domingo, 30 de janeiro de 2011

Mundo das Arábias cai na real

Desenvolvido por Plotino (205/270) no início do século IV, em meio à decadência do Império Romano, o neoplatonismo tornou-se uma das mais importantes correntes filosóficas da época e foi a última contribuição do pensamento grego à filosofia Ocidental. O neopitagorismo, que sobrevivera desde o século - IV como um modo de vida verdadeiramente religioso, também acabou por se fundir com o neoplatonismo  www.greciantiga.org
Quando moço, esse Deus do Oriente era ríspido e estava sedento de vingança: criou um inferno para deleite dos seus prediletos. Por fim, fez-se velho e brando e terno e compassivo, assemelhando-se mais a um avô do que a um pai, e até mais a uma avó decrépita. 
NIETZSCHE, F., Assim falou Zaratustra
O vírus
Por volta daquele século do cretino, digo Plotino, sorry, quando a civilização cumpria seus parcos quatro anos de idade, como reduzo, uma anciã muito astuta contou-lhe incrível estória: seu filho havia recebido uma mensagem daquele que diziam ter subido aos céus, depois de cruxificado, e portanto, todos lhe deviam obediência. Eis como nasceu e se firmou o Império do Desatino, digo, Bizantino, "Segundo Eusébio de Cesaréia, o primeiro historiador da igreja cristã, falecido em 341, foi o próprio imperador CONSTANTINO, O Grande, quem lhe confessou ter tido as duas visões que o convenceram de que Cristo o escolhera para missões extraordinárias."
Em virtude dessa estreita associação entre o poder do Estado e a autoridade religiosa, o catolicismo, em toda a parte em que predominava, opunha-se a liberdade de consciência e as liberdades democráticas, com o apoio do braço secular do poder civil. GUSDORF: 80
Na adolescência do XIII a civilização começou a se dar conta da falsidade ideológica pela qual fora vítima durante seu período impúbere: "As Cruzadas não diziam respeito apenas à libertação do Santo Sepulcro, mas antes a saber qual dos dois venceria na terra." (SAID, EDWARD, Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente: 180)*
A armação começou a despencar no confronto com a realidade apreciada por Galileu: não éramos o centro das atenções de Deus. Embora admita sofrer influências de todos os corpos em sua velocidade, e mesmo as projetadas por nossa consciência, o Universo não gira ao nosso redor. A estória que Deus fizera tudo ao deleite de Sua imagem e semelhança sofria seu maior abalo  "A ciência havia destronado a teologia, colocando no altar a deusa da Razão." (SOARES, M.P.: 25)
"Allons enfant: Abaixo o Rei Divino!  Viva a liberdade, igualdade, fraternidade!"  Doravante seríam parcos democratas, muitos nazi-fascistas, e crescentes comunistas, e não mais alguma Entidade Superior  & seus exércitos de salvaçao que dividiriam as responsabilidades pelo destino de todos.
A contaminação
Foi o tempo em que os povos da África viviam em perfeita harmonia entre si mesmos, com a natureza e as suas divindades.Ainda apegados e obedientes à tradição dos antepassados, tudo ao seu redor transmitia paz e tranqüilidade. E, assim através do sistema de transmissão oral da tradição dos antepassados, as gerações foram se sucedendo e perpetuando estas heranças do passado. Haja visto que, para o africano, o que deu certo no passado, vale também para o presente e com certeza norteará igualmente o futuro. Entretanto os tempos mudaram e com a influência dos povos brancos colonizadores, a África foi perdendo a sua coloração cultural original. E, hoje o continente africano está sofrendo as conseqüências deste "período negro" da sua história. E o povo, traz cravados no seu coração os estigmas da divisão, do ódio e da exclusão. www.pime.org.br/mundoemissao/atualidadesafricamal
Outro exemplo de Ser Positivo é o 'Deus Organizador', em que a divindade (ou divindades) exerce o papel de controlador da oposição primordial entre Ordem e Caos. O Caos representa o Mal, a desordem, e é simbolizado em vários mitos por monstros como serpentes ou dragões, ou simplesmente deuses maléficos que lutam contra outros deuses em batalhas cósmicas relatadas muitas vezes em textos épicos, como no caso do Eubuma elis dos babilônios. GLEISER, M, A Dança do Universo Dos Mitos de Criação ao Big-Bang: 31
O esquema aplicado  no Oriente Médio foi rigorosamente clonado de Bizâncio:
Maomé foi criado por um avô e um tio. Até os 20 anos foi pastor, quando, então, empregou-se na caravana de uma rica viúva chamada Kadidja, com quem veio a se casar mais tarde e de quem teve uma filha. Atuando como caravaneiro, tomou contato com as duas religiões monoteístas da época: o judaísmo e o cristianismo, das quais extraiu elementos para fundar uma nova religião monoteísta. Após um isolamento no deserto, voltou à Meca, onde, afirmando ter recebido mensagens de Deus, através do Arcanjo Gabriel, tentou divulgar sua doutrina. Dizia-se instrumento de Deus, enviado aos árabes para ensinar- lhes o caminho da salvação.  Em 632, o profeta Maomé morreu e foi sucedido pelos Califas (seguidores do profeta). Um elemento da religião fundada por Maomé serviu de justificativa para a expansão territorial verificada no século seguinte. Segundo os preceitos islâmicos, todo seguidor de Maomé deve ser um soldado encarregado de levar a fé a todos os “infiéis”(djihad = Guerra Santa). Tal motivação levou os árabes, comandados pelos califas, à expansão por vastas áreas do Mediterrâneo. Gilbert Patsayev Miranda, O mundo árabe.
Num quadro mais holístico, e as datas igualmente sugerem, o islamismo não passa de uma extensão bizantina 
O Islã  (do árabe الإسلام, transl. al-Islām) é uma religião monoteístaPenínsula Arábica no século VII, baseada nos ensinamentos religiosos do profeta Maomé (Muhammad) e numa escritura sagrada, o Alcorão. A religião é conhecida ainda por islamismo. Na visão muçulmana, o Islão surgiu desde a criação do homem, ou seja, desde Adão, sendo este o primeiro profeta dentre inúmeros outros, para diversos povos, sendo o último deles Maomé.Cerca de duzentos anos após Maomé, o Islão já se tinha difundido em todo o Médio Oriente, no Norte de África e na Península Ibérica, bem como na direcção da antiga Pérsia e Índia. Mais tarde, o Islão atingiu a Anatólia, os Balcãs e a África subsaariana. Recentes movimentos migratórios de populações muçulmanas no sentido da Europa e do continente americano levaram ao aparecimento de comunidades muçulmanas nestes territórios.A mensagem do Islão caracteriza-se pela sua simplicidade: para atingir a salvação, basta acreditar num único Deus, rezar cinco vezes por dia voltado para Meca, submeter-se ao jejum anual no mês do Ramadão, pagar dádivasperegrinação à cidade de Meca.O Islão é visto pelos seus aderentes como um modo de vida que inclui instruções que se relacionam com todos os aspectos da actividade humana, sejam eles políticos, sociais, financeiros, legais, militares ou interpessoais. que surgiu na rituais e efectuar, se possível, uma (Wikipédia)
A pergunta que costumo fazer é: salvam-se do quê, mesmo?
Pois esse mundo árabe, talvez porque mais voltado aos algarismos arábicos, ainda não foi bem informado sobre a chegada do Iluminismo e da derrocada daquele original greco-romano, que dirá de teorias atômicas, em que pese propalá-las. Queria ver alguém recitando Nietzsche à juventude!  .
A palavra cifra vem do árabe ar (chafra), significando « sinal », através do latim medieval cifra, que significava « zero ». A palavra árabe ṣifr deriva do sânscritośūnya, que tem o mesmo sentido (vazio, zero). O zero, por constituir a inovação mais importante do sistema numérico árabe, acabou por designar o conjunto das cifras.
A palavra pode ser, mas as duas inesgotáveis artimanhas - a religiosa e a numeral - emanam da mesma fonte. Ambas são presentes gregos:
A ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um 'demiurgo' (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável.  PLATÃO, Timeu: 26a
A idéia é originalmente devida a Platão, que, sem dúvida influenciado pelas concepções pitagóricas, foi o primeiro a afirmar que o círculo, cujas partes são todas iguais entre si, é por essa razão a mais perfeita figura geométrica, e, portanto, como os corpos celestes são eles mesmos perfeitos, o único movimento que lhes é possível é o movimento circular uniforme. A tarefa dos astrônomos a partir de então foi construir um modelo matemático que explicasse os dados observacionais da astronomia, e no qual os planetas seriam dotados de movimentos circulares uniformes. BEN-DOV: 19
"As linguagens artificiais inventadas pelos lógicos matemáticos a fim de servirem de suporte as suas teorias dedutivas formais foram, justamente, as que interessavam Tarski quando desenvolveu a sua definição de verdade." (BACHELARD, G. O Atomismo Positivista, cit. em QUILLET, P. : 156)
Abd Allah al-Ma’mún (...) entrou em entendimentos com os Imperadores de Bizâncio, deu-lhes ricos presentes e lhes solicitou a doação dos livros de Filosofia que possuíam. Os Imperadores enviaram-lhe obras de Platão, de Aristóteles, de Hipócrates, de Galeno, de Euclides, de Ptolomeu etc. Al-Ma’mún então escolheu eméritos tradutores e os encarregou de traduzir o melhor possível aquelas obras. A tradução sendo feita com toda a perfeição possível, o Califa estimulou seus súditos a lê-las e os encorajou a estudá-las. Em conseqüência, o movimento científico desenvolveu-se no reinado deste príncipe.SAID, AI Andalusi [1029-1070], in As Categorias das Nações. - Cit. GOTHIER, L. e TROUX, A.: 45.
A sandice pode até propiciar alguma verdade, ou com ela coincidir; mas sua  base é totalmente fora da realidade.
O agito do Egito
O general Mubarak foi aclamado "herói nacional" por causa dos confrontos do Sinai,  de Gaza (Guerra dos 6 dias) e da Guerra do Kippur de 1973. Hosni Mubarak chegou ao poder em outubro de 1981, depois do assassinato, "por parte de extremistas islâmicos", do presidente Anwar Sadat. Mubarack  era o vice-presidente e se tornou o sucessor natural. Até hoje. Ora o "principe" parece cumprir o tradicional desfecho reservado ao´principal ator da gloriosa peça de Maquiavel - trágico, deplorável, melancólico -  para o deleite da platéia. 


Os manifestantes atacaram o caminhão de canhão d’água da polícia, abrindo a porta do condutor e ordenando-lhe sair do veículo. Alguns lançaram pedras e montaram barricadas de metal. Os policiais repeliram os manifestantes com cassetetes quando eles tentaram romper os cordões de isolamento para se reunirem à manifestação principal no centro da cidade. Washington Post
Sobre a preocupação de que o Egito possa se tornar um novo regime sob o poder do fundamentalismo islâmico, o egípcio Mohammed ElBaradei, prêmio Nobel da Paz em 2005  disse que isso é um mito criado por Mubarak,  e que o Movimento Irmandade Muçulmana  não é extremista. "Eles são a favor de um estado laico e de uma constituição segura. Precisamos incluí-los na sociedade egípcia. Eles estão muito distantes das nações fundamentalistas", afirmou o nobel.
"Os grupos políticos apoiam ElBaradei para negociar com o regime", disse Essam el-Eryan à rede de televisão Al-Jazira. A Irmandade Muçulmana é a principal força política de oposição no Egito, enquanto ElBaradei é a mais proeminente figura pró-democracia do país.
Os distúrbios, batizados de "Dia da Fúria" por alguns ativistas na internet, foram inspirados na "Revolução do Jasmim", que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, há duas semanas. No Iêmen e na Jordânia também foram registradas manifestações. Nesta Hamman Saeed,  líder da Irmandade Muçulmana, de oposição ao governo do rei Abdullah 2º --aliado de Washington-- disse que as revoltas no Egito devem se espalhar por todo o Oriente Médio,  Com certeza. Mas esses tais de muçulmanos também não tem maior futuro, pelas mesmas razões.
Questão de ciência, não de crença
Outro, não menos importante, é o de pensar a modernidade. Porque esta não é um momento datado da história, definindo uma época. É o nome de uma ruptura, de uma crise relativamente à tradição. Estamos diante de uma nova episteme: da indeterminação, da descontinuidade, do deslocamento, do pluralismo (teórico e ético), da proliferação dos projetos e modelos, da ampliação de todas as perspectivas e do tempo da criatividade. JAPIASSÚ, H., Nascimento e morte das ciências humanas: 10
Quando Reagan declarou Guerra nas Estrelas os espetaculares supersônicos catalizaram as luzes da ribalta. A peça cogitada pelo ex-ator de Hollyood, contudo, era para outro cenário. Reagan daria um jeito de mostrar aos sofridos russos e alemães de que modo a vida poderia ser infinitamente melhor. 
O “Politburo” não queria, de nenhum modo, que os habitantes da URSS entrassem em contato com o que estava acontecendo no mundo ocidental pós-Segunda Guerra e fizessem indesejáveis comparações com o nível de vida, hoje diríamos o IDH, de países da Europa e dos Estados Unidos. No governo de Brejnev, esse rígido controle da mobilidade social e da informação internacional começou a se enfraquecer. Há quem pense mesmo que a penetração da mídia estrangeira e a inevitável comparação de níveis de vida, foram os fatores decisivos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do esfacelamento da União Soviética em 1991. Marshall MacLuhan sintetizou isso dizendo que as imagens da TV foram a causa da dissolução do comunismo soviético. Um pouco de exagero, mas com um fundo de verdade. Nikita Khrushev, fez uma visita aos Estados Unidos e foi levado à Disneylândia, na Califórnia. A mídia americana mostrou o sisudo russo divertindo-se pra valer, brincando em todos os brinquedos, maravilhado como se fosse uma criança num paraíso lúdico…(Mario Guerreiro, //www.imil.org.br/, 28/11?2010
Nada de novo no front ocidental. Para reunir os cowboys, um filme de farwest. Para implementar seus costumes pelo mundo afora, sua produção cinematográfica  se encarregava da missão, ainda grangeando enormes dividendos. Ao velho ator agora havia Televisão, e em tempo real. Mostra tudo e fala diretamente no ouvido do telespectador. Ninguém resistiria. Nem os soviéticos. Quando arriou a Cortina de Ferro.eles saíram de fininho, envergonhados. Agora tem muito mais. E para todos os povos. Todos podem tomar ciência e comparar episódios, aqui ou acolá. É muito fácil hoje em dia saber quem se dá bem, e quem se dá mal. A Internet se dissemina vertiginosa pelo globo, ao alívio da humanidade. Nada é mais como antigamente.
Todos sabem que a física newtoniana foi destronada no século XX pela mecânica quântica e pela relatividade. Mas os traços fundamentais da lei de Newton sobrevivem, seu determinismo e sua simetria temporal sobreviveram. A natureza não tem um nível simples. Quanto mais tentamos nos aprofundar, maior a complexidade com que nos defrontamos. Nesse universo rico e criativo, as supostas leis de estrita casualidade são quase caricaturas da verdadeira natureza da mudança. Há uma forma mais sutil de realidade, uma forma que envolve leis e jogos, tempo e eternidade. PRIGOGINE, I.: 19
Se à matéria ainda restam cercas, no mundo real, que inclui o visível e o invisível, o presente e o virtual, neste mundo não há, e arrisco, jamais haverá fronteira. Nem bateria antiaérea lhe alcança.
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* Chama-se cruzada a qualquer um dos movimentos militares, de caráter parcialmente cristão, que partiram da Europa Ocidental e cujo objetivo era colocar a Terra Santa (nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina) e a cidade de Jerusalém sob a soberania dos cristãos. Estes movimentos estenderam-se entre os séculos XI e XIII, época em que a Palestina estava sob controle dos turcosmuçulmanos. (Wikipédia)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cientistas do MIT consagram disposição da Nav's ALL

A proposta metodológica foi elaborada por um grupo de 12 pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology - EUA), sob a liderança de  Nobel de Biologia 1993, Philip Sharp. A apresentação se efetivou no fórum da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS)"*.
A convergência é um repensar amplo na forma como toda a investigação científica pode ser realizada, para que possamos capitalizar uma série de bases de conhecimento, da microbiologia à informática, passando pelos projetos de engenharia,  Ela envolve a colaboração entre grupos de pesquisa, mas, mais profundamente, a integração das abordagens disciplinares que eram originalmente vistas como separadas e distintas. Esta fusão de tecnologias, processos e dispositivos em um todo unificado irá criar novos caminhos e novas oportunidades para o avanço científico e tecnológico. 


A Terceira Revolução: A Convergência das Ciências da Vida, Ciências Físicas e Engenharia destaca os saltos cognitivos propiciados pelo conjunto científico e tecnológico.
A Nav's ALL recomenda incluir em pole-position a Filosofia, mater da segmentação, relegada justamente por este seu pecado original.
É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivíduo; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles. BOHM, D., Totalidade e ordem implicada: 17
Quando a filosofia vier a cooperar com o curso dos acontecimentos e tornar claro e coerente o significado dos pormenores diários, a ciência e a emoção hão de interpenetrar-se, a prática e a imaginação hão de abraçar-se. DEWEY, J.:205


massachusetts institute of technology, department of linguistics & philosophy
77 massachusetts avenue, 32-d808, cambridge, tel 617.253.4141 fax 617.253.5017 directions
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Links at MIT

*Fontes: web.mit.edu/dc/Policy/MIT%20White%20Paper%20on%20Convergence.pdf
www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=terceira-revolucao-convergencia-cientifica&id=010150110124&ebol=sim

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O mito e a precariedade do Direito

Na Grécia, berço das artes e dos erros e onde se levou tão longe a grandeza e a estupidez do espírito humano, raciocinavam sobre a alma como nós. 
VOLTAIRE, «13.ª carta», Cartas Filosóficas.
O diapasão religioso
Ao legislador não podemos, em nenhum ponto, lhe recusar a nossa, fé; e assim será também quando nos assegura ser a alma algo de completamente diferente do corpo e que, na vida, é justamente a alma, e não outro ser, que nos torna a cada um de nós o que propriamente somos. O corpo, pelo contrário, nos segue a cada um somente como uma espécie de sombra, dizendo-se, por isso, com razão que, sobrevindo a morte, os cadáveres não são mais do que simulacros dos mortos; pois, o verdadeiro homem é um ser imortal, cujo nome próprio é a alma, que entra na comunhão dos deuses para dar contas de si. PLATÃO Leis, 959
ZARATUSTRA bem me avisou sobre o perverso projeto pelo qual a civilização ainda é traída. O embaixador O.M. PENNA, (O espírito das revoluções: 83) constata a procedência: O “A afirmação mitológica da maldade inata na natureza humana encontra-se, como se sabe, na Bíblia. Ela está explicitada no episódio de Caim e Abel, como corolário da tese do Pecado Original; e foi filosoficamente elaborada por Santo Agostinho.”  Afeto aos gregórios, o ocidente vem assim engolfado, submetido; Submete-se docilmente, mas uma doçura adjacente da mais falsa humildade. A ambição desmedida exige a mentira, mas o medo ainda mais, de modo que um mente ao outro.
É necessário que tal cidade não seja una, mas dupla, a dos pobres e a dos ricos, habitando no mesmo solo e conspirando incessantemente uns contra os outros.  PLATÃO, A República, livro VIII., cit. SAUTET, M.: 252
A ideologia cria uma 'falsa consciência' sobre a realidade que visa a modo de suprir , morder e reforçar e perpetuar essa dominação. (Wikipédia)
Os criadores de Deus obtiveram seu passaporte ao introduzirem na mente de todos que sua Entidade era superior a qualquer outra, e assim vem conduzindo mansamente a quase totalidade do globo. A pessoa não tem a menor idéia como seria tão inimaginável poder, mas finge que acredita, assim enganando quem lhe rodeia, o qual por sua vez também se mostra fiel aos mais tradicionais preceitos, lapidados já por milênios. Todos os fatos que pude observar concomitantemente a um aprofundado estudo sobre este start e seus desdobramentos me garantem que a religião comete um pecado inimaginável, capital, sim, por decapitar todos os cérebros  em troca do seu mais do que simplório artifício.
Os homens tinham a teoria de que a matéria celestial era fundamentalmente diferente da matéria terrestre e que era natural que os objetos assim caíssem, enquanto era natural que os objetos celestiais, tais como a Lua, permanecessem parados no céu. BOHM, David, Totalidade e ordem implicada: 20
A civilização vem levada a crer que detém o livre-arbítrio, e assim é embretada entre o certo e o errado, o que pode, e o que não pode,
Bem e mal são categorias inventadas pelo homem para conviver. [...] A imensidão do espaço não pode ser analisada do ponto de vista do bem e do mal. Não tem sentido, nenhum sentido, do ponto de vista do bem e do mal. BOBBIO, N., e VIROLI, M.: 79
Os distintivos ocupam o âmago do ser humano: a alma, divina; o corpo, mundano. Eis a luta travada em maior ou menor intensidade por cada um de nós. As coisas do mundo, por pecaminosas, muito pesadas, precisam ser contidas, e a história mostra com clareza ao que leva os pecados capitais muito bem elencados pela grei eclesiástica. Ela própria é exemplo e testemunha, nas fulgurantes participações primeiro do crápula Constantino, quiçá a performance mais brilhante de um poder imbuído de forças extra-terrenas, e depois pelos papas renascentistas, os florentinos treinados por Maquiavel. Pois o livre-arbítrio existe justamente para ao se designar o nefasto a massa seja conduzida ao bem do introdutor, que pode até coincidir com o bem da massa, mas geralmente lhe amassa. Ela não vem ao caso, e assim o Ocidente vem empacotado. Entre uma centena de cientistas que tem a coragem de enfrentar o monstro criado, e o São Jorge louvado, e sei lá quantas trilhões de pessoas que já passaram pela face da Terra é óbvio que o cotejo tem vencedor, ainda antes de entrar em tela, de modo que sendo uma questão de crença, e não de ciência, cada qual deve cultivar a sua. Apenas um detalhe: nenhuma crença é pessoal, fruto da própria imaginação, Ela surge encorpada. Talvez o espiritismo possa explicar tanta reencarnação:
Herdam-se as leis e os direitos em profusão. Como uma eterna doença que segue sem parar, elas se arrastam de geração a geração, e se vão suave de lugar para lugar. Bom senso torna-se bobagem; benefício, tormento. Mefistótofoles, in GOETHE, Fausto: 65
A extensão do carma
O conhecimento dos fatos antigos, chamados históricos, afeta a interioridade e a exterioridade do homem que procura se conformar intimamente com mitos e heróis e que, externamente, se empenha em seguir seus modos de agir e dominar. Com esse comportamento, assimila o despotismo da história e assume a máscara de seus personagens centrais. MIORANZA, Ciro, in NIETZSCHE, F., Da utilidade e do inconveniente da história para a vida: 10
Exato. Fila indiana. O cruel MAQUIAVEL jurava que a natureza humana era essencialmente má e os seres humanos queriam obter o máximo ganho a partir do menor esforço, apenas fazendo o bem quando forçados a isso. No dizer de HOBBES o homem se fazia lobo do homem, um autômato. Pelo diagnóstico de DESCARTES, o indivíduo nasce dotado de más intenções. Conforme ROUSSEAU, o ser é produto de eterno conflito, igual ótica de HEGEL. No catastrofismo de MALTHUS, somos meros reprodutores. Pelos legisladores BENTHAM e MILL, ADÃO era muito egoísta. Mísero símio, na configuração de DARWIN. Exclusivo materialista, pelo prisma de MARX. Um elemento impregnado de neuroses e psicoses, de tanta guerra interna, pela interpretação psicanalítica de FREUD.
Existem tempos nos quais os homens são tão diferentes uns dos outros que a própria idéia de uma mesma lei aplicável a todos lhes é incompreensível. TOCQUEVILLE, A. 1997, Livro Primeiro, Capítulo III: 61
Estamos no XXI, o da Maioridade, mas a civilização continua engatinhando. Foi assim que ela começou a usufruir o mundo, de modo que se apresenta ainda mais infantil, por alienada, Que adianta trilhões e trilhões a trilhar o mesmo rumo? Neste caso bastaria Adão e Eva e fim! Mas, dizia, ainda na adolescência fora alertado, de modo que facilmente me livrei desses barbantes. O mesmo não se sucedeu, entretanto, com relação ao seu desdobramento cívico - a instituição da Lei, e da Justiça correspondente. Seria o Direito também dispensável? Uma sociedade que se afirma civilizada poderia se manter desprovida das amarras religiosas, e, para completar, fora de um Estado de Direito? O que diria o carrilhão elencado desde o adolescente XV? Poderia o ser humano de repente se tornar bonzinho, verdadeiramente celestial? Isso sim seria um mito, utopia par excellence. Perfeição absoluta? Não, propriamente,  mas que tal vislumbá-la, como sugere a própria metafísica pela plêiade invocada, no fito de nosso aperfeiçoamento, se não total, pelo menos o mais perto que pudermos do arco, por que não? E é mesmo tendência natural o ser humano buscar o aprimoramento em todas as áreas e sentidos nos quais atua. Consciente atalha caminho. "Estados de Direito", a meu ver, são todos constituídos.  Em Cuba não se pode dizer que haja Estado de Direito; no entanto, a Nação cumpre as leis impostas, de modo que para os cubanos não só há o direito, como sérias penaliidades para quem ousar desdenhá-lo. A Venezuela do companheiro Chávez lhe complementa.
Como tocar a Justiça e o Direito que lhe corresponde na vala comum religiosa, taxando-a também categoricamente de mito, assim requerendo sua desconsideração por nulidade, mas não só por isso, um zero altamente prejudicial, porquanto o buraco-negro é forte para arrastar apaixonadas razões? A razão é elementar: elas são irmãs de sangue; a rigor, siamesas, na  mútua dependência:
Durante o século IV a.C., verificou-se, no mundo grego, uma revivescência da vida religiosa. Segundo alguns historiadores, um dos factores que concorreram para esse fenômeno foi a linha política adotada pelos tiranos: para garantir seu papel de líderes populares e para enfraquecer a antiga aristocracia, os tiranos favoreciam a expansão de cultos populares ou estrangeiros. Dentre estes cultos, um teve enorme difusão: o Orfismo (de Orfeu), originário da Trácia, e que era uma religião essencialmente esotérica. Wikipédia
Os Trinta Tiranos  introduziram na mente de todos que Leviathan deve ser superior aos cidadãos, invariavelmente súditos. Cabe-lhe. pois, definir aos incautos o que devem e o que não devem fazer, para bem servi-lo.
Em termos religiosos, este tratamento do indivíduo, considerado simplesmente como parte da comunidade, é uma negação da relação pessoal entre a alma e Deus e uma substituição do culto de deus por um culto da comunidade humana - o Leviathan, isto é, a repulsa ao isolamento que está onde não devia estar. O culto do Leviathan é uma enormidade moral, (no sentido de um grande absurdo ou de uma anomalia moral) mesmo em sua forma mais nobre ou suave TOYNBEE, A., Estudos de História Contemporânea - A civilização posta à prova : 219.
A história do Império romano é também a história da subversão, do império das massas que absorvem e anulam as minorias dirigentes e se colocam em seu lugar. Então se produz também o fenômeno da aglomeração, do cheio. Por isso, como observou muito bem Spengler, foi preciso construir, como se faz agora, edifícios enormes. A época das massas é a época do colossal, 0 trágico daquele processo é que, enquanto se formavam estas aglomerações, começava o despovoamento das campinas, que havia de trazer a diminuição absoluta no número dos habitantes do Império. Vivemos sob o brutal império das massas. Perfeitamente; já chamamos duas vezes "brutal" a este império, já pagamos nosso tributo ao deus dos tópicos; agora, com o bilhete na mão, podemos alegremente ingressar no tema, ver por dentro o espetáculo. GASSET, José Ortega Y, Rebelião das massas.
O Renascimento aconteceu por clonagem:
A Academia Platônica, fundada por Marsilio Ficino, com consentimento de Cosme de Medici, elabora com efeito uma doutrina destinada a uma larga difusão, por longo tempo benéfica à manutenção da hegemonia cultural florentina, mas da qual os Medici são os primeiros a tirar vantagem concretamente. LARIVAILLE, P.: 161.
Destaco sua precariedade a fim de ensaiar uma formulação social despida de preconceitos, sem condicionamentos, sejam  religiosos, jurídicos,  históricos, ou  ideológicos.
Tanto o Direito como a Política jamais poderão ser reduzidos aos esquemas axiomáticos-dedutivos, expressos pelas ciências exatas, as quais se caracterizam por conter um elemento interno de coerção, que as torne indiscutíveis - mas sim, com um repertório de topoi, ou seja, certas fórmulas de procura - para usar as palavras de Viehweg, pontos de vistas universalmente aceitos e utilizados, empregados tanto a favor como contra e parecem conduzir a verdade. FARIA, José Eduardo, Justica e Conflito, Os juizes em face dos novos movimentos sociais: 87
Querer encerrar todo o direito de um tempo ou de um povo nos parágrafos de um código é tão razoável quanto querer prender uma correnteza numa lagoa. Cada um desses códigos estará superado necessariamente pelo direito vivo, no momento em que estiver pronto, a cada dia ainda mais antiquado. ERHTICH, EUGEN, cit. COELHO, LUIZ FERNANDO, Teoria Crítica do Direito: 286
Reversão
O estudo de como surge a ordem, não em conseqüência de um decreto de cima para baixo da autoridade hierárquica, seja política ou religiosa, mas como resultado de auto-organização por parte de indivíduos descentralizados é um dos acontecimentos mais interessantes e importantes de nossa época. FUKUYAMA, F., 2000: 18
A natureza, a qual  faz-se per se, em evolução atômica, expansiva, e não  Deus, tampouco o Estado, e muito menos nós, é muito mais ampla do que qualquer consciência ou imaginação, superior  a qualquer técnica, ou artifício que se possa promover. Precisamos apenas melhor conhecê-la, em vez de mirarmos nosso socrático umbigo. E ela se muove, anunciou Galileu. 
Acredito que quem estiver entrando no caminho da iluminação será absolutamente impecável em tudo o que fizer. E por causa do medo da condenação? Não. Ou de punição de Deus, ou porque pequei e não alcancei o perdão? Não, não, não. Os verdadeiros iluminados verão que toda a ação tem uma reação com a qual eles terão de lidar, e se formos sábios, não faremos coisas que nos levarão a ter deenfrentar resolver e equilibrar isso em nossa alma mais tarde. Esse é o verdadeiro critério.LEDWIN, M., cit. ARNTZ, W.: 203
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A ciência da incerteza

A obsessão em dominar a natureza esconde a verdadeira obsessão do homem: dominar o caos, ou, em outras palavras, ter previsões seguras que evitem a queda no abismo. Para isso, ele inventou a ciência e tratou logo de criar leis deterministas que dessem estabilidade aos fenômenos naturais. A física de Aristóteles, a mecânica de Newton ou a abóbada de Ptolomeu tinham a função primordial de ordenar os acontecimentos da natureza, explicando suas origens e tentando prever seus movimentos. PENA, Felipe, Biografias em fractais: múltiplas identidades em redes flexíveis e inesgotáveis. - Revista Fronteiras – estudos midiáticos VI(1):79-89, janeiro/junho 2004
Em breve, certamente, daremos o último passo, e a autoridade da ciência se imporá de modo completo no domínio dos conhecimentos sociais. Então, chegaremos a fazer uma política racional, como já fazemos máquinas elétricas racionais, porque construídas unicamente sobre dados positivos, e não sobre tendências subjetivas. J. Novicow, 1910. 10
O ideal seria uma ordem jurídica tão bem elaborada, leis tão claras e tão completas que, no limite, a justiça pudesse ser administrada por um autômato. PERELMAN, C.: 69 

O que tempos atrás era apelidado erroneamente de 'pós-modernidade' traduz-se na crescente convicção de que a mudança é a nossa única permanência. E a incerteza, a nossa única certeza.  Zygmunt Bauman, Estadão
NIETZSCHE  (cit. MATOS, Olgária, A polifonia da razão, 1997: 134) não viveu para se divertir com o advento da Quântica e da Relatividade, mas a tempo de advertir:
Em algum ponto perdido deste universo cujo clarão se estende a inúmeros sistemas solares, houve uma vez um astro sobre o qual animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o instante da maior mentira e da suprema arrogância da história universal.
A Física substituia a estéril Filosofia, com evidentes vantagens. "A mecânica de "Newton promete um poder de previsão vastíssimo que faz com que um instante forneça todas as informações possíveis sobre o passado e o futuro do Universo." (COVENEY, PETER e HIGHFIELD, ROGER: 24)
As ciências humanas acreditaram nas coincidências, e abandonaram a própria raia, em troca do flamante pavimento numerado
O raciocínio quantitativo tornou-se sinônimo de ciência, e com tal sucesso que a metodologia newtoniana foi transformada na base conceitual de todas as áreas de atividade intelectual, não só científica, como também política, histórica, social e até moral. GLEISER, Marcelo: 164.
A concepção do universo que por sua influência alcançou aceitação geral era um mecanismo dirigido por princípios matemáticos, sem cor, perfume, sabor e som. A ciência havia estendido os limites do universo, mas convertido em máquina sem vida, que marchava de acordo com forças capazes de ser formuladas matematicamente, não a expressão poética. GUSDORF, G.: 164
Em 1822, o opúsculo Plano dos Trabalhos Científicos Necessários para a Reorganização da Sociedade» decretava:
Toda a ciência tem por fim a previdência. Porque a aplicação geral das leis estabelecidas segundo a observação dos fenómenos tem por fim prever a respectiva sucessão. Na realidade, todos os homens, por pouco instruídos que os julguemos, fazem verdadeiras previsões, fundadas sempre sobre o mesmo princípio, o conhecimento do futuro pelo passado.(...) Está, portanto, evidentemente muito conforme com a natureza do espírito humano que a observação do passado possa facultar a predição do futuro, e que o possa fazer tanto em política como em astronomia, em física, em química e em fisiologia. (COMTE, Augusto, Reorganizar a Sociedade, Guimarães Editores, 4ª Ed., Lisboa, 2002, : 146.)
Nietzsche morreu com a pecha de louco; e os sensatos, estenderam a ilusão. A Economia se restringiu à má temática;  o Direito* foi remoldado, digo até entortado; a História, quanto muito, reduziu-se em parciais narraticas, capitulares; e pára entender o serpenteado platônico, tanta elucubração, mistificação & tragédia,  a Psicologia e a Sociologia* tiveram que ser inventadas. "A ciência seria a única forma de moral, e religião possível. Descreve como os fatos ocorrem, transformando-os em leis a fim de poderem ser previstos." (ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2003: 776-777).
A matemática é incompleta; não pode, jamais, alcançar a certeza absoluta.
Kurt Gödel *-
Para garantir que o mundo esteja sempre no mesmo padrão de horário, 400 relógios atômicos foram distribuídos pelo planeta há anos. Mas, como a rotação da Terra não é sempre igual e pode ser afetada até mesmo por terremotos, esse horário absolutamente preciso marcado pelos relógios atômicos precisa ser corrigido uma vez a cada quatro ou cinco anos. Isso é feito adicionando um segundo a mais nos relógios, permitindo a sincronização do horário oficial mundial com o horário astronômico, que respeita a real rotação da Terra.

MAX BORN (cit. Brian: 374) não entendia como era possível conciliar um universo mecânico com a liberdade e a correspondente ética individual: "Um mundo determinista é, para mim, um mundo muito aborrecido” Einstein (1997: 15) já havia recolocado o instrumento no devido lugar:"As teses de matemática não são certas quando relacionadas com a realidade, e, enquanto certas, não se relacionam com a realidade." Embora até se pareça, o Universo não é um simples relógio: Koyré (cit. MATOS, Olgária, Filosofia a polifonia da razão: Filosofia e educação. - São Paulo, Scipione, 1997:107) vai além: "Resulta daí que desejar aplicar as matemáticas ao estudo da natureza é cometer um erro e um contra-senso" ...
Antes pensava-se, por exemplo, que se pudéssemos conhecer todas as  partículas e forças do universo, seria possível prever exatamente todo o futuro do cosmo. Já as descobertas do século XX comprovaram que isto é impossível, devido não à nossa ignorância, mas à íntima natureza da realidade. (Giulio Meazzini, A Trama Profunda do Real; revista Cidade Nova. Vargem Grande Paulista, abril de 2002: 36).
Durante a segunda metade do século XIX, a economia sofreu uma influência muito grande do avanço das ciências exatas. Invejosos de seu sucesso e prestígio e cônscios do poder das matemáticas e de sua importância para seu próprio progresso, os economistas voltaram sua análise para essa direção. ORMEROD, P. 1996: 50
Houve Augusto Comte. Pensava conhecer o futuro que estava reservado à humanidade. E, portanto, considerava-se o supremo legislador. Pretendia proibir certos estudos astronômicos por considerá-los inúteis. Planejava substituir o cristianismo por uma nova religião e chegou a escolher uma mulher para ocupar o lugar da Virgem. Comte pode ser desculpado, já que era louco, no sentido mesmo com que a patologia emprega este vocábulo. Mas como desculpar seus seguidores? (VON MISES, Ludwig: 31)
 Apenas no limiar do XX é que a ciência tomou ciência, e mais ainda, consciência: 
Nossa penetração no mundo dos átomos, antes vedado aos olhos do homem, é de fato comparável às grandes viagens de descobrimento dos circunavegadores... Essa descoberta, com efeito, gerou uma novíssima base para que se compreenda a estabilidade intrínseca das estruturas atômicas, a qual, em última instância, condiciona as regularidades de todas experiências corriqueiras. BOHR, N., Física atômica e conhecimento humano: 30
A ordem implicada tem sua base no holomovimento, que é vasto, rico, e em um estado de fluxo infindável de envolvimento e desdobramento, cuja maioria das leis é vagamente conhecida, e que pode ser até incogniscível em sua totalidade. Logo, ela não pode ser apreendida como algo sólido, tangível, e estável aos nossos sentidos (ou aos nossos instrumentos). BOHM, David, Totalidade e ordem implicada: 192
O problema é ao mesmo tempo distinguir os acontecimentos, diferenciar as redes e os níveis a que pertencem e reconstituir os fios que os ligam e que fazem com que se engendrem, uns a partir dos outros. FOUCAULT, Michel, Microfísica do Poder: 5
A impossibilidade de se medir, ao mesmo tempo, a posição e a velocidade dos componentes do mundo quântico trouxe enormes limitações para o entendimento humano, uma vez que tudo na Natureza é composto por essas micropartículas. BIEHL, L.V.:21
Chegamos a uma situação que envolve uma imagem diferente da natureza e, portanto, também da ciência. Não acreditamos mais na imagem do mundo como uma imensa peça de relojoaria. Chegamos ao fim das certezas. Estava implícita na visão clássica da natureza a idéia de que, sob condições bem definidas, um sistema seguiria um curso único e de que uma pequena mudança nos parâmetros produziria igualmente uma pequena mudança nos resultados. Hoje sabemos que isso só é verdade no caso de situações simplificadas e idealizadas MAYOR: 12
Na complicação o pessoal prefere o velho pragmatismo,  ignorando o destino. Ruma à Marte, por não amar-te. Sorry.
Durante longo tempo o ideal do conhecimento científico foi aquele que Laplace havia formulado com sua idéia de universo totalmente determinista e mecanicista. Segundo ele, uma inteligência excepcional dotada de uma capacidade sensorial, intelectual e computacional suficiente poderia determinar qualquer momento do passado e qualquer momento do futuro. É essa visão pueril e talvez louca do mundo que está prestes a desmoronar, mas ela ainda reina, e efetivamente excluiu todo o problema da reflexividade. MORIN, Edgar 2000: 32
O resumo dessa ópera é que, no campo da previsão econômica, tudo ainda se passa no mundo da chutometria. E não deixa de ser engraçado observar o estilo com que os argumentos que pretensamente sustentam os chutes são articulados para lhes dar um ar de ciência exata. Jornalista-economista José Paulo Kupfe. Estadão, 21/12/2010
A Ciência Jurídica criada pela Modernidade não cumpre, razoavelmente, com seus objetivos no século XXI. O seu fundamento positivista carece de uma reflexão crítica acerca do papel que desempenha na Sociedade. AQUINO, Sérgio Ricardo Fernandes de. Apolo e dionísio: (des)conexões epistemológicas entre a ciência jurídica moderna e a política jurídica. In: Âmbito Jurídico, www.ambito-juridico.com.br
O princípio da relatividade deve ser mais geral ainda - devemos procurar a diferença de tempo nas realizações biológicas e sociais, - o tempo local das espécies e dos grupos humanos. Isto nos poderá explicar muitos fenômenos que resistem às explicações atuais. Mas para conseguir tais fórmulas muito terá que lutar o espírito humano contra os preconceitos que o rodeiam e contra as obscuridades da matéria que irá estudar. (MIRANDA, Pontes, cit. Moreira, I.C. 103)
Se os seres humanos houvessem de inspirar-se nos exemplos da Natureza, fazendo deles normas de conduta, a anarquia, a independência, o individualismo e o princípio do menor esforço passariam a ser os ideais humanos. GARBEDIAN, H. Gordon, A vida de Einstein: o criador do Universo:161
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A cor do? - Paulo Betto Meirelles
Acorda
A corda está prestes a arrebentar
Ontem nó
Agora enforca
Acordou o seu mundo
Em um acorde perfeito
A cor da coragem
É fragilidade em seu peito
A corda é da cor do defeito
Que é fazer da cor
Um limite entre nós. 

domingo, 9 de janeiro de 2011

Entre entes e antas

A primeira mulher a exercer a Presidência da República exige que todos lhe chamem Presidenta. De fato S .Exa. está incumbida do mais honroso mandato. Ocorre porém, que nem o cargo, e muito menos a Nação lhe pertencem. Ao findar seu prazo, torna-se ex. O cargo e a designação não atendem ao portador.  Eles pertencem ao povo, que lhe chama como quiser.
Preocupação tão fútil indica que a caprichosa governanta pode nos envolver em maus-lençóis. Antes de tentar impor a peculiar idéia, seu séquito formulou consulta aos dedicados às letras. Houve quem mencionasse a prescindibilidade do gravame, mas poderia S.Exa. utilizar, posto opção aceitável, não proibida por lei.
Presidente tem o emblema por referência ao verbo, e não ao contrário. É-se previdente, e não previdenta. Evidente! E nunca evidenta. Nos hospitais cabem doentes, mas não doentas. Afinal, que diferença faz o sexo em comum  enfermidade?. S  Exa. preside a Nação, e quem preside é presidente. Pre anuncia a prerrogativa - predisposto, preaquecido, prevalente, etc., e dente, a metafísica prerrogativa do ente. Não  existe videnta, embora haja visionária. Mas se formos aplicar igual terminativo colhemos presidiária. Assim como homem preside, e mulher agora também, ambos são presidentes do Brasil, e não presidento e presidenta. Não obstante soa muito mal presidenta. Nunca tinha ouvido isso. O que distingue o gênero no exercício do cargo é o artigo, não o sufixo, porquanto nem sufixo é. O presidente, ou a presidente. Precisa mais o quê?  O que obtém, e talvez aí resida a utilidade da artimanha dialética -  serão dois grupos distintos de comunicadores/consumidores: uns rebeldes, taxando-a presidente, e outros, receosos ou mais mansos de coração, de presidenta. *
Com efeito, quase todos os vícios, quase todos os erros, quase todos os preconceitos funestos que acabo de pintar deveram seu aparecimento, ou sua duração, ou seu desenvolvimento à arte da maioria de nossos reis de dividir os homens para governá-los mais absolutamente! TOCQUEVILLE, A., 1997, cap. XII: 139
O  C.R.Flamengo anda roubando a cena. A mídia projeta a massa. Seria oportuno perguntar à senhora do  Mais Querido: será que alguém lhe toma também presidenta? A bela ex-atleta é a representante máxima da Gávea não mereceria trato de representanta?  Se Ronaldinho solicitasse aos urubús tratamento de atleto, para não ser confundido com bicha, seria atendido
Caso consultarmos qualquer senhora ou senhorita que exerça a capital função sobre a diferença ou indiferença do prenúncio, se altera alguma coisa, incomoda, ou quem sabe confunde, ou  lhe diminui ser chamada simplesmente de presidente, por certo ela ficará até espantada com a idiotice. Pois convenhamos, um galardão deste porte ainda necessitar lacinhos não apresenta o menor sentido, exceto, talvez, uma vaidade desmedida, orgulho pessoal capaz de superar o próprio status. S. Exa. excede. Por forçar tanto capricho, emerge o flagrante - a mais alta madatária sente o maior orgulho de ser o primeiro ser humano com coração de mãe -  portanto superior - a adentrar no Alvorada, e comandar a indiada. Seria a evolução natural - do paternalismo, ao maternalismo, este nunca experimentado? A revanche feminina, ou mais apropriado, feminista, por milênios de opressão? Por certo é uma questão complexa. De alta complexidade, com certeza.
Do discurso de posse da presidenta aos seus primeiros atos de governo, tudo é um show de coerência. Não há nenhum vestígio de projeto nacional, diretriz administrativa ou plano de ação. Apenas um equilíbrio perfeito entre a mistificação (a lenda da ex-guerrilheira) e a volúpia (o banquete partidário). Se a paisagem começa a parecer muito desértica, surge uma ministra para anunciar o PAC da miséria, dando continuidade ao milagre da multiplicação de slogans. O nascimento do governo Dilma vem provar, ao Brasil e ao mundo, como a inoperância pode ser exuberante.  Guilherme Fiuza  A largada “apoteótica” do governo Dilma, 11/1/2011
Vale encerrar o enfoque com a peculiar espitituosidade
A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta. (Lino Tavares, é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.) 
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* A conceituada Dora Kramer (Estadão, 14/1/ 2011) veio a corroborar o raid da Nav's ALL
É uma idiossincrasia vã essa exigência de Dilma de ser chamada de "presidenta". Isso se for mesmo exigência dela e não invenção de marqueteiro.Não foi por implicância que a imprensa decidiu tratá-la por "presidente": é o originalmente correto - o termo "presidenta" foi incorporado ao idioma por dicionaristas -, soa muito melhor e segue a regra de substantivos usados para os dois gêneros.Mesmo auxiliares da presidente têm alguma dificuldade de se referir a ela segundo a nova norma. Sem contar que é constrangedor ver gente adulta tentando se adaptar só para agradar ao poder.No lugar de tentar impor a regra, mais adequado seria o governo se adequar à prática idiomática comum no País. Inclusive porque não é isso o que fará a afirmação feminina, muito menos determinará o sucesso ou fracasso da primeira mulher presidente do Brasil. Bom senso é como caldo de galinha: mal não faz.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Os danos da metafísica metaleira

O Banco Central comprou US$ 41,4 bilhões no mercado de câmbio no ano passado para tentar segurar a alta em 2010. As intervenções superam o valor que entrou no país no período por meio de operações financeiras e comerciais, de US$ 24,3 bilhões. Nesse mesmo período, a taxa cambial passou de R$ 1,74 para R$ 1,66. (Folha de São Paulo, 4/1/2011)
O Brasil  "comprar" dólares é surreal. Coisa de cambista. O bill é  estranho à Nação. Como explicar a compra desses papéis proibidos de circular em nosso território, e que vem perdendo valor pelo mundo afora? E o que dizer da suprema ironia - em troca de nossa própria moeda, a que mais se valorizou no mundo?
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que o governo brasileiro não permitirá que o dólar 'derreta', ou seja, continue em queda. Segundo o ministro, o dólar barato prejudica as condições de competitividade das empresas brasileiras, por deixar as exportações mais caras e as importações mais baratas. www.clicrbs.com.br/especial/rs/zhdinheiro/19, 0,3166831,BC-adota-medida-para-redimensionar-as-posicoes-de-cambio-das-instituicoes-financeiras.htm
Moeda não é suscetível de política porque embora cria do ser humano, dinheiro não é ser humano. O cara do cara do cara, todavia, mostra orgulho no pregão:
"A política monetária tem o objetivo claro que é atingir a meta de inflação." 
Que moral! Pode haver coisa mais justa do que defender o povo frente ao fantasma? Quê competência!  Esplêndido. Seguro. Preciso. Consciente. Claro. Qual curso ultrasuperior não é mister para tamanha aptidão!  Deve ser excepcional matemático. Com certeza ninguém mais lembrará de seu chefe, muito menos se interessará em saber  por onde anda o glorioso ex-funcionário do banco norteamericano.
Não é de causar espanto que a economia seja, com freqüência, chamada de 'triste ciência' PILZER, Paul Zane, Deus quer que você enriqueça A teologia da economia: 35.
Mister frisar: "Inflação ocorre quando as pessoas aumentam a oferta monetária por meio de fraude, imposição ou quebra de contrato"  , O legado cultural e espiritual da inflação monetária.- 7/1/2011) Não se precisa curso superior para evitá-la, mas os doutores predispõem sua vil metafísica  metaleira, a mais notável metonímia,  e assim justificam o bloqueio do dinheiro. Coisa de herói, domador do dragão!
Na verdade os interesses dos banqueiros têm sido  contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica. RUSSELL, B., 2002: 68; RUSSELL, B., cit. DE MASI, 2001:99
Os sete de vacas-magras e pacs não foram suficientes. Estabelecida a miséria, lá vem coleguita escalada para combatê-la. Mas o que fizeram até hoje? Brasil não é a oitava maravilha, digo economia do mundo?
O resumo dessa ópera é que, no campo da previsão econômica, tudo ainda se passa no mundo da chutometria. E não deixa de ser engraçado observar o estilo com que os argumentos que pretensamente sustentam os chutes são articulados para lhes dar um ar de ciência exata.  Jornalista-economista José Paulo Kupfe. Estadão, 21/12/2010
Nenhuma "política" monetária prospera se não for despida de seu exclusivo interesse.
É algo manifesto como, nos nossos tempos, não só se concentram riquezas, mas também acumula-se um poder imenso e um verdadeiro despotismo econômico nas mãos de poucos, que as mais das vezes não são senhores, mas simples depositários e administradores de capitais alheios, os quais administram de acordo com seu próprio prazer e vontade arbitrária. Este despotismo vem sendo exercido mais impetuosamente  por aqueles que, tendo nas suas mãos o dinheiro, são também senhores absolutos do crédito e por isso dispõem do sangue de que vive toda a economia, e manipulam de tal maneira a alma da mesma, que ninguém pode respirar sem sua licença. Papa Pio XI,  Quadragesimo Anno (1931), §§ 105, 106.
É enorme a brecha entre os objetivos idealizados na legislação de 1964 e as realidades de hoje. Concebido como um anjo Gabriel, o Bacen (Banco Central) virou um Frankenstein. Por isso, quando me perguntam se sou ou não a favor da 'independência' do Bacen, minha resposta é de tipo existencial: será que o monstro deve existir? Verbetes de um dicionário
A cada ano merecemos menor. crédito - tanto o povo, como obviamente quem o conduz: Este frankestein foi parido do ventre do gorducho professor aclamado Czar da Economia,  cujo apontamento a elegância britânica do brilhante ex-senador recentemente falecido lhe impediu de formular. Quem investe mal, não merece confiança, ainda mais se desregrado. Tem mesmo é que sumir do mapa.
Quando o governo não se subordina a normas gerais de conduta, ele passa a ter uma interferência intensa na economia, ou através de medidas indiretas; em conseqüência, perde o indivíduo segurança na condução de seus afazeres, diminui o ritmo de progresso da sociedade como um todo, cresce a incerteza no dia a dia da vida das pessoas e intensificam-se. O fascismo e toda a espécie de totalitarismo leva o hábito dos grandes negócios entre o abuso, os desmandos, a corrupção e o arbítrio por parte dos homens de mau caráter que fatalmente acabam empoleirando-se em todos os galhos do poder governamental desregrado. MAKSOUD, Henry, Demarquia: um novo regime político e outras idéias: 48.
De acordo com o volume adquirido, e pela variação depreciativa da taxa cambial que o próprio dispõe, o prejuízo remonta a quarto de bilhão! E tem mais:
O país tem quase US$ 300 bilhões em reservas. Como as divisas rendem 10% menos que os juros da dívida, em números redondos, oneram o país em 1,5% do PIB. Ou seja, metade do superavit primário é gasta na política de reservas. São recursos que saem do bolso dos contribuintes locais e vão para os investidores estrangeiros. Cada brasileiro vai pagar meio salário mínimo neste ano por conta dessa política. O câmbio, diferentemente de outras mercadorias, não tem a cotação dada só por oferta e demanda, mas sim pela expectativa de fluxos futuros. Embora, num primeiro momento, a compra de divisas possa ter ajudado o país, agora está prejudicando. Roberto Luis Troster, Medida deve pressionar câmbio, 8/1/2011
Por que então o Banco Central  não deixa a monstruosa cifra à disposição da sociedade, da produção, em vez de jogar o suor do trabalhador pelo ladrão?  Será por causa da sombra do fantasma na parede? Mas que trambique não se faz pelas bandas da Suíça, Canadá, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Grã-Bretanha, mesmo no Chile, e tantos que mantém juros mínimos, até zerados, e ainda assim não se lhes abate o dragão?
Inflação alemã
Taxa de agosto de 2010: 0%
Acumulada em 12 meses: 1%
(Dados do Departamento Federal de Estatísticas) A taxa de refinanciamento bancário (main refinancing operations) do Banco Central Europeu é de 1%. Sua última alteração data de 7 de maio de 2009.
Qual o lastro de qualquer moeda, senão que a própria produção de bens e serviços? E o que apuramos quando ela decai? 
Em três anos, 320 mil carros brasileiros deixaram de circular pelas ruas de vários países que antes importavam modelos fabricados no País. Dólar desvalorizado, custos altos e mais recentemente a crise global estancaram as exportações das montadoras, que chegaram a vender ao exterior 35% da produção. Este ano, o índice não deve passar de 13%, provocando dificuldades à escala produtiva. Estadão, 22/3/2009
Isso vem se agravando. Duvido que haja em qualquer país maior número de montadoras. No entanto, olha só:
O saldo comercial da indústria automotiva brasileira ficou mais uma vez negativo em 2010, com 158 mil veículos importados a mais do que os exportados montados, de acordo com a Anfavea (associação das montadoras). O resultado foi o pior da série histórica iniciada em 1990. Folha, 6/1/2011
O dólar perde preço, contabilmente o real  logra supervalorização,, mas  "a carne bovina terminou o ano passado com aumento de 34,45% na cidade de São Paulo, de acordo com dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) da USP". Mil dólares no Brasil  adquirem apenas a metade do que se dispõe na matriz. Uma lata de refrigerante aqui custa dois dólares, até mais; lá, no máximo o Bill. Trinta mil dólares compram um modelo de carro luxuoso, e de última geração; por aqui, são cobrados cincoenta pelo mais similar, da geração anterior. E assim vai.
Não é possível que a maior parte dos produtos de consumo na Alemanha estejam mais baratos do que no Brasil, apesar das pessoas lá na Europa terem um salário médio bem mais alto do que os brasileiros. Isto não é apenas uma consequência do Real forte e dos altos impostos como governo e as empresas gostam de alegar. Já faz parte de um mercado protegido. BUSCH, Jornalista Alexander, autor de "Brasil, País do Presente - O Poder Econômico do Gigante Verde" (Cultrix), in Folha de São Paulo, 22/10/2010.
E se chegarmos na Ásia,  nossa, compramos umas quatro vezes mais do que por aqui nos é dado. E a coisa anda cada vez pior:
Segundo o IBGE, 40% do total do IPCA do ano passado foi originado da inflação dos alimentos, que subiram 10,39% em 2010, após avançarem 3,18% em 2009. 
O custo de vida para o paulistano fechou 2010 com alta de 6,91%, de acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgados nesta segunda-feira. Os números mostram que, seguindo a tendência de outros índices já divulgados, o ICV (Índice de Custo de Vida) registrou no ano passado Folha, 10/1/2011
A Nav's não é de adivinhos, mas sói antecipar o futuro. Não vivemos de taxas cambiais, por certo enganosas. A política requer lentes de muito maior amplitude.
As considerações econômicas são meramente aquelas pelas quais conciliamos e ajustamos nossos diferentes propósitos, nenhum dos quais, em última instância, é econômico (exceto os do avarento ou do homem para quem ganhar dinheiro se tornou um fim em si mesmo). Prêmio Nobel de Economia 1998, SEN, Amartya : 328
O êxito do investimento financeiro depende ao setor produtivo que por sua vez lhe retribui com o pagamento dos juros. Até se não os cobrasse, como no caso dos países mais desenvolvidos do mundo, não colheríamos semelhantes resultados, muito mais satisfatórios do que a preferência oficial, porquanto superavitários?  De que outro lugar emerge a verdadeiramente a riqueza? Pois continuamos no velho ranço vicioso da especulação, em detrimento do círculo virtuoso da produção. Não é preciso ter bola de cristal para vislumbrar qualquer catástrofe.
Perspectivas dos juros e taxas cambiais ao ano que se inicia