segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Da depressão econômica brasileira

O essencial para Hobbes não era a desmistificacão do poder, mas antes a representação da ordem política como um gigantesco autômata, que autorizaria a intervenção de técnicos qualificados. Governantes sensatos, inspirados pela razão científica, poderiam modificar o curso da vida social num sentido favorável a maioria dos interessados. BASTOS, Wilson de Lima: 173.
Diferentemente da depressão psicológica, que se instala etérea, e só pode ser tratada de modo especulativo através da construção estérea a contemplar darksides, a econômica sempre é fruto exclusivo de uma racionalidade que se prova irracional. "A viciosidade peculiar do racionalismo é que ele destrói o próprio conhecimento que possivelmente viria salvá-lo de si próprio, ou seja, o conhecimento concreto ou tradicional " (FRANCO, P., cit. GIDDENS: 39) Sua carência de razão se deve ao prosaico motivo: não há, e com toda certeza jamais haverá computador capaz de conjecturar a enorme gama de variáveis que rege a conduta do ser humano.
O legislador parece o homem que traça sua rota no meio dos mares. Ele também pode dirigir o barco que o transporta, mas não poderia mudar sua estrutura, criar os ventos, nem impedir que o Oceano se erguesse a seus pés. TOCQUEVILLE, A, A Democracia na América: 185
Há muito os indicadores apontam à recessão brasileira. "No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem retração de 8,9%, o que configura o pior desempenho da série histórica. O setor de bens de capital foi o mais afetado... com redução de 25,7% na produção." (Folha de São Paulo, 2/10/2009) A rigor, já por década se acentua a paralisia. O presente toca mais forte alarme. O mercado financeiro reduziu pela quinta semana consecutiva a previsão de crescimento da economia brasileira, que caiu de 1,73% para 1,64%, na pesquisa Focus  -
Os sucessivos remédios importados dos EUA não tem surtido nenhum efeito - ao contrário, agravam as mazelas. Brasil tem 60,9 milhões de pessoas endividadas, segundo Banco Central “A política econômica está se transformando num emaranhado de medidas desconexas, pontuais, que não estão atuando no sentido de ganhar tempo para que se encontrem estratégias de longo prazo”, advertIu Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, “As estratégias de longo prazo passaram a ficar de lado. Estamos perdendo o foco da política econômica”,  inquieta-se o especialista do IPEA.  A cada trinta dias, o ministro da Fazenda repete que o mês não cumpriu o combinado, mas o próximo será bem melhor, embora não tão bom quanto o seguinte. Economia sem músculos "O Brasil já atravessou zonas de turbulência econômica até sem piloto. O problema agora é o excesso de fanfarrões na cabine. Sobram comandantes de araque. Falta plano de voo." Os curandeiros no comando da economia acham que ufanismo rastaquera cura crise
Criadores de modelos macroeconômicos finalmente descobriram aquilo que Henry Hazlitt e John T. Flynn (entre outros) já sabiam desde os anos 1930: o New Deal de Franklin Delano Roosevelt (FDR) alongou e aprofundou a Grande Depressão. Não passa de mito a tese de que FDR 'nos tirou da Depressão' e 'salvou o capitalismo de si próprio', como tem sido ensinado a gerações de americanos (e, conseqüentemente, ao resto do mundo) em todas as instituições educacionais estatais. Thomas J. Lorenz
No fito de robustecer os elementos fixados as grotescas manipulações monetaristas, financeiras e tributárias  apenas confirmam a desorientação político-econômica que assola nosso grupo dirigente, bem como as consequências de sua parcial racionalidade . Economistas rebaixam projeção do PIB, de novo

Desde a publicação, em 1936, da primeira edição da Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda, de John Maynard Keynes, a quase totalidade dos economistas passou a acreditar nas chamadas políticas de ‘sintonia fina’, isto é, em uma pretensa capacidade dos governos de, mediante intervenções na ordem espontânea de mercado, evitar flutuações ‘indesejáveis’ no emprego dos fatores de produção e, assim, impedir as oscilações na produção. SKIDELSKI: 5
"É incrível o que Keynes pensou. Ele foi muito mais do que um economista. O que ele escreveu é muito mais relevante para a Economia do que tudo que fizeram depois" (Antônio Delfim Netto)  Os doutores então enxugaram ao máximo o parque produtivo, carreando o montante ao tal Fundo Soberano. Tal determinação continha dois predicados mais salientes: pela restrição circulatória, o Real poderia manter facilmente seu valor cambial; ademais, provava o "acerto" da política econômica ao quitar algumas dívidas com FMI, e fazer altas doações a países estrangeiros, sob asmais criativas rubricas.  O Brasil reluzia no cartaz. "O capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado."(Ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, IstoÉ - Dinheiro.) Esquece a Exa. que o verdadeiro lastro de nossa moeda não é o Euro, tampouco o Dolar, sequer o ouro. Em qualquer país do mundo é a produção que garante o valor da moeda, e não o contrário. E este capital não se forma por acúmulo, mas por fluxo.
Ao constatar o exagero da hipertrofia o autor se apresenta com tubos e conexões de oxigênio, na crença de que pode recuperar o paciente, mas seus métodos, por serem contrapartida exata das insanidades cometidas, por se equilibrarem no eixo de disputa original, contém os mesmos vícios, de maneira a tornar ainda mais distante o equilíbrio tão ansiosamente buscado. "O curso natural das coisas não pode ser inteiramente dominado pelos esforços impotentes do homem, pois a corrente é demasiada rápida e forte para que a interrompa; e posto as regras que a orientam aparentem ter sido estabelecidas para os melhores e mais sábios propósitos, às vezes produzem efeitos que escandalizam todos os nossos sentimentos naturais." (SMITH, Adam, 1999: 204)
A expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 foi reduzida no Focus pela sexta vez, passando a 1,62% após 1,64% na semana anterior.
Nas ciências humanas, não basta, pois, como acreditava Durkheim, aplicar o método cartesiano, por em dúvida verdades adquiridas e abrir-se inteiramente aos fatos, pois o pesquisador aborda muitas vezes os fatos com categorias e pré-noções implícitas e não conscientes que lhe fecham, de antemão, o caminho da compreensão objetiva. GOLDMAN, Lucien: 33
"Mas os governos, e aqueles que os assessoram nestas questões, sofrem da ilusão de controle. Não é possível, no estado corrente do conhecimento científico, fazer previsões econômicas de curto prazo com razoável grau de precisão." (ORMEROD, P. 2000: 124.) A interferência governamental nos setores que seleciona irriga maravilhosamente a imensa área escolhida, mas às custas da outra infinitamente maior, que soma o país inteiro.
Políticas baseadas em favores fiscais para setores selecionados e muito protecionismo continuam sendo a regra. O governo classifica esse jogo como política industrial. De vez em quando as autoridades, como se cumprissem um ritual, mencionam a busca da competitividade como um de seus objetivos. Mas a prática mostra algo muito diferente. O enfoque setorial continua dominante e a lista dos beneficiados simplesmente se amplia de acordo com o poder de pressão dos vários grupos. As chamadas políticas horizontais - dirigidas para o conjunto da economia - continuam quase totalmente ignoradas. O 'pas de deux' da economia
Identifica-se, aqui, o que Roger-Gérard Schwartzenberg cognomina do novo triângulo do poder nas democracias, que junta o poder político, a administração (os gestores públicos) e os círculos de negócios. Essas três hierarquias, agindo de forma circular, cruzando-se, recortando-se, interpenetrando-se, passam a tomar decisões que se afastam das expectativas do eleitor .Presos na teia de aranha
 Política fiscal ardilosa "O eleitor" paga a festa:
Um exemplo é a incidência de impostos na folha salarial, completamente desproporcional em relação aos nossos competidores emergentes. Na média dos emergentes, os tributos sobre a folha salarial ficam ao redor de 5% do PIB. No Brasil, ficam em 9%. Outra questão é a incerteza jurídica dos contratos de trabalho. O país é campeão mundial de ações trabalhistas. E a incerteza jurídica está presente em diversas esferas, como nas concessões de infraestrutura. 'Falta ao Brasil vocação para a poupança', avalia economista
Justiça do Trabalho engarrafada com um total de 22 milhões de ações
"Uma política montada em favorecimentos, reservas de mercado (às claras ou disfarçadas) e exigências excessivas de conteúdo local não é sustentável." (Nova tentativa -Celso Ming) "Onde existe crescimento econômico, estão também emergindo mais formas de governo de livre mercado - uma aceitação do fato de que as pessoas, e não a determinação política, criam a oportunidade econômica." (NAISBITT, J.. Paradoxo Global 265). Na formação do PIB despontam as microempresas. Elas atingem todos os campos produtivos.
Como o próprio conhecimento é organizado relacionalmente ou na forma de hipermeios - significando que pode ser constantemente reconfigurado - a organização tem de se tornar hiperflexível. É por isso que uma economia de firmas pequenas, que interagem, reunindo-se em mosaicos temporários, é mais adaptável e, em última análise, mais produtiva do que uma outra construída em torno de uns poucos monolitos rígidos. TOFFLER, A., 1992: 199
Elas investem, produzem e também consomem, complementando o ciclo. As microiniciativas oxigenam todos os poros da nação. Pequenos negócios amparam mão de obra
Classe média quer empreender
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