domingo, 30 de setembro de 2012

Brasil repete retórica sindicalista perante a ONU

Tanto quanto somos obrigados a assistir  rosários de mirabolâncias e iniquidades no horário eleitoral, na sofrível performance de desqualificados brasileiros, os líderes e mais qualificados intelectuais das nações mais uma vez sacrificaram a paciência na abertura da Assembléia Geral da ONU  ouvindo a intempestiva cantilena da representante-mor dos desqualificados. 
A presidente abriu a Assembleia Geral da ONU e deu uma bronca nos países ricos. Disse que eles têm de dar mais estímulos, não só austeridade. Citou o Brasil como exemplo, mas os números mostram que o país não é: este é um ano de baixo crescimento e a inflação está num nível que nenhum país desenvolvido aceitaria. notícias da semana
A dialética, a animosidade costumeiramente exposta pela plêiade visa camuflar a mediocridade de suas gestões. É certo que a artimanha argumentativa ainda logra algum êxito no meio doméstico, sobretudo porque coberta por suspeitos índices de aceitação, e de resto entre (algumas) nações subdesenvolvidas; mas é profundamente lamentável que o costume de culpar estrangeiros por nossas mazelas ainda seja a única receita, refrão da sofreguidão. Pior ainda por se tratar de apanágio, cujo flagrante  motivo já se faz evidente até mesmo entre compatriotas, que dirá entre mentes bem mais desenvolvidas.
Se tudo seguir o curso normal, a indústria brasileira estará mais fraca do que hoje, quando o mundo sair da crise. Se caprichar um pouco mais, o governo poderá abalar também o agronegócio, o segmento mais competitivo da economia nacional. A culpa, como nos bons tempos, será das potências estrangeiras. Esse discurso faz sucesso de novo. Economia sentimental Rolf Kuntz 
Não faz muito tempo nossa destemida presidente suplicou por vagas nas universidades americanas, não se furtando em fazer visitas a diversos campus. Não tenho idéia que tipo de retribuição poderíamos oferecer em troca do enorme manancial de conhecimento pleiteado junto ao colosso, mas o Eua prontamente abriu as portas de seus melhores educandários e universidades a nossa gente. No entanto, através da ONU, S. Exa se arvora em querer ditar a política econõmica, social e internacional do mais exitoso país da face da Terra, de todos os tempos, não se dando conta do seu inditoso papel. Dilma não mediu palavras ao acusar o Eua de "usar a expansão monetária de forma espúria, prejudicando os países pobres." A desnecessária adjetivação equivale a taxar a atitude bastarda, nada menos do que isso. Desemprego nos EUA chega a 7,8%, menor nível em três anos
Eis a resposta que levou publicamente do FMI. em Tóquio: "As economias emergentes deveriam preservar ou flexibilizar suas políticas como corresponder para facilitar uma resposta aos golpes adversos e apoiar o crescimento."
Dilma prima por distorcer a verdade, para justificar atos ainda menos recomendáveis. Como "represália' ao quadro pela presidente pintado o Brasil eleva as tarifas alfandegárias a patamares quase impeditivos ao comércio internacional, "medida que se impõe para preservar empregos e empresas nacionais" frente à situação cambial provocada pelo gigante. Nada de novo no front:
O governo continua agindo de forma improvisada, criando ou ampliando barreiras e, ao mesmo tempo, tomando medidas de alívio fiscal para setores selecionados. Nada se tem feito para tornar mais eficiente o conjunto da economia. Estratégia de longo prazo requer medidas politicamente complicadas, empenho, disposição para trabalhar e muita paciência para negociar com parlamentares e governadores. Nenhuma dessas virtudes tem sido exibida pelo governo federal nos últimos nove anos. Editorial do jornal Estado de São Paulo, 27/03/2012


O presidente do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve), Ben Bernanke, contudo, assegura que as medidas do BC não prejudicam o valor do dólar, posto como objetivo justamente fortalecê-lo.: "Não vejo nenhuma inconsistência entre nossas decisões e a manutenção do dólar forte". "Reparem: se tudo correr bem, as famílias americanas vão torrar algo como US$ 10 trilhões neste ano. Comprando casas, como espera o Fed, pagando serviços, mas também importando mercadorias do mundo todo, inclusive do Brasil." (Os dólares do ‘seu’ Jacques. E os de Dilma) De qualquer sorte, a modulação do valor nominal do dólar é de competência e responsabilidade exclusiva do governo norteamericano,, do mesmo modo que o Real cabe ao Brasil calibrar, sendo bizarra qualquer crítica estrangeira. O mesmo não ocorre, todavia, com o comércio internacional, praticado por empresas, e não por governos, fato que per se demonstra o caráter deletério de qualquer interferência governamental, ainda mais como retaliação. "A política econômica do governo Dilma, que pretendia graus cada vez maiores de flexibilização, apresenta agora vários pontos novos de rigidez e de estrangulamento." (Engessamento) “A justiça do trabalho acha que o empresário é explorador de mão de obra. O aparato tributário e fiscal acha que ele é sonegador”, (Pouco a comemorar no Dia da Pequena Empresa: Tributação asfixia empresário)
Superávit comercial em setembro cai 31,8% ante o mesmo período de 2011
A política comercial brasileira parece ter pelo menos três patronos: o Barão de Itararé, Stanislaw Ponte Preta e Nelson Rodrigues. É uma mistura do Febeapá, de Ponte Preta (o 'festival de besteiras que assola o País'), com o 'de onde menos se espera, é daí mesmo que não sai nada', de Itararé, gerando as 'lágrimas de esguicho', de Nelson Rodrigues.  Política comercial deplorável
"A solução para a competitividade brasileira não é aumentar a altura do muro, mas baixar as ineficiências que temos." (Medidas protecionistas são 'paliativo', diz ex-ministro) 
Além de mais uma vez S. Exa. revelar plena inaptidão diplomática, olvida que, diferentemente do que acontece com nosso petit e hermético comitè, a política monetária norteamericana jamais pode ser exercida pelo Executivo sem a anuência do Capitólio. De fato, o câmbio tem prejudicado sobremanera a economia do Brasil - provavelmente mais do que em qualquer época anterior.  Isto se deve, contudo, exclusivamente ao próprio governo brasileiro, que mantém uma valorização fictícia do real, às custas de um enxugamento monetário nunca antes experimentado neste país. A circulação da moeda nacional é restringida ao máximo, com diversos expedientes, aí sim, espúrios, bastardos, safados. Em primeiro plano desponta a retirada de uns trinta por cento dos depósitos bancários a título de depósito compulsório, estocando-os em dolar sob a rubrica de "Fundo Soberano". Agiria o Eua dessa maneira? Tio Sam compraria o Real, ou mesmo o Euro para manter a valorização do Dólar? Divertido, não? Somando-se a maior taxa de juros de mundo, e os mais altos impostos do mundo, temos aí uma escassez monetária que eleva o valor nominal do Real .O peso dos impostos
Todas essas manobras são do conhecimento público, de modo que o Eua tem bem presente que a reclamação brasileira é por completo descabida. Onde está o dinheiro?
Vimos o excelente negócio que realizam as corporações privadas ao investirem em campanhas políticas. Investimento de alta rentabilidade. E vimos como rende obter do governo uma gigantesca fonte de transferências chamada Selic, ancorada numa instituição legal chamada Conselho Monetário, e com uma proteção ética de ganhar tanto dinheiro em nome de se proteger o povo da inflação. As melhores apropriações se fazem com elevado espírito ético. Estamos falando aqui em algumas centenas de bilhões de reais desviados do processo produtivo. Volumes de deixar pálido qualquer jurista, sobretudo se lembrar do capítulo da Constituição sobre a ordem econômica e financeira. A taxa Selic explicada a nós, os otários
"O país que está listado em 152º lugar no ranking do Banco Mundial por seu desajeitado e pesado sistema de impostos está dando conselhos sobre impostos restritivos e políticas cambiais." (Financial Times) Por que a Coca-Cola e o litro de leite no Brasil custam mais em Belo Horizonte do que em Miami, onde a renda média é 328% maior que a da Grande BH? E como o pão por aqui consegue ser mais caro do que em Moscou, cidade onde o custo de vida é reconhecidamente alto? O Big Mac em BH também é mais caro do que em Hong Kong.”  (Presidente do IBPT critica concentração de impostos no consumo)
Os impostos no Brasil - com uma gigantesca carga tributária indireta, embutida nos preços de toda a cadeia produtiva, o que gera impostos em cascata - são ainda maiores que aqueles que Obama planeja implementar. O intervencionismo estatal no país é verdadeiramente horrendo. ROCWELL, Lew, As ideias são mais poderosas que exércitos.
Se o Brasil entende que o dólar está desvalorizado, ou seja, que o real está por demais valorizado, basta devolver à produção a apropriação indébita do montante extraído a manu militaire sobre os depósitos mencionados.
O protesto da dona Dilma faz os americanos rirem, como riem do avestruz que, escondendo a cabeça, supõe-se inacessível à visão do predador.
A presidente da República está longe de ser a única a dar aulas de “boa governança”, como se diz hoje, aos países ricos – e só a eles, claro, porque dar conselho a país pobre não tem graça nenhuma. O que há em comum entre eles é que pouco ou nada de útil resulta de todo o seu palavrório pelo mundo afora. Aulas para o mundo’, um artigo de J. R. Guzzo
As contas da estagnação
Mas seria a Assembléia Geral da ONU o forum,  o momento adequado a protestos comerciais especificamente contra o Eua? Evidentemente, não. O mundo passa por perigosas instabilidades - a convulsão européia, a revolta árabe, os impasses entre Taiwan, China e Japão, a conduta tirana da Rússia perante satélites ainda cativos, e mesmo a infindável miséria africana, terreno propício a cruéis governantes. O Brasil, ao invés de se colocar em interação solidária com as intempéries, prefere tentar carrear a simpatia da maioria das centenas de nações atacando a mais rica - como se aquela riqueza fosse fruto de pilhagem ou exploração dos pobres - velho ranço marxista que levou o mundo à mais completa insanidade durante todo o século recém findo. Os fatos sepultam a chance de êxito do discurso. São raros os chefes-de-estado que apelam à falácia. Primeiro foi a U.R.S.S. a condenar o capitalismo, promotor da "desigualdade social". Lenin, Stalin e os seguidores se encarregaram de tornar todos iguais, impedindo qualquer um de progredir. Por ocasião da II Guerra foi-lhe dada uma chance de ombrear, pelo menos aprender com a sociedade mais civilizada com quem foi vitoriosa. O que vimos? O crescimento da hostilidade, a ponto de manter o mundo em suspense por quase meio século. Puro blefe.Como o Brasil viu o mundo à beira do abismo nuclear, em outubro de 1962
E veio Cuba, paradisíaco logradouro turístico, transformado em reduto de treinamento de guerrilha. O que se vê?  Até mesmo as tão apreciadas medalhas olímpicas trocaram de mãos. 
Havana recentemente passou Bangcoc como “capital do sexo infantil no mundo”. Possui ainda as maiores taxas de suicídio e aborto da região, fruto da miséria e do desespero. Isso apesar dos mais de US$ 100 bilhões de subsídios que a antiga União Soviética mandou para Fidel. Chávez assumiu a mesada, mas fica tudo concentrado na “nomenklatura” escolhida pelo Líder Máximo. Castroländia
Rodrigo Constantino
Ultimamente, com o Brasil vem a leva - Venezuela, (Venezuela: Una manera de gobernar para empobrecer a los países ricos Argentina, (A dama do antagonismo) Bolívia, Equador (Ecuador: De la democracia a la dictadura). O gurú da politicalha sulamericana finalmente alcança a proeza de unir  a Venezuela inteira contra si. Os venezuelanos superlotam as avenidas de Caracas em protestos. Mal-informados, e pessimamente intencionados,  os parceiros vizinhos ainda torcem pela vitória de Chávez. 
De outro lado vemos Chile, Colômbia, e Uruguai em vôo de brigadeiro, escudeiros da águia. Un legado de libertad: Milton Friedman en Chile  O que diverge, o contraste entre os países ricos e os pobres pode ser aferido pels certeiras escolhas políticas, sociais e econômicas na trajetória daqueles, e pela estupidez desses. Os pobres tem chance de melhorarem seu padrão associando-se aos ricos, não lhes hostilizando, por certo critério que levou nossa presidente a solicitar vagas acadêmicas não apenas no Eua, mas agora também no Reino Unido. Consciência da mediocridade ou mais um rasgo de falsa humildade, à contemplar demagogia de pelego? Pelos dados e carências bem se pode supor o valor que se dá à formação dos cidadãos: Professor brasileiro é um dos mais mal pagos do mundo
Deputado Tiririca quer criar 'Vale-Livro' e 'Bolsa-Alfabetização'
Do mal paranóico-protecionista sói padecer até mesmo a França;
Estamos sofrendo a intolerável concorrência de um rival estrangeiro que, ao que parece, se beneficia de condições muito superiores às nossas para a produção de luz, com a qual ele inunda completamente o nosso mercado nacional a um preço fabulosamente baixo. No momento em que ele surge, as nossas vendas cessam, todos os consumidores recorrem a ele, e um ramo da indústria francesa, cujas ramificações são inumeráveis, é subitamente atingido pela mais completa estagnação. Este rival, que vem a ser ninguém menos que o sol, faz-nos uma concorrência tão impiedosa, que suspeitamos ser incitado pela pérfida Inglaterra (boa diplomacia nos tempos que correm!), visto que tem por aquela esnobe ilha uma condescendência que se dispensa de ter para conosco. Pedimos-vos encarecidamente, pois, a gentileza de criardes uma lei que ordene o fechamento de todas as janelas, clarabóias, frestas, gelosias, portadas, cortinas, persianas, postigos e olhos-de-boi; numa palavra, de todas as aberturas, buracos, fendas e fissuras pelas quais a luz do sol tem o costume de penetrar nas casas, para prejuízo das meritórias indústrias de que nos orgulhamos de ter dotado o país - um país que, por gratidão, não poderia abandonar-nos hoje a uma luta tão desigual .BASTIAT, Frédéric
O que me pareceu mais evidente, contudo,  é a preocupação de nossa presidente em justificar o protecionismo não àquelas nações, posto as grandes já se acostumaram com medidas restritivas dos subdesenvolvidos, ou então que não mantém linhas comerciais de grande importãncia com o Brasil, mas internamente, vez que as chamadas tarifas alfandegárias significam ainda mais impostos às empresas e aos cidadãos brasileiros. As barreiras, por setoriais, parecem reservar mercado àqueles contribuintes do caixa 2, os 'investidores de campanha', isto sim, às custas de todos nós:
Políticas baseadas em favores fiscais para setores selecionados e muito protecionismo continuam sendo a regra. O governo classifica esse jogo como política industrial. De vez em quando as autoridades, como se cumprissem um ritual, mencionam a busca da competitividade como um de seus objetivos. Mas a prática mostra algo muito diferente. O enfoque setorial continua dominante e a lista dos beneficiados simplesmente se amplia de acordo com o poder de pressão dos vários grupos. As chamadas políticas horizontais - dirigidas para o conjunto da economia - continuam quase totalmente ignoradas. O 'pas de deux' da economia
Isto é o que tem levado o país a apresentar um PIB cada vez menor, a ponto de se vaticinarem índices até mesmo negativos para o vindouro. De qualquer sorte, a palavra de nossa presidente gerou um desconforto, uma antipatia de tal modo generalizada que vários países da Europa, Austrália, Eua e Japão articulam uma ação conjunta para colocar o Brasil nos eixos. O Itamaraty não vê problemas nas críticas e se dispõe a esclarecer. "Vemos com muita tranquilidade esses questionamentos. As decisões brasileiras foram tomadas no rigoroso cumprimento das regras da OMC", disse o porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes. "Não temos dificuldades em explicar." Para o Itamaraty, nos dois casos que serão questionados, a decisão do governo é justificável pela necessidade de desenvolvimento da indústria nacional." É de se procurar esta "indústria nacional", posto o país ser dominado por multinacionais.na verdade o governo desde há muito o governo não tem o menor compromisso com a produção, mas sim com a especulação,  com aumento de arrecadação;
Se necessário, se as entradas de fluxos forem ainda mais fortes, nós temos (a opção) de impostos de capital de curto prazo que podem (ser introduzidos), disse Mantega a repórteres durante conferência organizada pela revista britânica The Economist em Londres. Nós adotaremos novas medidas em termos de taxação de operações financeiras, acrescentou.  
Sequer com todo o marketing empregado, os trombeteiros já não encontram a menor credibilidade entre os povos: "A relevância do Brasil na arena internacional é menor na prática do que sugere sua presença na mídia internacional." (Iliana Olivé, pesquisadora do think tank espanhol Real Instituto Elcano http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/instituto-millenium/)
Tenho a impressão que a contumácia em discursar sobre o sexo dos anjos, enquanto o mundo arde em chamas, levará o Brasil  a perder a prerrogativa, o privilégio de abrir o mais importante conclave das Nações Unidas.
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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

OAB & Geocentrismo

O que é considerado sagrado para uma religião deve ser respeitado por outros credos. Para comissão da OAB, proibir filme ofensivo ao Islã é correto 
As conseqüências do analfabetismo científico são muito mais perigosas em nossa época do que em qualquer outro período anterior. SAGAN, C., O Mundo Assombrado pelos Demônios: 21
Embora o governo obrigue os pais a colocarem os filhos na escola, o certo é que ele não tem capacidade de retirar ninguém da santa ignorãncia sem o consentimento da pessoa. Cada qual tem o direito de trilhar o caminho que melhor lhe aprouver.
'A ignorância acabou levando os portugueses ao outro lado do mundo', resume Cliff, descrevendo os horrores pelos quais passaram os homens de Vasco da Gama. O comandante não foi capaz de deixar a Índia quando decidiu partir. Seus homens morriam como gado, com pernas e coxas gangrenadas e gengivas infectadas. 'Eles tiveram mortes terríveis, mas acreditavam, como o comandante do navio, que eram cruzados de Cristo'. Esse sacrifício os livraria da mancha do pecado', lembra o autor, relatando o cotidiano nessas naus dos insensatos, em que fungos tóxicos contaminavam o pão, provocando vômitos e diarreia, e vermes corroíam os traseiros dos navegantes, que inutilmente tentavam se livrar dos bichos lavando o ânus com limão. 
Todo santo dia a tv exibe centenas de alegres vítimas dos estelionatários espirituais, exímios psicólogos em exercício charlatão.. Embora conserve lá minhas ressalvas, o certo é que a democracia, o estado de direito, a configuração do estado laico não permitem a interferência oficial, mesmo sendo aqueles fiéis mais parecidos com as velhinhas compradoras de bilhetes premiados. A tolerância do Leviathan permite os mais estapafúrdios credos, com exceção daqueles que maltratam animais, mas nem tanto assim, também. SP tem 'Marcha pelos Animais' neste sábado O que se pode de melhor buscar é o discernimento das gentes, mas se até recentemente propugnava-se pela permanência dos crucifixos dos tribunais, como esperar que curriculos educacionais questionem a irracionalidade? Para completar, esses que andam por aí recebendo dinheiro do povo em troca do pensamento religioso, ainda que denunciados de várias maneiras, permanecem gozando do exuberante sucesso financeiro. Os embaixadores da divindade tomam conta de inúmeros estabelecimentos comerciais de comunicação social - rádios, jornais, tvs e sites de vários matizes -  chegando ao ápice de ocuparem várias cadeiras não somente no Congresso Nacional, como até mesmo no Executivo, onde despontam ministros guindados na esteira do vice-presidente da gestão passada. Inversamente proporcional, apura-se o insólito: segundo pesquisa Gallup, por 114 nações, quanto mais religiosos são os habitantes de um país, mais pobre ele tende a ser. (Estadão, 27/9/2010) 
'Toda ofensa feita ao profeta é cutucar a lembrança do estatuto de inferioridade no qual se encontra, desde o século 19, o mundo árabe-muçulmano em relação ao Ocidente.' É quase uma regra: qualquer suscetibilidade extrema é o sinal de uma fragilidade interna. Em outras palavras, a facilidade com o qual eu me sinto ofendido revela que eu mesmo devo concordar, ao menos em parte, com a ofensa que recebi. Protestos muçulmanos
Os raros esforços para desmascarar os santos, todos do pau-oco, devem ser classificados como preconceituosos, expressões de intolerãncia religiosa, ou a intolerância religiosa é justamente a resistência dos hipócritas e de seus subservientes em manter segura a máscara pela qual usufruem a vida às custas dos ingênuos, estes sim, condenados ao árduo trabalho diante da desobediência no Paraíso?
É aí que mostraremos causas de estagnação e até de regressão, identificaremos causas da inércia às quais daremos o nome de obstáculos epistemológicos (...) o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização. BACHELARD, G., 1996: 170
Até o século XVI, portanto, por milhares, para não dizer milhões de anos, todas as gerações, inclusive as de Jesus & Maomé, asseguravam a existência de Deus apenas apontando o óbvio, o visível, testemunhável, insofismável. Há muito o carma já garantia:
Para Platão, a ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um "demiurgo" (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável (Pl. Ti. 26a). A visão platônica da origem do Universo também teve enorme influência na filosofia, especialmente na neoplatônica, no ocultismo e na teologia desde o século -IV até nossos dias. www.greciantiga.org   
Bastava olhar ao céu para se constatar não só a grandeza do Criador, como o enorme carinho e respeito que ele tivera com seus filhos. O periódico desfile do Sol, da Lua, das estrelas, dos cometas, de todos os astros, enfim, reverenciavam o morador do centro do Universo, o elemento mais importante da estupenda Criação. Nem Maomé tampouco Jesus alertaram para a grave heresia científica, de modo que é de se pressupor que também fossem vítimas desse maior engano da civilização. Ai de quem ousasse confrontar tão notável realidade - era tido como louco, dominado por algum demõnio, arruaceiro, quem sabe, subversivo. Criminoso.  Sempre defensora da moralidade, do espírito público, e dos bons costumes, a OAB Florentina afirmava categoricamente que qualquer manifestação que ofendesse a milenar concepção deveria merecer o repúdio das autoridades. Questão de fé; e por consequência, de justiça. Onde já se viu colocar em xeque não somente a crença dos homens, mas sobretudo a palavra de Deus, o tão bondoso Pai-Nosso que entregara tudo aos pés dos filhos, para que esses se divertissem à vontade, dominassem e submetessem a Terra a seu belprazer, exercício de direito até mesmo hereditário?
A turba vibrou quando Giordano Bruno foi espetacularmente imolado, Copérnico surgiu com maior consistência. "O Demiurgo de Platão, o grande arquiteto cósmico, transformou-se no Deus cristão de Copérnico.' (GLEISER, M., Criação Imperfeita: 54)  Ainda assim o polonês enfiou a viola no saco, mas Galileu, ameaçado intramuros antes que deflagrasse uma campanha popular, de posse de um telescópio pirateado propos-se a explicar e demonstrar a certeza da genial solução de Copérnico. 
"Galileu era um ótimo marqueteiro. As luas de Júpiter que descobriu ele até chamou de astros mediceus, em homenagem ao grão-duque da Toscana, Cosimo de Medici, a quem pretendia pedir um emprego." (NAPOLEÃO, Tasso, Astrônomos querem 1 milhão de brasileiros olhando para o céu. - Estadão, 17/1/2009)
Agora sim, o homem poderia apreciar e desfrutar do colosso construido pelo Grande Arquiteto do Universo. A 'boa nova" não só manteria o subterfúgio governamental intacto, como até lhe daria uma consistência jamais experimentada pelas gerações anteriores: 
No meio repousa o Sol. Com efeito, quem poderia no templo esplêndido colocar essa luminária num melhor lugar do que aquele donde pode iluminar tudo ao mesmo tempo? Em verdade, não foi impropriamente que alguns lhe chamaram a pupila do mundo, outros o Espírito, outros ainda o seu reitor.
O mundo funcionaria assim, de modo automático. O pensamento constantemente retificado rumo à exatidão levaria à Lei perfeita, a verdade buscada por todos. Este é o exemplo mais clássico, evoluído desde o também cambridgeano BACON - a previsão do tempo discorrendo num eterno linear, em tique-taque.  A roda do cronômetro, suas coroas e pinhões parecem imitar as órbitas celestes ou o movimento contínuo e ordenado do pulso dos animais. "Para construir esse tão imenso quanto complexo sistema, e colocá-lo em funcionamento, foi necessário uma Causa que compreendeu e comparou as quantidades de matéria dos vários corpos diferentes. Essa causa não pode ser uma simples conseqüência cega do acaso, mas sim uma especialista em mecânica e geometria." Para encerrar qualquer dicussão, fechou-se a sacristia com a chave-de-ouro lograda pelo maior mecãnico, matemático  e "alquimista" que em nosso meio surgiu;: 

Nature and nature's laws lay hid in night;
God said 'Let Newton be' and all was light
.
(A natureza e as leis da natureza estavam imersas em trevas;
Deus disse "Haja Newton" e tudo se iluminou.)
O maior feito deste "eleito' divino foi justamente obscurecer o Iluminismo, em prol do domínio da máquina, da força bruta, da dialética, dessarte desviando o caminho que levaria a humanidade a rincões mais compatíveis com a ética, mesmo com a produção, e principalmente com o próprio ser humano. "As teorias de Newton lançaram-nos em um curso que desembocou no materialismo que ora domina a cultura ocidental. Esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena." (BERMAN, MORRIS, cit. GOSWAMI: 31)
Em qualquer regime que se pretenda democrático de direito, o vértice é  composto por tres poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário. A primazia legislativa, e como consequência, executiva, cabe ao povo exercitar, através do sufrágio universal. A Ordem dos Advogados do Brasil não faz parte de nenhum poder, tampouco é fruto de escolha da população. A OAB, portanto,  é antidemocrática, e tão  anticientífica quanto os papas renascentistas. Não somente ela, mas qualquer órgão de classe afronta o Estado de Direito, mercê de suas metafísicas corporativas, exclusivistas, egoístas, quase sempre em oposição erga omnis. Membros, diretorias,  e as regulamentações que excedem suas parcas fronteiras não são expressões populares, mas produtos de conveniências, isso nas melhores ações. Nas piores, instrumentos, meios de conchavo pelos quais a classe dirigente manipula a consciência nacional. Fraude em exame PF conclui que 152 candidatos tiveram acesso antecipado à prova da OAB em São Paulo
Lo stato corporativo rappresenta in fondo, come si evince nella visione di Corradini e di Ugo Spirito, la Destra idealista di stampo Hegeliano: anche nel mondo delle attività commerciali e produttive viene cioè applicato il precetto mussoliniano secondo cui: l'individuo non esiste se non in quanto è nello Stato e subordinato alla necessità dello Stato.BENITO MUSSOLINI, Opera omnia
Getúlio Vargas aplicou o golpe de 1930 amarrando os cavalos no obelisco do Rio de Janeiro. Pelo uso dos equipamentos e métodos, suplantou com larga vantagem a Marcha sobre Roma, do exemplar Mussolini.
As idéias corporativas tiveram grande aceitação: receberam apoio da Encíclica Papal Quadragésimo Anno, de 1931, influenciaram decisivamente a doutrina do partido nazista alemão e de inúmeros outros movimentos fascistas em diversos países. No Brasil, foi notória a sua influência na década de 30, durante a ditadura de Getúlio Vargas. STEWART, Jr., Donald, O Que é Liberalismo: 24.
Que fez ele? Inaugurou, no Brasil, o tipo do ditador paraguaio. Reduziu as construções ferroviárias a zero. Suprimiu todas as liberdades e garantias. Anulou, por Decreto, decisões do Supremo Tribunal. Matou a manifestação de pensamento, oprimiu e corrompeu a imprensa. Nenhum outro homem, na história do Brasil, causou tanta morte, viuvez, orfandade, prisões, exílio, sofrimento. Nenhum outro homem, em todos os tempos, neste país, responde por tantas dificuldades de vida, descrédito nacional, negociatas e desesperos. Poderíamos inverter as palavras do grego e dizer: Nunca ninguém fez sofrer tanto aos seus concidadãos. ALIOMAR BALEEIRO, em entrevista à revista Manchete
Como o Príncipe Moderno só poderia se manter organizado,  o espertalhão  logo tratou de enfileirar os coadjuvantes, criando e preenchendo os cargos, tudo de acordo com GRAMSCI, o inditoso mentor intelectual do fascismo. Um dos primeiros atos assinados - o Decreto 19.408, de 18 de novembro de 1930 -  estabeleceu a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em seguida, o Petiço inaugurou o magestoso Cristo Redentor. Tal feito rendeu-lhe as bênçãos eclesiásticas, naturalmente, e daí o aplauso do concorde povo. Golpista católico, e ofertante de estado de direito encontra paralelo apenas no surrealismo de Salvador Dali, mas em que pese seu suicídio, e o trucidar de Mussolini, quase todas artimanhas permanecem à disposição dos manipuladores governamentais.
No Rio de Janeiro, direção da OAB rasga a fantasia e assume trabalhar como braço jurídico do governo  
Embora reconheçamos algumas brilhaturas no decorrer da jornada, o insofismável é que a OAB foi criada e articulada pelo maior ditador brasileiro rigorosamente dentro do molde sindical, onde os pelegos são exaltados, e o povo, espoliado.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O cruel inventor de Jesus Cristo

A divulgação de um suposto papiro copta que menciona a "mulher de Jesus" pôs mais uma vez o mundo a debater se Cristo era ou não casado. Não tenho nada contra essa discussão, mas há uma outra, anterior, que quase nunca é lembrada: Jesus, de fato, existiu?  Hélio Schwartsman,
A realidade é que não existe nem uma vírgula de evidência secular de que Jesus Cristo existiu. Jesus Cristo e o cristianismo se referem uma religião moderna. E Jesus Cristo é uma compilação de outros deuses: Osíris, Mitras, e outros tiveram as mesmas origens e a mesma morte como o mitológico Jesus Cristo. – Ellen Johnson
A mais notável diferença é a estapafúrdia estória de DEUS colocar seu próprio filho no ventre de uma terráquea para salvar a todos do "pecado" cometido pelo pioneiro, - isto passados milhões, para não dizer bilhões de anos.  Os ‘primeiros passos’ do Universo
* * *
FLAVIUS VALERIUS CONSTANTINUS - CONSTANTINO I, CONSTANTINO MAGNO, ou CONSTANTINO, O Grande (272 -337) foi até proclamado AUGUSTO (306); Missão:recuperar a hegemonia do Império Romano. O missionário contava com Bizãncio para o lugar de Roma.
O Império Bizantino ou Reinado Bizantino (em grego: Βασιλεία Ῥωμαίων), inicialmente conhecido como Império Romano do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, pode ser definido como um império de nações da Eurásia que emergiu como império cristão e terminou seus mais de mil anos de história em 1453 como um estado grego ortodoxo: o império se tornou nação. Os bizantinos identificavam a si mesmos como romanos, e continuaram usando o termo quando converteu-se em sinônimo de helênico.
O novo Augusto mandou às favas o latim pelo grego, e trocou o título de imperador pelo de basileu. O primeiro Papa.
O Primeiro Concílio de Niceia (cidade da Anatólia, (hoje İznik, parte da Turquia) durante o reinado do imperador romano Constantino I, o primeiro a aderir ao cristianismo. Considerado como o primeiro dos três concíliosIgreja Católica, foi a primeira conferência de bispos ecuménica (do Grego oikumene, "mundial") da Igreja cristã. Lidou com questões levantadas pela opinião Ariana da natureza de Jesus Cristo: se uma Pessoa com duas naturezas (humana e Divina) como zelava até então a ortodoxia ou uma Pessoa com apenas a natureza humana.
CONSTANTINO foi o idealizador da Cruz, sagrado símbolo cristão.  Per se, o instrumento de tortura e morte denota o caráter maldoso, portanto devedor, do ser humano. A moderna ciência discorda:
Os cientistas acreditam que esse resultado demonstra que somos instintivamente generosos, ou seja, que nosso modo rápido de pensar leva à generosidade da mesma maneira que nos leva a fugir de qualquer coisa que se pareça com uma cobra. A generosidade e o egoísmo
O embaixador O.M. PENNA, (O espírito das revoluções: 83) constata  a procedência da artimanha acusatória: “A afirmação mitológica da maldade inata na natureza humana encontra-se, como se sabe, na Bíblia. Ela está explicitada no episódio de Caim e Abel, como corolário da tese do Pecado Original; e foi filosoficamente elaborada por Santo Agostinho.”
O primeiro historiador da igreja cristã, EUSÉBIO DE CESARÉIA, falecido em 341, dá conta que o próprio CONSTANTINO lhe confessou ter apreciado duas fantásticas visões.  Não havia dúvidas. Cristo  escolhera o psicopata para missões extraordinárias. Então, para provar a santidade do filho,  lá se foi a septuagenária mãe SANTA HELENA, para mapear todos os passos de CRISTO, isso mais de trezentos anos depois da propalada crucificação.  Confirmado o fenõmeno,  CONSTANTINO designou a Páscoa, celebrada no domingo seguinte ao plenilúnio após o equinócio da primavera. O problema maior era de que modo conciliar a divindade de Jesus Cristo com o dogma preferencial de um único DEUS, forte para se encarregar dos afazeres do trio grego.
Historicamente, é bastante duvidoso se Cristo de fato existiu, e se Ele existiu não sabemos nada sobre Ele, tanto que não estou preocupado com a questão histórica, que é por si uma questão bastante difícil. BERTRAND RUSSELL
A votação final foi 300 votos a favor da divindade de CRISTO, contra 2 desfavoráveis. E assim se despachou o credo das trezentas sumidades, o novo ícone romano, forte para receber o apoio quase unânime de todos que jamais ouviram falar nisso tudo:
Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos; E no Espírito Santo. Mas quantos àqueles que dizem: 'existiu quando não era' e 'antes que nascesse não era' e 'foi feito do nada', ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja Católica anatematiza.
Em seguida, o Santo Padre CONSTANTINO mandou matar o próprio filho CRISPUS, sufocou a mulher FAUSTA num banho sobreaquecido, determinou estrangular o marido de sua irmã, e chicotear até à morte o filho de sua irmã. Beleza de doutrina, ainda mais da prática, e como exemplo - o que mais poderia ser melhor?
Embora algumas obras afirmem que no Concílio de Niceia discutiu-se quais evangelhos fariam parte da Bíblia não há menção de que esse assunto estivesse em pauta, nem nas informações dos historiadores do Concílio, nem nas Atas do Concílio que chegaram a nós em três fragmentos: o Símbolo dos apóstolos, os cânones, e o decreto senoidal. **
Em livros, revistas e documentários da TV, o Seminário de Investigação sobre Jesus sugere que os Evangelhos foram escritos entre os anos 130 a 150 d.C. por autores desconhecidos. Se essas datas estiverem corretas, haveria uma lacuna de aproximadamente 100 anos após a morte de Cristo (estudiosos situam a morte de Jesus entre os anos 30 e 33 d.C.). E, uma vez que todas as testemunhas oculares estariam mortas, os Evangelhos só poderiam ter sido escritos por autores desconhecidos, fraudulentos. http://y-jesus.org/portuguese/wwrj/4-evangelhos-verdadeiros/3/
Impunha-se o caráter teocrático, modo insofismável de obediência ao governante. Nas pinturas, vitrais e outras obras de arte, a cabeça imperial era envolta pelo halo de santo. CONSTANTINO introduziu o cristianismo por orientação direta dos chamados santos AGOSTINHO e JERÔNIMO.
 O cristianismo rompeu a união entre o homem e a natureza, entre o espírito e o mundo carnal, potencialmente distorcendo o relacionamento entre os dois em direções opostas e atormentadas. ANDERSON, Perry. Passagem da Antiguidade ao Feudalismo, Brasiliense: 128
Ao Império Otomano foi apenas uma questão de mudança de operador. 
Abd Allah al-Ma’mún (...) entrou em entendimentos com os Imperadores de Bizâncio, deu-lhes ricos presentes e lhes solicitou a doação dos livros de Filosofia que possuíam. Os Imperadores enviaram-lhe obras de Platão, de Aristóteles, de Hipócrates, de Galeno, de Euclides, de Ptolomeu etc. Al-Ma’mún então escolheu eméritos tradutores e os encarregou de traduzir o melhor possível aquelas obras. SAID, AI Andalusi [1029-1070], in As Categorias das Nações. - Cit. GOTHIER, L. e TROUX, A.: 45.
A riqueza foi drenada às construções públicas de objetivos militares, mas a pérola seria a famosa Basílica de Santa Sofia - nome grego remetente à sabedoria de usar as duas pernas platônicas para manter o povo no garrote. "A surpreendente conjuntura fez com que a ação de Constantino pela Palestina tivesse uma repercussão histórico-universal que se estendeu por muitos séculos." (BURCKHARDT, J.– Die Zeit Constantinus des Grossen , 1853) No raiar do XIII, Constantinopla, capital da metade do que um dia fora o Império Romano, ocupava o lugar de Rainha das Cidades no mundo.  Ofuscara a velha Roma, já uma sombra do que fora. Em 1204 a Quarta Cruzada acabou com a festa.  yodos os relatos do saque feito pelos cruzados são unânimes em falar das atrocidades e das crueldades cometidas pelos pregadores de Cristo. Bibliotecas foram queimadas e as parcas escolas destruídas.
Nunca se imaginou que houvesse em todo o mundo tanta riqueza; os palácios, as grandes igrejas, que eram tantas que ninguém acreditaria nisso se não houvesse visto com seus olhos; e a largura e a extensão da cidade, que a tornava a soberana dentre todas. Não houve homem tão frio que não tremesse diante do que via. Geoffrey of Villehardouin, 1160 – c. 1212, cavaleiro, historiador e cronista da Quarta Cruzada,
Os Cruzados dominaram o Império Bizantino por 57 anos, tempo suficiente para se locupletarem com tesouros, monumentos, quadros, e acervo cultural, não esquecendo das jovens bizantinas, claro. Nos Museus de Veneza há muitas relíquias e objetos valiosos pilhados em Constantinopla. A cobra morria com o próprio veneno.
Eis, mais flagrante do que nunca, o carma da civilização.
O escritor francês André Malraux profetizou, há 30 anos, que o século 20 seria um 'século religioso'. Ele estava certo. A cada dia que passa, as matanças enlutam o mundo e, muitas vezes, nos damos conta de que, por trás das bandeiras políticas ou dos pretextos econômicos, encontramos o mesmo ator, Deus, ou antes, as efígies deletérias que vergonhosamente nos são apresentadas como representações de Deus.  LAPOUGE,  GILLES, - O Estado de S.Paulo, 5/5/2011
Para falar a verdade, olhando a religião como um modo de acorrentamento da caverna de Platão, não se pode deixar de pensar que a humanidade como um todo tem uma certa tendência a gostar de ser mantida acorrentada na ignorância. BELLI, M. O Mito da Caverna de Platão e o Paradigma da Representatividade
Vero: O Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu nesta terça-feira, 25, o site YouTube de exibir o trailer do filme 'Inocência dos Muçulmanos'.Com a conivência da Justiça, Brasil revive a censura Citando diversos juristas, o uiz Miranda afirma que a decisão não se trata de censura prévia nem censura, mas da proibição da divulgação de material ilegal. Pior ainda a esdrúxula tipificação  Ademais, se o Estado é laico, por qual minerva se insurge?
Qual a única coisa que Maomé tomou emprestado mais tarde do cristianismo? A invenção de Paulo, seu meio para a tirania sacerdotal, para a formação de rebanhos: a crença na imortalidade, - ou seja, a doutrina do 'Juízo'... NIETZSCHE, ,F. O anticristo: 77
Já passa da hora de um filme sobre a inocência dos cristãos, raiz de toda discórdia, ao gáudio dos governantes. Que respeito merecem vigaristas e vítimas do egoísmo?

Sobra para todos: Maomé, Bento XVI, Jesus Cristo, Moisés, Gandhi e até Tom Cruise, e sua obscura cientologia.
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Nota
s
* Constantinopla (em grego: Κωνσταντινούπολις, transliterado Konstantinoúpolis, "cidade de Constantino", em latim: Constantinopolis, em turco otomano formal: قسطنطينيه Kostantiniyye), atual Istambul, foi a capital do Império Romano (330–395).
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É improvável que este trio formulasse algo ligado a JESUS CRISTO.
Justino, nasceu em Flávia Neápolis (atual Nablus), na Síria Palestina ou Samaria. A educação infantil de Justino incluiu retórica, poesia e história. Como jovem adulto mostrou interesse por filosofia e estudou primeiro estoicismo e platonismo. JUSTINO, nascido um século depois de CRISTO, "foi introduzido na fé diretamente por um velho homem que o envolveu numa discussão sobre problemas filosóficos e então lhe falou sobre Jesus. Ele falou a Justino sobre os profetas que vieram antes dos filósofos, ele disse, e que falou "como confiável testemunha da verdade". Eles profetizaram a vinda de Cristo e suas profecias se cumpriram em Jesus. JUSTINO, convencido de que a filosofia grega tende para Cristo, abraça a causa.
Ora, a filosofia grega tinha até estipulado, por PLATÃO, a vinda do justo. Seria este o profeta? Ou seja - até agora, pelo menos, nada havia de Sagrada Escritura, pelo menos o Novo Testamento.
De Santo Ireneu de Lião há escassa informação e muitas coisas são pouco exatas. Teria nascido na Asia proconsular, pelo menos em alguma província em seu limite, na primeira metade do século II. Não se sabe a data certa de seu nascimento. Está entre os anos 115 e 125, ou entre 130 e 142 segundo outros autores. Fora de questão, pois.
E de Papias de Hierápolis (c.e 65 - 155 d.C), então, nem falar. "Infelizmente restaram apenas as citações de Eusébio da obra de Papias, que desapareceu por volta de 1341 dos catálogos da Biblioteca de Estames, um mosteiro cisterciense."

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A inviabilidade da democracia no Oriente Médio

Palmas para o liberalismo que consegue, em pleno século XXI, seduzir com os seus ideais as grandes massas dos países que ficaram por fora das reformas ensejadas no Ocidente pelos seguidores de Locke, Tocqueville e Adam Smith. Os ideais liberais superaram a prova da história, não ocorrendo assim com os ideais totalitários de Marx e quejandos. FARAÓS, CALIFAS, MULÁS, SOVIETES E MANDARINS
Que bonito seria pensar que o Oriente Médio poderia, sem grandes convulsões nem derramamento de sangue, mover-se para algo parecido ao Extremo Oriente, politicamente estável, abundantemente próspero. Esse dia poderia chegar, mas, se eu fosse jogador (e sou) apostaria claramente no contrário. A região árabe está mergulhada em um período de turbulências e o Ocidente talvez não escape de suas muitas e não planejadas consequências: 'Não pergunte por quem dobram os sinos, porque eles podem tocar por você.' KENNEDY, Paul, jornal El País, 24/2/2011

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Mesmo os ateus estão de acordo acerca de que não há coisa que mais mantenha os Estados e as Repúblicas do que a religião, e que esse é o principal fundamento do poderio dos monarcas, da execução das leis, da obediência aos súditos, da reverência dos magistrados, do temor de proceder mal e da amizade mútua para com cada qual; cumpre tomar todo o cuidado para que uma coisa tão sagrada não seja desprezada ou posta em dúvida por disputas; pois deste ponto depende a ruína das Repúblicas. BODIN J. cit. CHEVALLIER, Jean Jacques: 55.
Os "reis divinos" foram destituídos em dois tempos, porém as notícias das duas decisivas revoluções ocidentais não lograram alcançar a banda oriental. Os habitantes à leste do Mediterrâneo ainda estão submetidos a regimes feudais. 
A atividade econômica tradicional do Oriente Médio é o pastoreio nômade. Destacam-se as criações de carneiros, cabras e camelos em áreas desérticas. Na Planície Mesopotâmica, também conhecida como "crescente fértil", cultivam-se frutas, arroz, trigo e cana-de-açúcar, utilizando-se a técnica de irrigação. Na região mediterrânea, destacam-se culturas comerciais como oliveira, fumo, trigo e tâmara. Wikipédia
Justamente pela ignorância generalizada, contudo, não lhes ocorria distúrbios internos, de modo que a população, submetida às ameaças religiosas, sempre se colocou de modo submisso. Os líderes islamitas ainda usufruem de uma vantagem transcedental à sua exclusiva disposição, desconhecida à epoca das Cruzadas - a incomensurável riqueza do subsolo. Sem precisar sequer trabalhar, sentadas em cima de jazidas de petróleo, as nações de repente ainda começaram milagrosamente a se tornarem riquíssimas, assim corroborando a idéia de que Maomé é que é. Na Venezuela, reina o divino Chávez.  Arábia Saudita, Irã, Kuwait, Iraque e Emirados Árabes Unidos possuem grandes quantidades de petróleo. As reservas  estimadas, especialmente na Saudita e Irã, são as  mais altos do mundo, e o cartel internacional do petróleo da Opep é dominado por países do Oriente Médio. Pois é no reduto mais rico do mundo que se mostra o caminho do céu - a cidadela sagrada - a  Meca, na Arábia Saudita. O imenso povo da região, que vê, é informado e usufrui das maravilhisas cestas básicas, e bolsas e todas benesses daí decorrentes nada tem a reclamar - ao contrário. Protestos contra filme anti-Islã chegam a 20 países e matam sete
Não existe tirania mais cruel do que a exercida à sombra da lei e com uma aparência de justiça, quando, por assim dizer, os infelizes são afogados com a própria prancha em que tinham sido salvos. MONTESQUIEU: 109
A U.R.S.S. trilhou semelhante caminho. Durante o século passado as gerações foram sustentadas por cestas básicas, ,vale isso, vale aquilo, mas os soviéticos, mais à cerca, tomaram ciência da ciência e da tecnologia. Bem ou mal,  trataram de pelo menos tentar acompanhar o frenético ritmo ocidental. Reagan e Tatcher conseguiram furar o bloqueio da Cortina de Ferro através das estrelas, e assim Gorbachev pode implodir o artifício marxista. Os russos,contudo, ignorantes do modo e costumes ocidentais, completamente desprovidos da tradição democrática, posto jamais a praticarem, simplesmente foram presa fácil ao novo rei divino, o Super-Putin, que até anda voando por aí, valendo-se de uma asa-delta.
A Rússia atual foi transformada por uma oligarquia oportunista, corrupta e sanguinária em um lugar aonde as políticas fascistas vêm sendo esticadas ao limite, com intensidade multiplicada se comparadas com as ofensivas anti-povo empreendidas em outras partes do mundo, em especial naqueles países que os papagaios da pirataria financeira costumam chamar de 'emergentes'. Ali mesmo, onde um dia bateu o coração da União Soviética revolucionária. Para nós, tomar conhecimento da realidade dos trabalhadores russos é sim uma questão de solidariedade, mas também de saber bem até onde podem chegar os esforços de aniquilação movidos pelos inimigos do povo. Ainda mais agora, que os demagogos do lado de cá do mundo, como Chávez e Lula, estão convidando gente como Dimitri Medvedev e toda a máfia russa para fazer negócios na América do Sul. SOUZA, H.R.C., Um preocupante retrato da Rússia atual. www.anovademocracia.com.br
A ignorância da democracia é ainda mais acentuada entre os árabes.  Arrisco a afirmar que ninguém   tem, sequer, conhecimento de como isso se processa. E mesmo que exista  alguma casta com melhor discernimento, o grosso da população está completamente desconectada.
Passada a II Guerra o Eua recuperou a Europa e o Japão. Depois, empatou na Coréia e no Vietnam, ambos pelo menos divididos. Voltou a gozar  relativo êxito na queda do muro, sem disparar um tiro. A conversão chinesa muito se deve à Tio Sam. Com menor incidência no Vietnam, os tanques yankees tiveram êxito porque havia um campo que lhe era favorável - pelo menos potencialmente. No caso europeu, aus óbvia cultura. nos páíses asiáticos, a sabedoria milenar; no Oriente Médio, contudo, naquele deserto de idéias e desejos, contudo, seus veículos falecem por falta de refrigeração, do mesmo modo que as forças napoleônicas foram rendidas pelo gelo russo. Não há como implantar democracia em redutos que não tem a menor noção de como isso se processa. Por ironia é o que praticamente acontece em  nosso privilegiado, e pretensamente livre, país:
O fato é que Lula tentou o chavismo por outros meios. Se o Beiçola de Caracas não entende outra linguagem que não a da intimidação e da violência de caráter militar e paramilitar, os nossos autoritários, na sua condição de fatalistas cínicos, estavam — e estão — convencidos de que todos têm um preço. Os petralhas tentaram comprar o que Chávez conseguiu roubando. Aquele é um ladrão de instituições; os petralhas são mercadores da ordem legal. Achavam e acham que ela pode ser comprada e vendida. OS PETRALHAS TENTARAM DAR UM GOLPE NA REPÚBLICA! SEU LUGAR É A CADEIA!
Esse episódio, como outros recentes, demonstram que estamos perdendo a capacidade de pensar, de refletir. Está faltando inteligência até mesmo entre os homens escolhidos para ajudar o Parlamento a legislar. Em entrevista à televisão sobre as amarras que dificultam o nosso desenvolvimento, o professor José Pastore disse que não temos trabalhadores qualificados, porque o ensino básico é precário, e os alunos não aprendem a pensar. Não aprendendo a pensar, são incapazes de realizar os trabalhos mais elementares. Não só de trabalhadores que pensam estamos necessitados. Precisamos, com urgência, de juristas e de parlamentares que também aprendam os rudimentos da razão lógica – e da ética humanista  Um Código sem prumo
Quo Vadis?

sábado, 15 de setembro de 2012

Crescimento da criminalidade

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem.
Bertold Brecht
A criminalidade é questão nuclear, efeito atômico do Funil 2000. O fenômeno arrasa com tudo.
Número de homicídios em setembro dobra em SP em relação a 2011

Últimas 12 horas no RS
Jovem de 19 anos é morto em Garibaldi
Roubo de carros volta a atemorizar gaúchos
Especialista em segurança sugere uso de "kit assalto"
Três são presos por tráfico de drogas em Caxias do Sul 
Bar é assaltado e dono é amarrado com fio de telefone em Farroupilha
Vigilantes são presos por furto de óleo diesel em Caxias do Sul
Jovem de classe média alta é presa por tráfico de drogas em Caxias do Sul
Cinco rapazes assaltam ônibus em Caxias do Sul
Oficial escrevente do Fórum de Caxias está preso 
Quatro criminosos morrem em cercos da Brigada no RS Confrontos ocorreram em Venâncio Aires, Sobradinho e Guaporé
Acidente após assalto causa morte de dois suspeitos em Serafina Corrêa
Mulher é morta a facadas dentro de casa em Pelotas.
Homem é executado no centro de Passo Fundo durante a madrugada
Diante da impotência do Leviathan, despachamos a competente Focalisa para entrevistar a srta. Ana Lógica, ora morando numa estação espacial, autora do best-seller "Necessária consciência",
 (Publicação original  em janeiro de 2008)
Como a criminalidade pode assim evoluir? Seriam brandas as leis? Faltam policiais? Penitenciárias?
Nada disso. Repare: em apenas um dia de ação, sob o esperançoso nome de Operação Gênese. através dos 645 municípios de São Paulo, 2.191 pessoas foram presas (29/10/2009) Adiantou alguma coisa? Ademais, cadeias são universidades do crime. Investe-se um monte para pior resultado. Ninguém quer ser vizinho delas. Custa caro à sociedade qualquer internação. E quem lá se forma se apresenta ainda mais danoso à sociedade. O método da delinquência sai aperfeiçoado, movido por maior recalque. A prisão só agrava a questão, e posterga a solução.
Até a ONU está preocupada. A organização internacional pretende implantar projetos de mediação local de conflitos em comunidades carentes brasileiras. O trabalho deve se iniciar pelo Rio e S. Paulo, através do Programa Cidades Mais Seguras.
A ONU supõe tratar com gente compreensiva. Seus dirigentes devem estar com a cabeça na lua. Eles pensam, por exemplo, que através de instrução possam mudar até mesmo o regime dos talibãs. Por consenso é que jamais se extirpará as parcas condições atualmente experimentadas pelas comunidades brasileiras.
Então tem que segurar pela lei. Prometer castigos mais fortes.Homicídios aumentam em SP e delegado-geral quer pena maior  Prisão perpétua. Pena de morte, quem sabe?
Pena de morte arrisca o criminoso na hora em que está cometendo o crime. Nem isso o faz desistir. Ele supõe não ter mais nada a perder, e não poucas vezes o que quer é isso mesmo. Para a Sibéria costumavam enviar os pobres russos, sob o chicote dos soviéticos, os maiores assassinos de massa que se abateram sobre a civilização. Leis à granel introduziram sistemas fascistas, nazistas e comunistas. No entanto, todos conhecemos a magnitude dos crimes cometidos nessas infelizes sociedades.
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Que tal maior repressão, antes que o crime aconteça? Um aumento de efetivo circulando nas ruas?
É ao que se vem apelando. BM faz barreiras em avenidas e acessos de Porto Alegre para combater o roubo de veículos exceto o faturamento com multas, nada mais tem adiantado, A BM fiscalizou 553 veículos, revistando cerca de 1,2 mil pessoas. No total, 25 motoristas foram autuados e cinco veículos, recolhidos.
Se os crimes se efetivassem mais em alguns estados do que em outros, talvez pudéssemos tributar o recrudescimento a desvelo governamental.  Não é o caso. A mazela é nacional. Os batalhões tem aumentado bastante, até aritmeticamente; mas os crimes, geometricamente. Todos os estados apresentam índices a cada dia mais acentuados.
Que tal convocar o exército de uma vez?
Pode sair mais caro do que os crimes que ele elidirá. Ademais, acha justo, útil ou conveniente investir boa parte de seu trabalho para sustentar meros zeladores? E o que garante que um policial para cada cidadão não vá aumentar os crimes? Acabam se matando.
Não é a timidez - ou mesmo a ausência - do governo o que permite que a violência prolifere em bairros pobres infestados de traficantes. O que permite esse desvario é justamente o exercício governamental do seu monopólio sobre o uso legítimo da força. O problema com as favelas do Rio é o excesso de estado. www.mises.org.br, 16/3/2010
O volume criminal tem que arrefecer independentemente de legislação, ou controle. Muitas nações vivem na harmonia, no equilíbrio social e na solidariedade, sem se valerem do sabre.
Dizem que a América Latina abriga ignorantes. Falta informação, educação, enfim, defeitos pessoais.
Sim, de certo modo; mas, em alguma época ela foi melhor informada? Tínhamos mais livros, pesquisas, escolas, tvs, internets, celulares, ou o quê? Havia mais alfabetizados? No entanto, os índices criminais variavam em dígito. Ora, em três.
A desenvoltura da criminalidade não se deve a carência educacional.

Disseminar mais ainda a religião não adianta?
As Tvs tem apresentado mais cultos religiosos do que novelas, filmes e jogos de futebol. Há uma pregação incessante em algumas durante as 24 horas; e outras, alugam seus espaços madrugada a dentro. Qual sua técnica? Primeiro, rebaixam o ser humano a um patamar mais inferior do que a maioria dos animais; e após acusar o homem de todas as iniquidades, portanto admitindo seu mau caráter, surge a solução milagrosa do pensamento religioso - assim supervalorizado. Repare bem: os países muito religiosos, curioso, costumam ser os mais belicosos. Veja iranianos, iraquianos, e tantos anos. Como afirmei, antes de reunir a religião desune. Aliás, ela nisso é expert. O diabo foi criado e rotulado adversário. Se de fato existisse a sumidade, a religião deveria convencê-lo, não hostilizá-lo. Lembro de plano a guerra civil desencadeada entre os indianos, cujo resultado esfacelou o país. A Inquisição também, está lá, impregnada no EspaçoTempo, tanto quanto a atual "guerra santa."  Condutos religiosos estão de tal modo confusos que as instituições viraram excelente meio de vida para seus operadores. Um sucesso! Os pastores tosqueam ovelhas à granel - desde os cultos, e ingressando pelo plano político, mercê da comunicação de massa, através dos meios eletrônicos que domina. Nenhum setor produtivo é capaz de tão grandioso feito, tanta lucratividade, e ainda desprovida de impostos. O dinheiro que deveria irrigar as relações industriais, comerciais e de serviçoe é assim canalizado sem nenhum lastro que o legitime - ao contrário. A fé remove montanha, mas não o monte das Caymann
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Então Thomas Hobbes tem razão. O homem é o lobo do homem. Somente Leviathan é capaz de domesticá-lo. . 
O homem de fato tem se mostrado lobo de muitas coisas; e, dependendo das circunstâncias, pode até se aniquilar, como sói acontecer, mormente no anonimato da matilha. Mas o momento mais saliente é quando ele toma a chave do galinheiro, isto é, o segredo do cofre. Não escapa ninguém. A metáfora que legitima o trottoir do Brucutú, todavia, embora impactante, não traduz a realidade, que é formada em mosaicos. Encontramos dezenas de sociedades que vivem em paz, em salutar convívio entre ovelhas e leões. Nestas, o lobo é o amor da loba, o que desmonta a perfídia do Leviathan.
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Mas se não é sociológico, penal, nem psicológico, ou religioso, tampouco um problema educacional, do que se trata, afinal? Seria puramente econômico? Como devemos extirpá-lo, ou, pelo menos, estancá-lo, uma reversão, quem sabe? Como proceder? Onde foi que erramos?
Foram muitos momentos de desídia, mas fulguram alguns mais acentuados. Antes, permita-me mostrar-lhe a vizinhança, aqui do alto, longe dos tiros.Donde eles partem? Das localidades e dos tempos desprovidos de dinheiro.Não se trata de um indício relevante? Onde não há oxigenação, há desespero."Em casa onde falta pão, todos brigam, e ninguém tem razão". Nunca ouviu? "Nada estabelece limites tão rígidos à liberdade de uma pessoa quanto a falta de dinheiro", observou J.K. Galbraith.

Mas por que tanta miséria entre a gente que mora no mesmo país, no mesmo estado, na mesma cidade, no bairro à cerca, e que vivem o mesmo tempo? Não é tudo proveniente da preguiça, vagabundagem, indolência, má-vontade, má-educação, falta de religiosidade dessa cambada? Coisa de traficantes? Quem sabe formação genética? Origem racial? Ou então Marx tinha razão: a opulência se vale da pobreza. Nunca um pobre será rico! 
Mas nem combinados os ricos teriam tanta eficiência. Nem com maestro, essa.
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Que diabos! Onde quer chegar?
Trata-se de desvio econômico, sim, com efeitos sociológicos, sim, mas levados a cabo por artimanhas jurídicas, não por combinação de classes. A subversão do comportamento é fruto da ignorância, ou da ganância. Pior quando ambas aparecem somadas.
Façamos um vôo de reconhecimento, na cabeceira dos '30: os EUA amargavam uma falta de recursos descomunal. A grande depressão reduziu as poupanças pessoais de US$4,2 bilhões em 1929 a uma descapitalização líquida de US$600 milhões em 1932 e reduziu os ganhos retidos das firmas de negócios de US$16,2 bilhões para menos de um bilhão. (Pipes, 2001: 183) Por mais que você se espante, tudo foi preparado!  
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Explique melhor.
A gravidade daquele paquiderme envolveu todo o sistema. São inúmeros qualificados depoimentos. Milton Friedman demonstrou. As autoridades monetárias produziram efeitos indesejáveis na economia. O Mestre de Chicago atribuiu ao tratamento errôneo da oferta de moeda, nos momentos que antecederam o New Deal. Recai ao próprio Federal Reserve a culpa pela grande depressão. (Gleiser, I: 151)  Quando começaram a respirar, lá se veio o malvado, com outro matiz: "O imposto sobre rendimentos regular, direto e progressivo é um subproduto do welfare state. Ele passou a existir ao mesmo tempo em que este foi justificado como necessário para financiar os grandes gastos que os serviços sociais demandavam." (Galbraith, 1968: 245) Foram golpes duros, e sucessivos. Primeiro, um intenso enxugamento monetário, através de impostos, restrições de toda ordem, e subsídios de outras ordens. O aumento vertiginoso dos juros para evitar a crescente especulação na Bolsa de Valores cumpriu o papel de não permitir que o dinheiro que financiava a produção. Foram milhões enviados ao exterior, até aos nazistas e fascistas, heróis na luta contra o comunismo. Depois, o gerenciamento da Nação, submetida até mesmo a militar, um honrado militar, sem dúvida, o Gen. D. Eisenhower. Não fosse mesmo a guerra, redentora, Tio Sam estaria atolado. Não por coincidência, havia enorme quantidade de leis, até a Seca; não por acaso, também foi a época foi dos gangsters. A de vocês, do mensalão; e dinheiro aos vizinhos latino-americanos, de montão. Convém um salto quântico.
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Estás a falar do século passado. Há muito os EUA praticamente baniram a criminalidade. Aborde temas mais atuais, e de preferência sobre nosso país.
Falei da remessa de enormes cifras ao exterior, em especial às Cayman. O que mais dizer do mensalão, uma podridão que chegou ao conhecimento popular? Teve outra manobra, bem popular - a do cartão corporativo, o cartão-que-vale-milhão, atos secretos que todos acabam sabedores... Além de prostrarem a economia, pelo sufoco do oxigênio que por ela deveria correr, são péssimos exemplos, mas artimanhas vitoriosas. Alguns articuladores perdem os cargos, porém como querem: ao serem dispensados, gozam férias até o fim da vida, alguns no exterior, com a carteira recheada com seu dinheiro. Veja se é possível: a própria Casa da Moeda ser invadida pelos gatunos. Seu presidente, Luiz Felipe Denucci, havia constituído "offshores" em paraísos fiscais para onde foram enviados nada menos do que US$ 25 milhões de comissão de empresas fornecedoras do órgão. Se vale tudo na cúpula, por que não entre os mais sofridos?
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Exemplo por exemplo temos mais bons do que maus. Além disso, não se pode reputar as mazelas apenas a macaquices.
Então falarei mais claramente. Além de proporcionar os maus exemplos, as nefastas ações afastam o dinheiro da Nação. Repare o que hoje acontece, já que assim quer Russomanno: ao lado de donos do laranjal da Delta
O primeiro grande golpe é que foi  decisivo. Ele aconteceu na calada da noite do dia 15 de novembro de 1995. Quem passava na Esplanada de sua capital podia ver as luzes acesas do Ministério da Fazenda. Os técnicos monitoravam uma operação que sangrou o Brasil em nada mais nada menos do que 30% de todo o dinheiro existente no país. Embarcaram a estupenda cifra num Boeing destinado ao norte. E lá se foram quase todas as notas de cem reais. Sobraram apenas algumas espalhada em colchões. Sem dinheiro em circulação todos colhem crimes de montão. Dados da Advocacia Geral da União obtidos pelo GLOBO mostram que pelo menos R$ 67 bi foram desviados dos cofres federais em 8 anos Segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a cifra é dez vezes maior.
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Péra. Ninguém tomou conhecimento do tremendo golpe financeiro ? 
Muita gente soube, sim, mas ninguém deu muita bola. Banqueiros subornaram as autoridades antes que elas se tornassem autoridades. Saiu barato. Como em livros de jogo-do-bicho e agendas de traficantes, na pasta-cor-de-rosa foram elencados os participantes do ágape. Eleito o cavalo-do-comissário, os investidores foram autorizados a saquearem as contas de seus correntistas. Parte dos depósitos dos bancos que não participaram da torpe partilha cobriram o rombo. Por isso o juro subiu. Se continuasse baixo, não ia ter dinheiro suficiente para emprestar. Os reais subtraídos se transformam em dólares nos paraísos fiscais, para em seguida voltar ao país como investimentos em bolsas de valores e aquisições de patrimônio público a preço-de-banana. Eis a razão da carência monetária que assola o país já há dois periodos de vacas-magras, contrariando até a natureza. Eis a razão maior da criminalidade em massa, mas não só isso:  do desemprego em massa, divórcios em massa, de falências empresariais e redução do PIB. Eis, portanto, a principal razão das igrejas lotarem, de obterem um trânsito cada  vez mais neutótico e acidentado, de se abarrotarem consultórios psiquiatras. Perceba, ao paralelo, o êxtase dos economistas, dos burocratas, políticos e dos advogados.  É o efeito atômico da corrupção. Ela impede que os recursos expropriados da produção cumpram o destino prometido, e esta conclusão não requer maior inteligência, ou raciocínio. Você tem aí a voz corrente:
O corrupto impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico que é a confiança um no outro. Sem confiança e sem um elo social, não há a vida republicana, em que prevalece a 'coisa pública' (res publica), e, assim, as pessoas andam na rua com medo da violência.Renato Janine Ribeiro - Folha Explica A República
Além do ato criminoso prejudicar a viabilização que justifica o Estado, com isso frustrando a comunidade de receber, pelo menos em parte, os valores gerados às custas de muito sacrifício, a corrupção ainda turva o tecido social, impregnando o descrédito, tornando sua face lisa, e por ela escorregam atores multiplicados. Dessarte muitas empresas nacionais e internacionais não titubeiam em adotar os mesmos critérios de lucro e crescimento. Primeiro subornam antecipadamente os futuros eleitos, como salvaguarda à sua vileza. Na omissão governamental, os consumidores abarrotam juizados especiais e de primeiro grau com queixas abusos dos bancos, operadoras de telefonia, empresas de distribuição de energia, empreiteiras, etc. Igualmente não são necessárias maiores explicações para se conceber como as atitudes desse imenso rol de escalões superiores são imitadas nas camadas inferiores.
Paralisado pela incompetência crônica que não poupa nenhum dos quase quarenta ministérios e sufocado por um rosário interminável de denúncias de corrupção, o governo federal e sua base alugada empregam mais tempo na tentativa de minimizar os estragos da bandalheira institucionalizada do que no dedicado à solução dos graves problemas conjunturais e estruturais que se acumulam e cobrem de incertezas o futuro do país. Acuados, refugiam-se covardemente nas maravilhas de um país de araque que existe apenas no imaginário deturpado desse bando que, liderado por um dos maiores blefes políticos que já se teve notícia, utiliza-se da mais indecente campanha publicitária para mentir à Nação. É só uma questão de tempo 
Se quem deve dar o exemplo demonstra tamanha certeza configurado no sucesso, como supor que aprendizes, meros espectadores ou subalternos ajam desconformes? Satisfeita?
Convencida. Credo! Nosso caminho é longo. Urge a faxina no vértice, para  que a próxima geração usufrua de base mais honesta, civilizada.
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