Nas ciências humanas, não basta, pois, como acreditava Durkheim, aplicar o método cartesiano, por em dúvida verdades adquiridas e abrir-se inteiramente aos fatos, pois o pesquisador aborda muitas vezes os fatos com categorias e pré-noções implícitas e não conscientes que lhe fecham, de antemão, o caminho da compreensão objetiva. GOLDMAN, Lucien: 33
Onde existe crescimento econômico, estão também emergindo mais formas de governo de livre mercado - uma aceitação do fato de que as pessoas, e não a determinação política, criam a oportunidade econômica. JOHN NAISBITT. Paradoxo Global 265
Pessoal que se dispõe a cuidar dos negócios do povo não costuma entender de negócios, exceto escusos.
À parte as doutrinas particulares de pensadores individuais, existe no mundo uma forte e crescente inclinação a estender em forma extrema o poder da sociedade sobre o indivíduo, tanto por meio da força da opinião como pela legislativa. Ora bem, como todas as mudanças que se operam no mundo têm por efeito o aumento da força social e a diminuição do poder individual, este desbordamento não é um mal que tenda a desaparecer espontaneamente, mas, ao contrário, tende a fazer-se cada vez mais formidável. A disposição dos homens, seja como soberanos, seja como concidadãos, a impor aos demais como regra de conduta sua opinião e seus gostos, se acha tão energicamente sustentada por alguns dos melhores e alguns dos piores sentimentos inerentes à natureza humana, que quase nunca se reprime senão quando lhe falta poder. E como o poder não parece achar-se em via de declinar, mas de crescer, devemos esperar, a menos que uma forte barreira de convicção moral não se eleve contra o mal, devemos esperar, digo, que nas condições presentes do mundo esta disposição nada fará senão aumentar MILL, John S. La liberté, trad. Dupont-White: 131
Trajetórias são marcadas mais ou menos em função da gravidade que despertam talentos, emoções, percepções, e principalmente, a vontade, o pendor do agente. Para cuidar de negócios, mister alguém que o tenha, pelo mínimo, praticado. Não seria uma temeridade colocarmos uma mãe mais-querida-do-mundo no comando das relações internacionais, somente por conhecermos o tamanho de seu coração, a Divina Providência? Uma Madre Teresa ofereceria melhor redenção? Pois não bastam vontades, crenças, superstições ou ideologias. A pobreza em si, não existe. O Universo é rico, muito rico, com certeza. A pobreza é fruto do desinteresse pela riqueza. Seja pelo motivo que for, dificilmente um pobre preferirá ser rico, engraçada esta. Negócio quer dizer o fim do ócio, da moleza, da malandragem, do dolce far niente. Não se tratam de negócios em paraísos de orlas. Evidentemente que ninguém negaria uma megasena, mas tirante Grande Prêmio, a produção da riqueza exige muito sacrifício, abnegação, exclusividade, a ponto de produzir até mesmo uma certa alienação do aspirante à fartura. Ela exige toda a atenção não só para conquistá-la, como também para preservá-la - afinal, onde tem baú, em volta dançam piratas. Não poucos ganhadores de megas tem jogado tudo no lixo. Assim é que a prática dos negócios exige a maior completude, uma visão e atitude que não podem contemplar miragens, sob risco de eliminação. Negócios são afetos à teóricos e praticantes do comércio. Se examinarmos, contudo, o arcoíris político, em suas cores, em seus curriculuns vitaes não destacamos qualquer negócio. O que vemos é um exército de competentes juristas, abnegados servidores, economistas, educadores, excepcionais marketeiros, um que outro industrial, talvez no meio mais um médico, e o grosso da tropa formada por gente oriunda do meio operário - líderes sindicais pelo quê são proclamados.
Lia-se Marx, Weber, Dobb, Mannheim, Lukács, Heller e, em 1968, muito Marcuse.Também Gramsci começava a ser estudado. De início, no curso de História das Idéias, foram introduzidos os seus escritos sobre Maquiavel, mas nos anos 70, tornou-se um dos autores mais trabalhados, a ponto de, no princípio dos anos 80, ter sido tema de tese de livre-docência de um dos professores da Cadeira. Nos cursos de Instituições Políticas Brasileiras discutia-se desde as questões referentes ao escravismo, ao feudalismo e ao capitalismo na formação do estado brasileiro, debate que foi uma constante durante certo período, até os aspectos mais atuais do país, ou seja, a revolução brasileira, o populismo e o autoritarismo. Caio Prado e Celso Furtado eram leituras obrigatórias...QUIRINO, Célia, Departamento de Pós-graduação em Ciências Políticas da USP
Engraçado a exclusão dos ingleses. Beatles, nem falar. Pois de Londres já informava o antigo e famoso repórter continental
A Nação inglêsa é a única da terra que chegou a regulamentar o poder dos reis resistindo-lhes e que de esforço em esforço, chegou, enfim, a estabelecer um governo sábio, onde o príncipe, todo-poderoso para fazer o bem, tem as mãos atadas para fazer o mal; onde os senhores são grandes sem insolência e sem vassalos, e onde o povo participa do governo sem confusão. VOLTAIRE, cit. CHEVALLIER, tomo II: 67.
Ela ainda conta com suas pioneiras luzes:
O esforço natural de cada indivíduo para melhorar suas própria condição constitui, quando lhe é permitido exercer-se com liberdade e segurança, um princípio tão poderoso que, sozinho e sem ajuda, é não só capaz de levar a sociedade à riqueza e prosperidade, mas também de ultrapassar centenas de obstáculos inoportunos que a insensatez das leis humanas demasiadas vezes opõe à sua atividade. SMITH, Adam, cit. DOWNS: 56Entregar o leme de uma Nação a gente que não tem noção sequer de si mesmo parece não só uma temeridade, como demonstração cabal de inteira burrice - não só de quem tolera a malversação, mas principalmente de quem se impõe, almirante posto fora de órbita de seus próprios interesses. Tiro-no-pé:
No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem retração de 8,9%, o que configura o pior desempenho da série histórica. O setor de bens de capital foi o mais afetado... com redução de 25,7% na produção. (Folha de São Paulo, 2/10/2009)
Nenhum comentário:
Postar um comentário