domingo, 11 de novembro de 2007

Santo Domingo

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NOS DOMINGOS os sinos substituem os apitos das fábricas. Eles dobram para embrulhar o crente. O dia também é de féria.
O desemprego no Brasil é um problema criminal. É conseqüência de desvio de astronômica cifra. Muitos acreditam que pela fé tudo se resolve. Os sinos reacendem as esperanças. Fazem supor que o crime e a mazela social, o infortúnio, a corrupção e a insolvência possam ser arrefecidos por cânticos, louvores e choramingas. O vale é de lágrimas, mas de nada tem valido. Credos e sacrifícios buscam a "nós o vosso reino", mas ele não sai do lugar. Dizem que a fé remove montanhas. Melhor um trator, então. Ela deveria tentar reaver, em vez de querer remover. O cume atinge 30 bi, nas Caymann.

Outros são curados por doenças terminais e agradecem com pagamentos de promessas e dízimos. Dali há dias, morrem de outra doença, ou até atropelados. O falecimento não é por falta de fé; mas ela interessa aos padres, às igrejas, aos pastores, aos colégios, banqueiros, contribuintes de campanhas, aos vigaristas, aos aspirantes e governantes.
A ovelhinha, periodicante tosqueada por toda essa gente, supõe que receberá seus créditos no outro mundo. Lêdo engano: no universo abstrato no qual ingressará, pelo que se saiba, não há comércio; portanto, não há contabilidade!
Antes de crer, mister conhecer; em vez de esperar, pró-dente movimentar. Não semeie para a vida eterna. Nela não há futuro: ela é presente, asseguro.

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