da matéria que irá estudar.
“O fato significativo é que estamos, agora, deslocando-nos para futuras formas poderosas de processamento de conhecimento que são profundamente antiburocráticos.” (TOFFLER, A., Powerxhift: 199)   No universo das Ciências Políticas, contudo,  a espetacular reversão científica permanece solene e orgulhosamente ignorada.
A idéia de que a política é por um lado uma luta, um combate entre indivíduos e grupos, pela conquista de um poder que os vencedores utilizam em proveito próprio e em detrimento dos vencidos e, por outro lado, ao mesmo tempo, um esforço no sentido de realizar uma ordem social em proveito de todos, é o fundamento essencial de nossa teoria de sociologia política. DUVERGER, MAURICE, Sociologia Política: 27
A Escola Austríaca não "parou nos 30" simplesmente porque tal definição temporal não faz o menor sentido quando aplicada à ciência econômica. Ora, a economia não é uma ciência "em evolução"; não existe esse negócio de "novas descobertas" no campo da ciência econômica. A economia é uma ciência apriorística, uma ciência que pode ser totalmente deduzida pela lógica, pelo raciocínio. Por definição, o método do raciocínio dedutivo da ciência econômica deve ser igual hoje ao que era há milhões de anos.  A verdadeira ciência econômica só poderá "evoluir" -- no sentido de passar de um estado para outro -- se toda a mente humana sofrer algum tipo de transubstanciação ou coisa assim, de modo que toda lógica do raciocínio humano seja alterada e os humanos passem a pensar de alguma outra forma que não pela razão -- algo que, obviamente, seria um retrocesso, um "acontecimento" involutivo. Qualquer leitor dos nossos artigos já deveria saber disso. Do Editor-Chefe de Mises Brasil - A pretensão do conhecimento
Caprichosamente a razão pleiteada lhe frusta o êxito
A viciosidade peculiar do racionalismo é que ele destrói o próprio conhecimento que possivelmente viria salvá-lo de si próprio... O racionalismo serve apenas para aprofundar a inexperiência a partir do qual ele foi originalmente gerado. GIDDENS, A.: 39.e
Por ignorar a insofismávell prova de sua certeza a Escola Austríaca de Economia, paradoxalmente, apenas contribui à insensatez megalomaníaca:
Por isso não é de estranhar que muitos universitários ainda imaginem Einstein como uma espécie surrealista de matemático, e não como descobridor de certas leis cósmicas de imensa importância na silenciosa luta do homem pela compreensão da realidade física. Eles ignoram que a Relatividade, acima de sua importância científica, representa um sistema filosófico fundamental, que aumenta e ilumina as reflexões dos grandes epistemologistas - Locke, Berkeley e Hume. Em conseqüência, bem pouca idéia têm do vasto universo, tão misteriosamente ordenado, em que vivem. BARNETT, O universo e o Dr. Einstein: 12
S.M.J., não lhe prejudicaria em nada, ao contrário, Eis o mais perfeito álibi às suas assertivas e postulações. O vasto campo pintado pelos conceituados pesquisadores contemporâneos de Kuhn a ,Lakatos, inclusive Feyerabend, Mandelbroth, além de Bachelard, claro, e especialmente Niels Bohr e mesmo Einstein, podem perfeitamente amparar, e de fato amparam as mais modernas teorias de  Economia, Política, Direito, Sociologia, e  filosofias de ética e  moral, claro. Se bem que é verdade que em sua trincheira há quem saiba bem manejar esses lasers, como Peter Boettke,|(Some Updates in the World of Austrian Economics | July 31, 2011 at 09:41 PM)
Se vamos continuar a nos apoiar na ciência para criar e gerenciar organizações, para fazer pesquisa e formular hipóteses sobre desenho organizacional, planejamento, economia (finanças), a natureza humana, e mudanças de processos, então deveríamos pelo menos nos apoiar na ciência de hoje. Deveríamos parar de procurar modelos na ciência do século XVII e começar a explorar o que aprendemos com a ciência do século XX. WHETLEY, M., Leadership and the new science. 
Nota

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