sábado, 5 de janeiro de 2008

Nós,

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macaquinhos, somos mais evoluídos. Temos até rabo.
Eles ainda não.

A EVOLUÇÃO, para ser efetiva, requer ser abrangente, randômica, não apenas setorial, ou instrumental, como propunha nosso antigo turista do Beagle.
Darwin enxergava a natureza como produto de forças.
O resultado se vê no ambiente dilacerado. Pobre teoria, cientística, de método exclusivo.
A propagação de que “da guerra da natureza, da fome, da morte, forma-se o mais nobre objeto que somos capazes de conceber: a produção de animais superiores” o menos avisado pensaria ser publicidade nazista; porém, assim não o é. A eloqüência foi proferida pelo parente símio, nosso Charles.
A noção sobre a vitória do mais apto foi elemento chave tanto para o conceito marxista da luta de classes quanto à "filosofia" nazi-racista:
"Consciente ou inconscientemente o Mein Kampf, de Hitler, deve muito a Maquiavel, Darwin, Marx, e Freud." (R.Downs)
Darwin passou por boas tempestades. Se céu azul, ele poderia constatar a incrível velocidade de cruzeiro que imprimem as aves quando em alinhamento coletivo. Se estivesse no campo, poderia ver como chacais e até hienas traçam seus planos e os executam. Se nos pampas, veria uma cooperação além-fronteiras: na garupa do boi viaja um passarinho maroto, na função de vigia. Se a bombordo surgissem golfinhos, eles o colocariam por terra, isto é, pela praia.
À auto-organização, mister a autonomia. Por paradoxo, a liberdade é o fator agregador, portanto gerador: no nível das células (Humberto Maturana, Francisco Varela), no nível da família (a escola da terapia familiar de Milão) e no nível da sociedade (Niklas Luhmann).
Spencer se refere à evolução criadora, fruto de natureza psíquica.
A própria genética solapou com severidade o neodarwinismo, que depende do DNA como o mais importante mecanismo para estabilidade e transformação evolucionária. Descobertas recentes mostram que os próprios genes têm uma natureza fluída ou mutável. Na bactéria, o DNA pula para frente e para trás dos cromossomos, expandindo-se e contraindo-se, de modo que o próprio conceito de gen agora exige revisão.
Para o biólogo Stuart Kauffmann, um dos criadores da Ciência da Complexidade, a vida é um fenômeno que emerge devido à junção de órgãos individuais. Através do uso de simulações por computador, Kauffmann demonstrou que existe 'ordem de graça', uma cristalização espontânea de ordem nos sistemas dinâmicos complexos, sem a interferência do processo de seleção natural ou qualquer outra força externa. (Gleiser, I.: 59/62)
No Direito, o ultrapositivista Pontes de Miranda há muito soube por bem se render:
Onde quer que haja organismos, o que mais importa conhecer é o complexo 'organismo x meio'. Os próprios elementos dos organismos estão sempre e necessariamente em relação mediata ou imediata com o conjunto de outros elementos. A interação é o fato perene do mundo. Como, pois, limitar a aplicação do relativismo?
A Economia identifica o fractal, e daí ao trickle down: No capitalismo todos colaboram com todos. "O egoísmo capitalista acaba sendo, pois, tão solidário que parece o pregado pela Bíblia." (Mendoza, Montaner, & Llosa)
O futuro, já presente, desmonta o passado mal aferido:
"Quanto maior a economia mundial, mais poderosos são seus protagonistas menores e todos os grandes protagonistas estão diminuindo de porte." (J. Naisbitt)
"No primeiro semestre de 2009, enquanto as médias e grandes empresas eliminaram 150 mil vagas, as micro e pequenas criaram 450 mil postos de trabalho, segundo dados do Ministério do Trabalho." (Folha de São Paulo, 36/7/2009)
A estória de Adão & Eva é fruto da imaginação. O darwinismo, da increpação. Não me pergunte o quê colocar no lugar. A mim nem vem ao caso. Se o futuro é mais amplo do que o passado, que é delineável, portanto limitado, desisto do remoto.
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À Dedé, e sua querida família; e ao filho do Tatai. Dá-lhe Kiki.

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