terça-feira, 3 de novembro de 2009

A razão do conhecimento - Introdução


Durante seu desenvolvimento pelo pensamento grego, a filosofia da natureza enveredou por um caminho equivocado. Esse pressuposto errôneo é vago e fluído no Timeu de Platão. WHITEHEAD, Alfred North: 31
Dizem que da vida nada se leva, a não ser a vida que se leva. Concordo plenamente, mas o apelo parece impreciso, até meio confuso. Políticos, por exemplo, não necessitam nem mesmo levar suas próprias vidas, porquanto levados. Tirante o blague, levar "a vida numa boa" todo mundo quer, mas o arco oferece estreita margem à escolha do modo. Não poucos passam a vida inteira com grande sofrimento. Adianta levá-lo ainda mais adiante? Ademais, levando a vida em vagão luxuoso, a pé ou dormindo, que diferença pode ser apontada em sete-palmos de fundura? Seja chinês, ladrão, pigmeu ou nazista, todos se destinam à igualdade absoluta, pois não? Pois não! Embora tenhamos a sensação de "ingressarmos na Eternidade" por ocasião da morte, o eterno EspaçoTempo  não pode se dar ao luxo de excluir o presente,  Mas se invariavelmente nos mantivéssemos dentro de nosso amado corpo, que exige o tempo e também o espaço, como cruzaríamos assim, passado e futuro como se fosse tudo presente, como se não houvesse distância entre o nascimento e a velhice? Pois há um elemento permanente em nosso ser, até responsável pelo nascimento: chama-se DNA, fenômeno que tem como característica transformar memória em vida; por conseguinte, vida em memória,  O DNA não falha - espelha a mais pura verdade. E com ela, cada qual com a sua, cruzamos cantarolante qualquer segmento do EspaçoTempo como se fosse apenas baixar um site.  Agora cogite gastar a melhor parte da Eternidade enganado por aparências, pressuposições, elegendo valores inexpressivos e por exemplo mais candente desprezando as pessoas,  principais atores, ainda que meros coadjuvantes de seu script pessoal?  Com exceção da vida assim em vão, quando não prejudicial às restritas circunstâncias, qual bagagem ainda poderá lhe acompanhar ao reduto no qual seus sentidos já não tem a menor serventia? A única coisa que talvez possa se levar da vida não é pripriamente a vida que se leva, posto perecida, mas sim sua própria memória, concorda?  Ela composta na ignorância não me parece prudente, Eis o risco maior, pelo menos para mim. Por isso meu esforço quase obssessivo por seu brilho.
Só conhecemos uma realidade - a dos pensamentos. Como? Se isso fosse a essência das coisas? Se a memória e a sensação fossem os materiais das coisas? 
NIETZSCHE, F., O livro dos filósofos: 45
Eis a razão pessoal que me mantém antenado na teia do conhecimento, razão extensiva a quem nela encontrar nexo.
O remédio não está em nenhum cataclisma heróico, mas nos esforços individuais em direção a uma visão mais sã e equilibrada de nossas relações com nossos vizinhos e com o mundo. É na inteligência, cada vez mais disseminada, que devemos buscar a solução das doenças de que nosso mundo sofre. RUSSELL, Bertrand, Ensaios céticos: 53
Ora o senso comum resplandece na fartura de razões adicionais e convergentes. "O conhecimento e a capacidade tornaram-se a moeda global das economias do século 21, embora sem um banco central que imprima esta moeda. O que nos manterá caminhando para a frente será sempre nossa contribuição pessoal”.(THOMAS FRIEDMAN, THE NEW YORK TIMES)
* * * 
 Não rir nem chorar, mas compreender.
BARUCH SPINOZA (1632-1677) Tratado Político  
Damo-nos conta da passagem de um navio até mesmo sem enxergá-lo: basta reparar sua esteira. Ela propicia a idéia do seu tamanho. Alguém mais perspicaz traduz uma velocidade aproximada do cruzador, e cogita até mesmo sobre o percurso. A Terra e cada um dos embarcados deixamos semelhantes vestígios na estupenda viagem cósmica. Informamos tudo ao sistema. Somos formados pela incessante movimentação do EspaçoTempo, ao  tempo em que também alteramos os refluxos das microndas de todos os tempos..."Sabemos que o universo manifestado, que parece ser formado por objetos sólidos, é na verdade composto por vibrações, com os diferentes objetos vibrando em frequências distintas." (CHOPRA, DEEPAK, A realização espontânea do desejo: 124)   
Na rotina diária, nem sempre percebemos que tudo que existe é de certa maneira controlado por forças e interações invisíveis aos olhos. Nossa própria existência, do nascimento até a morte, é influenciada por essas forças. Elas controlam as menores partículas subatômicas e as grandes galáxias a bilhões de anos-luz de distância. OLIVEIRA, Adilson, Departamento de Física Universidade Federal de São Carlos
19/11/2008
- http://cienciahoje.uol.com.br/133058
Seria total insanidade ambicionar acesso a todos os átomos da estupenda teia,  e até inóquo, porquanto dinâmicos,  mas  esta impossibilidade não deveria restringir o homem a peregrino de suas próprias vísceras, No entanto, assim resignado  por um paradoxo este sim incompreensível, durante enorme lapso o ser humano renunciou à própria inteligência.  Além de complicado, o conhecimento era privativo de Deus, - portanto, inalcançável, e para nós desnecessário. A mais falsa modéstia, porque relacionada à ficção,  veio conjugada com seu exclusivo interesse em ser provido das coisas.: 
Platão, impossibilitado de compreender a realidade das contingências do mundo sensível, optou por construir um mundo perfeito a partir de suas próprias idéias, denominou-o, Hiperurâneo, mundo das formas perfeitas, eterno, habitat das almas que ele criara ao dividir o homem em corpo mortal e alma imortal.O mundo racional que Platão idealizara foi tão bem elaborado que Santo Agostinho (354-430 d.C.) adaptou-o ao cristianismo, e a exemplo de Platão criou duas cidades utópicas: a Cidade de Deus e a Cidade dos Homens .PLATÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DE SUA FILOSOFIA
Adão e Eva se meteram na enrascada, e por isso foram despejados. Que força poderia ser maior do que a Divina?
Deus - Casimiro de Abreu
Eu me lembro! Eu me lembro! - Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia,
E, erguendo o dorso altivo, sacudia,
A branca espuma para o céu sereno.
E eu disse a minha mãe nesse momento:
"Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver de maior do que o oceano
Ou que seja mais forte do que o vento?"
Minha mãe a sorrir, olhou pros céus
E respondeu: - Um ser que nós não vemos,
É maior do que o mar que nós tememos,
Mais forte que o tufão, meu filho, é Deus
A estória de que o conhecimento deveria ser vedado à razão humana caiu por terra quando Copérnico, Galileu, Kepler e Newton desafiaram a concepção pela sina de Pitágoras. Entretanto, ironicamente, o postulado fundamental acabou reforçado.  "No começo do século XVII, os matemáticos e astrônomos jesuítas do Collegio Romano eram reconhecidos entre as mais altas autoridades científicas." (FORTI, A. cit. MAYOR: 36)  Para conceber o regular movimento dos planetas em  dias e horas  Deus só podia ser o maior dos calculistas. Descobria-se a América; e acima de tudo, o método teológico. 
Foi a estrutura do mito judaico-cristão que tornou possível a ciência moderna. Porque a ciência ocidental se funda na doutrina monástica de um Universo ordenado, criado por Deus, que permanece fora da natureza e a governa por leis acessíveis à razão humana. JACOB, E, cit. JAPIASSÚ, H., Ciência e destino humano: 33
E  lá se veio novamente a civilização de roldão, desta feita em movimento uniformemente acelerado:
Agora demonstrarei a estrutura do Sistema do Mundo: todo o corpo continua no próprio estado de repouso ou de movimento uniforme numa reta, a não ser que seja impelido a mudar esse estado por forças que lhe forem aplicadas. A mudança de movimento é proporcional à força motriz aplicada e ocorre na direção da reta em que a força foi aplicada. Para toda ação existe sempre uma reação igual e oposta.  NEWTON, I., cit. ROHDEN, H.: 169
Feitos à Sua imagem e semelhança, como não querer sermos todos relojoeiros? Afinal desde há muito o pessoal já dera a  letra, lançando o desafio: "A sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se filósofos." (PITÁGORAS) 
Para Platão, a ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um "demiurgo" (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável (Pl. Ti. 26a). A visão platônica da origem do Universo também teve enorme influência na filosofia, especialmente na neoplatônica, no ocultismo e na teologia desde o século -IV até nossos dias.www.greciantiga.org
De acordo com a vox que se tornou populi, o procedimento do Grande Arquiteto do Universo se mostrava coerente, por ordenado, cadenciado pelos dias. "A matemática pura, mais do que qualquer outra disciplina, tornou-se aquele discurso vivo que Platão considerou a única forma de conhecimento." (FEYRABEND, 1991: 135)  O afã de aproximar-se de Deus leva todo mundo para o inferno: 
A idéia é originalmente devida a Platão, que, sem dúvida influenciado pelas concepções pitagóricas, foi o primeiro a afirmar que o círculo, cujas partes são todas iguais entre si, é por essa razão a mais perfeita figura geométrica, e, portanto, como os corpos celestes são eles mesmos perfeitos, o único movimento que lhes é possível é o movimento circular uniforme. A tarefa dos astrônomos a partir de então foi construir um modelo matemático que explicasse os dados observacionais da astronomia, e no qual os planetas seriam dotados de movimentos circulares uniformes. BEN-DOV: 19
No modelo proposto por Descartes e seguido pelo criador do Estado Leviathan , a geometria era a única ciência que Deus houve por bem até hoje conceder à humanidade. Retomava-se Galileu, para que a língua da natureza era a matemática. O pensamento moderno é assim marcado por este ritual do pensamento a que logo se opôs Pascal com o chamado esprit de finesse. A matematização do universo desenvolve-se com Newton e atinge as suas culminâncias em Comte. Respublica, JAM 
Ao dar start à Quântica. Max Planck redimiu a humanidade. Por ela tomamos ciência de que o Universo é composto por átomos; e assim, repleto de energia. Não são propriamente forças, pois, os fatores que regem nossa atmosfera, e tudo o mais. Ainda antes de findar o século a maçã retornaria flamante, já mordida e desejada até mesmo por ferrenhos cristãos, eis que imortalizada no genial emblema da orgulhosa Apple
O Universo  relaciona  tudo através de suas ondas, nada mais do que veículos informativos: 
É a informação - a informação como um fator real e efetivo que estabeleceu os parâmetros do universo em seu nascimento, e, portanto, governou a evolução de seus elementos básicos em sistemas complexos. LASZLO, Erwin: 21
Eis, mais uma candente razão para valorizarmos o conhecimento: usufruir das potencialidades oferecidas pela própria natureza. Em contraste, eis nossa cruel realidade, caprichosamente tecida: Desinformação é principal inimigo de vestibulandos
Cruel realidade
É necessário que a ciência mostre por fim sua utilidade! Ela se tornou nutricionista a serviço do egoísmo: o Estado e a sociedade a tomaram a seu serviço para explorá-la segundo seus fins. NIETZSCHE, F., O livro do filósofo: 30
Arvoramo-nos com "direito à educação". Ao Estado cabe a obrigação de provê-la. Eis mais um decisivo engano, e duplo, perspectiva apreciada pela própria ignorância. Desculpe a contundência. Comparo ao pedido de socorro de uma lebre à raposa, diante da ameaça do lobo. Ao Leviathan interessa apenas produzir peças à sua engrenagem.   "As pessoas são educadas para seguir uma carreira,não por amor ao trabalho e à criatividade, e os partidos políticos se tornam corruptos com as contribuições financeiras do grande capital... O valor da educação universitária não está em aprender muitos fatos, mas em treinar a mente para pensar". (EINSTEIN, A., cit. ISAACSON, W.: 513/312.) Que programação melhor convém do que tornar todos servis?  O Estado forma burros para puxar sua carroça! 
O que você diria hoje do grande número de estudantes que consideram o saber como meio utilitário, como um meio de se tornarem uma engrenagem na máquina econômica e social? Os estudantes da máquina de que você fala fazem o que lhes mandam fazer. Adultos construíram essa máquina, essa ratoeira, esse labirinto.Num labirinto onde os ratos se perdem, as pessoas não dizem, ao observá-los 'os ratos estão loucos'; dizem 'construiu-se um labirinto para deixar os ratos loucos'. Em muitos países, o ensino foi construído para deixar os estudantes não muito felizes. SERRES, Michel, De duas coisas, a outra; cit. DERRIDA, J.: 67  
Compomos a decantada sexta economia do planeta, mas a Nação padece nos fundamentos primordiais: "O Brasil ainda está nos últimos lugares da avaliação – 54º de 65 países – e a maioria dos estudantes não passou do primeiro em seis níveis de conhecimento". (ZH, 8/12/2010)
O que significaria educar? Mais uma vez o latim contribui. Educare, ou educere - significa "aquilo que de dentro", "o que propicia o desenvolvimento das faculdades mentais, intelectuais e supostamante até morais" de qualquer pessoa. Tipifico-lhe como uma energia que forma a matéria em função do Universo, A informação precede qualquer formação. "Educar exige daquele que ensina competências e habilidades específicas e inerentes ao tratamento humanizador, exige abdicação, paciências, compromisso, respeito e amor. (CARRARA, João Alfredo, Formatura: momento de fruição do conhecimento. - www.psicopedagogia.com.br/opiniao) Evidentemente o Estado não suporta nenhuma dessas premissas.  Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara! Poder-se-ia argumentar que não é o Estado quem vai educar, mas sim profissionais gabaritados a tanto. Mas quem forneceu a qualificação a esses abnegados profissionais? Quem os mantém? Quem paga, manda. E o que lhe interessa, além da mão-de-obra, da subserviência em maior ou menor grau, do trabalho que o educando realizará? 
As autoridades eclesiásticas foram substituídas por indivíduos (nem todos) que, em vez de utilizar o método testado e aprovado de queimar na fogueira, usam o poder das unversidades, das agências governamentais de fomento e da mídia de mentidade estreita. Essas pessoas em vez de ameaçarem a vida propriamente dita daqueles cientistas heréticos, ameaçam seu meio de vida demitindo-os, negando-lhes promoções ou nomeações, retendo o dinheiro de pesquisa, ridicularizando aqueles cujas idéias e projetos de pesquisa nãose encaixam dentro delimites aceitáveis. ARNTZ, W.,: 28 
A educação, a rigor, em qualquer cultura do mundo, não vem nem de berço, mas ainda na gestação. Começa pelo próprio DNA. Em seguida, o ambiente que ele detecta - a harmonia, o amor, o sentido de integração, as ondas emocionais que lhe envolvem. Ao nascer, sim, há uma interferência direta dos pais, e das pessoas que lhe rodeiam. Os primeiros anos são carregados pela cultura vigente em suas circunstâncias -  família, tradições, mitos, crendices, e muitas bobagens. No caso de faltarem pais, a tarefa se desenrola naturalmente no meio no qual a criança se insere, numa espécie de quase autoeducação, inadequado porque exige a experiência para comprovar o acerto, e a experiência costuma demonstrar o tamanho do erro, apenas. Seja como for, e talvez por causa disso tudo, todos exigem que o Estado complete a educação. Dessarte, até mesmo os melhores educados se submetem aos cursos, assim automaticamente, pela mais grossa ironia, ignorando tudo o mais. Sabe cada vez mais, sobre cada vez menos. Como o burro com viseiras. Cantarolantes, os ´privilegiados embarcam em vagões cuja locomotiva é o próprio Estado, ao destino interessante exclusivamente ao condutor. 
A ideia orientadora é ‘moldar’ os alunos para o mundo fabril que os espera, usando técnicas semelhantes a uma linha de montagem; salas de aulas isoladas e limitadas em recursos; mesas e cadeiras alinhadas em filas; o professor desempenhando a função de dono e empregador principal do conhecimento; e a apresentação da informação limitada aos livros-texto e do quadro negro duma forma linear e sequêncial.’ João Pedro Matos da Costa 
O taylorismo educacional produz enorme quantidade de peças com certificados de garantia de bons serviços à uma máquina que elas próprias ignoram como funciona, e para o quê funciona. Gente requer muito mais: 
Num mundo em que a grande maioria do trabalho pode ser feito por computadores, robôs e estrangeiros habilidosos de forma mais rápida e barata, ser um profissional mediano não é suficiente. É preciso ser mais arrojado, inventar mais, mostrar que consegue inovar. Portanto, nossas escolas têm uma tarefa árdua pela frente - não só melhorar a leitura, escrita e aritmética dos alunos, mas encorajar neles o empreendedorismo, a inovação e a criatividade. PINK, D., O cérebro do futuro. 
Se educar é informar, grosso modo encher o balão para que ele voe, o jato não pode visar apenas uma direção. Irá deformá-lo.
Como o próprio conhecimento é organizado relacionalmente ou na forma de hipermeios - significando que pode ser constantemente reconfigurado - a organização tem de se tornar hiperflexível. É por isso que uma economia de firmas pequenas, que interagem, reunindo-se em mosaicos temporários, é mais adaptável e, em última análise, mais produtiva do que uma outra construída em torno de uns poucos monolitos rígidos. TOFFLER, A;, Powershift,  250.
E o que leva a ignorância?
Só acarreta sofrimento. Por ela tomamos decisões que podem turvar não apenas o presente, como até mesmo o passado, ao se dispor mal interpretado, e o futuro, comprometido nos pedregulhos da equivocada jornada.
O conhecimento serve para antecipadamente divisarmos o que nos dá prazer, e o que devemos evitar para não causar a dor. Confrontamo-nos a cada passo com esse paradoxo, surgido de todos os quadrantes. A tarefa de previamente identificar os polos, antes de qualquer acolhimento ou rejeição, é o que move o processo evolutivo. Quanto mais conhecimento alguém detiver, mais chances terá de acertar. O contrário, obviamente, é implícito. Não obstante, redes neurais se desenvolvem como os músculos: caso ativadas, se ampliam; estagnadas, atrofiam.O conhecimento necessário para se agir com segurança, consciência, com liberdade sim, mas com toda a responsabildade decorrente dos conceitos e disposições escolhidas, deve ser o mais amplo possível - portanto,  irrestrito, holístico, globalizado, poliocular. 
O ser humano é parte do todo, chamado Universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta seus pensamentos e sentimentos como algo separado do restante - numa espécie de ilusão ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão para nós, e nos restringe às nossas decisões pessoais e aos afetos por algumas pessoas mais próximas de nós. EINSTEIN, Albert, cit. LASZLO, Ervin, A Ciência e o Campo Akáshico: 56 
Inteligência significa capacidade de interligar. O Universo é inteligente. A informação precede a formação e o transcurso de qualquer ente ou elemento.
Um pedaço de matéria, que tomávamos como uma entidade persistente única, é na verdade uma cadeia de entidades, como os objetos aparentemente contínuos em um filme... Ambos são apenas uma cadeia de eventos que têm certas relações interessantes uns com os outros. A física moderna nos permite dar corpo à sugestão de Mach e de James de que a 'essência' do mundo mental e do mundo físico é a mesma. RUSSELL, B., Ensaios céticos: 74
Evidentemente que no momento em que tentamos moldar a consciência de alguém, educar alguém, vamos dizer assim, estamos restringindo, por paradoxo, sua capacidade de interligação natural. Como bem diz nosso carro-chefe, cabe ao educador, tão somente, aguçar a curiosidade do pupilo, o senso crítico, e a capacidade de assimilação. Afinal das contas, educar significa proporcionar conhecimento. Como tal meta é impossível de ser completa, nem mesmo em pós-graduação, até porque evolutivo, como tudo, fica óbvio e patente que sempre caberá ao indivíduo ir se inteirar Mas o tema, propriamente, não é a forma se adquire o conhecimento, e sim a imperiosidade da sua absorção, ao nível máximo que se puder. "É o conhecimento do encadeamento causal que nos livra da crença no fatalismo." (JAPIASSÚ, H., Ciência e destino humano: 11) 
O conhecimento é o maior motivador. Se as pessoas tivessem noção do potencial de vida, do que os estados de consciência mais elevados. fora da vigília, do sonho e do sono ofereem à vida, e como será o mundo quando as pessoas viverem em consciência de unidade, elas se sentirão motivadas. A única razão pela qual não estamos motivados é porque não estamos expostos ao conhecimento. HAGELIN, John, cit. ARNTZ, W.: 126 
O emburrecimento carreado pela especialização
Não é suficiente ensinar a um homem uma especialidade.Através dela ele pode tornar-se uma espécie de máquina útil mas não uma personalidade desenvolvida harmoniosamente. A sobrecarga necessariamente leva à superficialidade. EINSTEIN, Albert cit. PAIS, Abraham, Einstein viveu aqui: 271
Visito a Wiki. O oráculo expressa o melhor do senso comum, e assim posso colher reais parâmetros às minhas teóricas e heurísticas considerações. O Delfos elenca vários tipos de conhecimento: Sensorial, Intelectual, Vulgar/Popular, Científico, Filosófico, Teológico, Intuitivo, e outras subdivisões. Um conhecimento adquirido por experiência pessoal, o empirismo, quiçá o mais marcante, o mais utilizado, até mesmo por cientistas, não aparece na tela.Entre esses, podemos invocar o saber histórico, cujo edifício oferece algumas boas soluções mas a maior parte necessita reparos, no fito de não  se repetir a falsa orientação. As pessoas mais "cultas" de hoje padecem uma ignorância histórica incrível. Ainda se maneja, por exemplo, temas políticos e sociais com o mesmo instrumental  e conceitos das priscas eras, através de palimpsestos mais ou menos subretícios..
Existiriam ainda inumeráveis formas e modalidades, se quiséssemos as fontes, entre as quais a tecnológica, mas principalmente a epistemológica, ou seja, a constatação de como foi produzido o conhecimento em voga, e as razões que levaram ao descarte do que se pensava científico. Presumo, entretanto, não vir ao caso, tanto quanto julgo temerário estabelecer fronteiras, delimitações ao incomensurável campo do conhecimento. 
A Universidade, por derivada de Universo, deveria oferecer o conteúdo que ela própria classifica superior, mas se limita ensinar práticas profissionais, dessartes localizadas. Como o trabalho é dividido entre os homens - a cada um correponde uma tarefa - ela trata de prepará-los através de especializações, faculdades per se excludentes. Assim formatada, ela pouco in-forma. Põe-se a nível médio, para não taxar medíocre, eis que o cérebro fica acima dos ombros. Sua academia é aquela invenção grega, e como tal prefere vários destinos, mas ao exigir a definição por algum, automaticamente o viandante descarta tudo o mais. Dessarte, ela tende a obstaculizar, obstruir o ingresso de dados mais remotos, cujos efeitos sempre serão incidentes, até mesmo nas mais peculiares esferas. Com toda esta arbitrariedade, a gregória ainda tem o desplante de ostentar a predisposição de universi. Ao nela ingressarmos, despedimo-nos de tudo o mais. A Universidade olvida o prefixo, e nada une; ao contrário, toca-lhe separar. "O mundo platônico não é um mundo de unidade, e o abismo que, de diversas formas, resulta dessa bifurcação, surge em inúmeras formas." ( KELSEN, H., 2001: 81:)  Diversidade ser-lhe-ia  título mais apropriado. 
Não é apenas o trabalho que é dividido, subdividido e repartido entre indivíduos, é o próprio indivíduo que é esfacelado e metamorfoseado em motor automático de uma operação exclusiva, de sorte a encontrarmos realizada a fábula absurda de Menenius Agrippa, representando um homem como fragmento de seu próprio corpo. MARX, Karl & ENGELS, Friederich, Formas pré-capitalistas da produção. - Rio de Janeiro: Escriba, 1968: 34 
Cabe-nos decidir pelo trilho que julgamos mais compatível, e assim descartamos tudo o mais. Se cotejarmos com o tanto desprezado, o que resta não faz jus à titulação. A academia não ministra conhecimento. Ao contrário, os programas demonstram o tanto que falta. 
É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivído; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles. BOHM, D., Totalidade e ordem implicada: 17 

Num jogo com bola não há elemento mais importante do que a própria. No entanto, se a câmera focá-la com exclusividade, ninguém entenderá nada do que se passa. Do mesmo modo, quando os vetores e o campo responsáveis pelo objeto de estudo são desdenhados, a conclusão dificilmente espelhará a realidade, que é abrangente, randômica, emaranhada por múltiplas influências. "Se todas as partes do universo são solidárias numa certa medida, um fenômeno qualquer não será o efeito de uma causa única, mas a resultante de causas infinitamente numerosas; ele é, como se diz com freqüência, a conseqüência do estado do universo um momento antes". (POINCARÉ, H., : 36 )
Dessartes, apenas se oferecem técnicas de aplicação limitada, ainda por cima discutíveis, marcadamente ideológicas: "A natureza pública da educação se afirma em função dos interesses do estado e do modelo econômico, como também por constituir eficiente mecanismo de ação política." (RANIERI, Autonomia Universitária. São Paulo: Edusp: 37)
Segundo esta concepção, o ser humano individual não é senão uma parte da sociedade de que ele é membro. O indivíduo existe para a sociedade e não a sociedade para o indivíduo. Por conseguinte, o que é significativo e importante, na vida humana, não é o desenvolvimento espiritual das almas, mas o desenvolvimento social das comunidades. Na minha opinião, esta tese não é verdadeira; sempre que tem sido considerada como tal e colocada em prática, tem produzido enormidades morais. A asserção de que o indivíduo é uma simples parte do todo social pode ser verdadeira quando se trata de insetos sociais - abelhas, formigas e térmites - mas é falsa quando se refere a quaisquer seres humanos que conhecemos. TOYNBEE, A.J., Estudos de História Contemporânea: a civilização posta à prova 217. 
A faina utilitarista obriga a criança a decorar fórmulas que, na melhor das hipóteses, serão aproveitadas depois de uns dez anos. Na pior, estarão obsoletas. Não por acaso o índice de evasão avança em escala aritmética. De todo modo, o Universo contém amplitude inalcançável. A gente na faculdade ingressa visando apenas o que interessa. Ela corresponde: "Os bens são adquiridos com dedicação; porém, não há empenho algum pela pessoa que os vai possuir." (ERASMO DE ROTERDÃ, De Pueris: 27)
Seremos consagrados vencedores se cumprirmos os preceitos de sobrevivência? Para uns e outros não havia dúvidas: 
A sociedade grega e romana se fundou baseada no princípio da subordinação do indivíduo à comunidade, do cidadão ao Estado. Como objetivo supremo, ela colocou a segurança da comunidade acima da segurança do indivíduo. Educados, desde a infância, nesse ideal desinteressado, os cidadãos consagravam suas vidas ao serviço público e estavam dispostos a sacrificá-las pelo bem comum; ou, se recuavam ante o supremo sacrifício, sempre o faziam conscientes da baixeza de seu ato, preferindo sua existência pessoal aos interesses do país. TOYNBEE, A. J.: 196 
Passados tantos massacres, cataclismas, e frustrações, talvez seja a hora de abandonar a loco motiva: "A visão materialista estabelece: mais dinheiro=vida melhor. Porém, tendo adquirido mais e tendo descoberto que o vazio permanece, a conclusão da premissa materialista está errada." (ARNTZ, W.: 30 )
Pois em todos os casos supra elencados, com exceção do ranço teológico, primamos por pautas de insetos e quadrúpedes: 
Nas sociedades dos irracionais (das abelhas, formigas, térmitas, etc.) a defesa da espécie parece ser o objeto soberano. Desinteressada e indiferente, mantém-se a comunidade, ante a sorte individual de seus componentes. Em verdade, nesses agrupamentos, os indivíduos são apenas partes de um todo e, em conseqüências, integralmente submetidos aos interesses da sociedade global. TELLES Jr., Goffredo, O Direito Quântico: 255
"A humanidade em geral sente-se inclinada a pôr os pés sobre as pegadas e imitar as ações dos outros. Um homem inteligente deve sempre seguir no rastro desses ilustres personagens cujas ações são dignas de serem imitadas: assim, se não puder igualá-las, pelo menos, em certa medida, assemelhar-se-á a elas. " (MAQUIAVEL, O Príncipe)
À criança, de fato, qualquer exemplo tem maior eficácia que uma explicação. Seu cérebro ainda não suporta concatenações. "Uma imagem vale por mil palavras," e os pais lhes ensinam mostrando os processos mais elementares. Já na adolescência, entretanto, há uma espécie de revolta contra o mundo, misturada com alta dose de insegurança, justamente porque o indivíduo se dá conta que lhe compete gerir as rédeas para onde lhe convém. Ele ainda não sabe ao certo se tamanha prerrogativa não lhe acarretará o próprio infortúnio, mas a dúvida lhe incita ao experimento. A relação da tentativa com o erro lhe faz crescer, mas o receio de alguma amarga repetição pode torná-lo arredio, e desse modo preferir embarcar numa carruagem, na cortesia do Estado, ou da religião, onde poderá viajar dormindo, ainda que desconheça o destino da benemerência.
A função das estatísticas, dos jornais, da publicidade indicam a certeza apenas pelo número de crentes. Tudo que é popular prevalece como verdade por retroalimentação. Até mesmo uma mentira, se repetida, assume crédito. Quando o anúncio indica o melhor hamburger da cidade, e para lá acorre a multidão, como duvidar da Vox Populi, a Voz de Deus? Pois resta, como de costume, convocar nosso artilheiro de proa: "O estudo da sociedade é tão precioso porque o homem é muito mais ingênuo como a sociedade do que como indivíduo." (NIETZSCHE, F., Vontade de Potência - Parte 2: 276 )
Os pastores bem conhecem a cartilha: "Por isso, um príncipe cauteloso deve conceber um modo pelo qual os seus cidadãos, sempre e em qualquer situação, percebam que ele e o Estado lhes são indispensáveis. Só então aqueles ser-lhe-ão sempre fiéis!". (MAQUIAVEL, N., O Príncipe, D' ELIA, Antônio: 15.)  A fidelidade a tão nobres ideais corresponde a alienação da própria existência. 
À Reversão
Nossa penetração no mundo dos átomos, antes vedado aos olhos do homem, é de fato comparável às grandes viagens de descobrimento dos circunavegadores... Essa descoberta, com efeito, gerou uma novíssima base para que se compreenda a estabilidade intrínseca das estruturas atômicas, a qual, em última instância, condiciona as regularidades de todas experiências corriqueiras. BOHR, N., Física atômica e conhecimento humano: 30 
Acredito que quem estiver entrando no caminho da iluminação será absolutamente impecável em tudo o que fizer. E por causa do medo da condenação? Não. Ou de punição de Deus, ou porque pequei e não alcancei o perdão? Não, não, não. Os verdadeiros iluminados verão que toda a ação tem uma reação com a qual eles terão de lidar, e se formos sábios, não faremos coisas que nos levarão a ter de enfrentar resolver e equilibrar isso em nossa alma mais tarde. Esse é o verdadeiro critério. LEDWIN, M., cit. ARNTZ, W.: 203 
Apreciações holísticas, no mínimo binárias, interativas, delineam o mosaico pelo qual escolhemos a realidade querida. 
Buscando metáforas nas ciências físicas, mas também biológicas, a ciência econômica só tende a ganhar e evoluir, mudar, buscar novos territórios e crescer, perder a inocência. De fato, existem diversas indicações de que a economia, como ciência, vem perdendo o rígido senso determinista e que o pensamento positivista vem se enfraquecendo, dando espaço para uma abordagem menos mecanicista, mais orgânica. GLEISER, I.: 117 
O estudo integral é mais humano, porque não vivemos só em busca de alimento, moradia e saúde. O mapa à vida requer ser unificado, menú de superposições, diz-se por vários cenários, no fito ensejar o indivíduo colapsar o reduto de melhor conveniência a si próprio, e a quem lhe rodeia. Como na quântica.
Acredito que quem estiver entrando no caminho da iluminação será absolutamente impecável em tudo o que fizer. E por causa do medo da condenação? Não. Ou de punição de Deus, ou porque pequei e não alcancei o perdão? Não, não, não. Os verdadeiros iluminados verão que toda a ação tem uma reação com a qual eles terão de lidar, e se formos sábios, não faremos coisas que nos levarão a ter de enfrentar resolver e equilibrar isso em nossa alma mais tarde. Esse é o verdadeiro critério.  LEDWIN, M., cit. ARNTZ, W.: 203
Não parece até a melhor razão?

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