Mas nem são essas questões tecnológicas, primordiais tomadas como acessórias, que introduziram no ser humano o gen de sua própria destruição. Elas são apenas consequência. O vírus é antigo, simples, e sutil. Afirmo que TODOS os deslizes pelos quais padecemos - científicos, sociais, econômicos, filosóficos, sociológicos, psíquicos, políticos, antropológicos, equívocados ou deliberados, vem da fonte perfeitamente delineável:.
"Quando Deus determinou a ordem dos corpos celestes, tinha em mente os cinco sólidos regulares, famosos desde os tempos de Platão e Pitágoras até nossos dias." (KEPLER, J., cit.GLEISER, Marcelo, Criação Imperfeita: 65) "O Demiurgo de Platão, o grande arquiteto cósmico, transformou-se no Deus cristão de Copérnico." (Idem: 54)
A academia traçou o roteiro à Marte, por não amar-te. Sorry. A tanto ela separou a ciência, entendida como matemática, da filosofia, entendida dialética; e a coletividade, do indivíduo; e o Estado, da nação. E instilou a faina pela Justiça, como se fosse algo sublime mas definível, e viável. E mais do que isso, função de governo. Pode ser o contrário:
Elimine moral e leis,e as pessoas farão o correto.
TAO TE KING: 19
Mas isso tudo ainda não constituiu tão grande malefício quanto distinguir um ser humano partido: "A separação metafísica da alma e do corpo teve efeitos desastrosos sobre a filosofia."
(RUSSELL, B., Por que não sou cristão: 43) Mais do que apenas a filosofia, o desastre se abate à própria personalidade, em constante choque dos polos no cérebro dada vez mais desesperado, e de resto à ciência, ao convívio social, e ao próprio Universo, porque não?
Sim, pois na base da criação da necessidade de aniquilamento está a afirmação de que há um 'nós' e, consequentemente, um 'eles'. Esse processo se dá de forma lenta, cotidiana e concorrem para ele ações no campo da política, da cultura e da religião. Leis que separam e restringem os homens por sua ascendência ou cor, exacerbação de sentimentos nacionalistas e crenças religiosas usadas para a segregação são os caminhos para semear o infortúnio e transformar o medo em ódio GÓES, Moacyr, A divisão que segrega, 11/03/2010.
A armação freudiana
FREUD extrapolou a partitura: "O superego é um juiz malévolo, como seu inconsciente é um carcereiro obtuso: velando sempre tão zelosamente sobre seu segredo, ele acaba por designar o local onde se esconde. Sob o pretexto de liberar os complexos, as pessoas se enredam cada vez mais nos assuntos sociais, familiares." (BACHELARD, GASTON, cit. QUILLET, PIERRE: 61)
O acidente do mitológico ÉDIPO tornou-se atitude deliberada, "humana", coisa do
Id. A sentença do elevado juízo soberano, divino, do
Superego, remete o
scritp culposo para ato doloso, armando o conflito no âmago da personalidade:
Freud buscou inspiração na cultura Grega, pois a doutrina platônica com certeza o impressionou em seu curso de Filosofia. As partes da alma de Platão correspondem ao Id, ao Superego e ao Ego da sua teoria que atribui funções físicas para as partes ou órgãos da mente (1923 - 'O Ego e o Id'). No centro do 'Id', determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. COBRA, Rubem Queiroz - www.cobra.pages.nom.br/ecp-psicanalise.html
Nosso querido
EINSTEIN embarcou na quimera. Em que pese taxar
FREUD de "velho dotado de muita imaginação", o gênio permitiu que um filho se envolvesse nos emaranhados psicanalíticos, a ponto de
EDUARD (na foto) a perder a vida dentro de um cruel sanatório.
Já em 1932,
MARIE BONAPARTE ( cit. RODRIGUÈ, Emilio, Somos bicéfalos. - A Tarde: 5 - Salvador, 14/10/1995) enviou a
FREUD uma carta, preocupada com as sensacionais descobertas quânticas, completamente desconsideradas pelo homem do charuto: "Fiquei conhecendo aqui (Copenhagen) Niels Bohr que, como o senhor deve saber, é um dos mais proeminentes físicos de nosso tempo. Contudo, não posso aceitar um dos pontos de suas teorias sobre o 'livre arbítrio' do átomo. O átomo deve, agora, ser excluído do determinismo. " Ao que respondeu
FREUD: “O que a senhora me diz sobre os físicos modernos é realmente notável. É aqui onde a cosmovisão de nossos dias efetivamente está se realizando. Cabe-nos apenas esperar para ver.”
O que ele esperava já tinha sobejamente testado, há década. Mas só poderia lhe desmontar.
BOHR (cit. JAMMER, Max: 173) dissera ainda mais:
Além disso, o problema do livre-arbítrio, muito pertinente na filosofia das religiões, recebeu nova fundamentação, através do reconhecimento, na psicologia moderna, da frustração das tentativas de olhar a experiência, no que diz respeito a nossa consciência, como uma cadeia causal de acontecimentos, tal como originalmente sugerido pela concepção mecanicista da natureza.
Finalmente a lanterna ora parece acender: "A descoberta do mundo quântico, que tanto impacto teve nas ciências e tecnologias, ameaça agora envolver o 'etéreo' universo da psique."
(COVOLAN, Roberto J. M., Instituto de Física Gleb Wataghin, Unicamp, Consciência Quântica ou Consciência Crítica?)
Do outro grilhão da torre grega, da artimanha religiosa,
EINSTEIN também de plano poderia ter escapulido. Ele chegou a apreciar a concepção panteísta de
SPINOZA; porém, sua tradição religiosa era de tal modo arraigada que lhe deixou confuso, preferIndo assim renegar a Teoria Quântica:
"Em especial, não quis aceitar o papel do acaso."
(ZEILINGER, A.: 203)
O Grande Relativo travou memoráveis duelos com
BOHR. Quando
De Broglie,
Schrödinger,
Heisenberg,
De Pauli, Dirac, entre outros, incorporaram as brilhantes assertivas do dedicado dinamarquês,
EINSTEIN deu-se por rendido, mas se atirou à luta inglória de tentar unificar a Quântica com sua Relatividade, para mim duas faces da Lua. Os efeitos gravitacionais tão inteligentemente predispostos só podem se suceder através de um campo unificado, tapete, grade da propagação atômica. E justamente por respeitar a própria relatividade. as ondas atômicas apresentam variada freqüência e direção, conforme a incidência de outras ondas, até de remotos vetores eletrônicos. Por isso, com certeza, não há programação prefixada por nenhuma inteligência, por mais colossal que nossa imaginação possa conceber. O futuro se faz a cada instante, por cada um de nós, na unidade cósmica denominada EspaçoTempo.
Eis o protótipo que conduz aos impasses, aos labirintos, aos sentimentos de culpa, à insegurança, à despersonalização. "O ser humano tende a surtar, pirar ou nem sei que nome dar quando se sente desse jeito, afinal somos complexos, somos feitos a imagem e semelhança de Deus, somos trinos como Ele, não na exuberância de sua Santidade mas sim na composição de corpo, alma e espírito." (
Sandra Cajado,
Ritmo interior)
Separar a alma, que é a luz do corpo, razão e produção corporal, é o mesmo que querer separar a luz do Sol, definindo-a distinta do produtor. E o que dizer daquele intrépido que propôs e convenceu separar a própria alma, a mente em vários departamentos, comunicáveis entre si? Não seria um demente, que julga todos por sua imaginação aviltada?
As próprias partículas energético-atômicas fluem por ondas, de maneira que o exame parcial mutilará o fenômeno que se busca identificar, desse modo apresentando um resultado completamente estranho à verdade buscada.
Como não há santidade, tampouco desalmados, embora não poucos até mereçam esta adjetivação, o homem fica adstrito na corda bamba, tentando se equilibrar neste fio ardilosamente estendido em definidas fronteiras,
borderlines inevitavelmente invadidas.
Os de tendência mais tímida optam por um lado da gangorra, enquanto os mais destemidos ousam sentar no outro. Ambos, contudo, são açoitados pelos polos desdenhados, de modo que a mente se envolve em constante conflito, às raias da esquizofrenia. É o que vemos com os padres pedófilos*, à bombordo, e com corruptos e criminosos em geral, à boreste, perseguidos pela fúria retaliadora do remorso.
Examinando a mim mesmo, ó Sêneca, aparecem alguns vícios expostos tão abertamente que poderia segurá-los com a mão, outros ainda que não são contínuos, mas que voltam em intervalos intermitentes, os quais afirmo serem mais incômodos, como inimigos escondidos que atacam nas ocasiões mais oportunas, contra os quais não se pode estar tão bem preparado como na guerra, nem tão seguro como na paz... Rogo-te, pois, se tens algum remédio que possas refrear essa flutuação, para que me consideres digno de dever a ti minha tranquilidade. SÊNECA, Da tranquilidade da alma: 35/40
Não obstante, diante dessa moralidade espraiada, uma cultura tão unanimemente aplaudida, mas nem tanto praticada, o que temos em profusão são atos fictícios, falsos, hipócritas, cínicos, mas que, aos olhos em geral, encontram ressonância e acolhimento. Desse modo, a pessoa deixa de ser ela mesma, para ser aquilo que a tradição lhe aponta, que a sociedade em coro reza. Às favas a verticalidade, a sinceridade, a personalidade, a responsabilidade pessoal. O resultado é uma atrofia mental generalizada, um desperdício da enorme potencialidade do intelecto, da intuição, do feeling, da capacidade do ser humano em captar e ter consciência que ele próprio é apenas uma configuração em waveform, .uma perturbação ondulatória no infinito mar da energia primordial, e que portanto nada lhe é definitivo, tudo se faz em movimento, pelo qual ele se sujeita a ser ator, mas também se impondo como o próprio autor. Nenhuma oscilação, evidentemente, significa desligamento; ao contrário. O repuxo, a ressaca antecede e fortalece a onda.
Escuso interesse
"Pois séculos de dominação absoluta Cristã nos fizeram perder de vista que o mundo é muito mais iluminado do que ela quis fazer pensar. A Igreja foi a porta para o Absolutismo."
(LIMA, Márcio, O OCIDENTE: DA RELIGIOSIDADE AO ATEÍSMO NIILISTA. Assim como Newton formulou as leis fundamentais da realidade física, os filósofos e sociólogos, viajando na sua esteira, esperavam descobrir os axiomas e princípios básicos da vida social. Seu universal maquinismo de relógio converteu-se em modelo a partir do qual comparava-se o Estado com um mecanismo preciso, sujeito a leis, e retratavam-se os seres humanos qual máquinas viventes. ZOHAR, D., 2000: 23
Eis o mais vil motivo, real, para se operar a cisão já no núcleo do ser humano: "Com efeito, quase todos os vícios, quase todos os erros, quase todos os preconceitos funestos que acabo de pintar deveram seu aparecimento, ou sua duração, ou seu desenvolvimento à arte da maioria de nossos reis de dividir os homens para governá-los mais absolutamente!" (TOCQUEVILLE, A., 1997, cap. XII: 139)
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