O Banco Central comprou US$ 41,4 bilhões no mercado de câmbio no ano passado para tentar segurar a alta em 2010. As intervenções superam o valor que entrou no país no período por meio de operações financeiras e comerciais, de US$ 24,3 bilhões. Nesse mesmo período, a taxa cambial passou de R$ 1,74 para R$ 1,66. (Folha de São Paulo, 4/1/2011)O Brasil "comprar" dólares é surreal. Coisa de cambista. O bill é estranho à Nação. Como explicar a compra desses papéis proibidos de circular em nosso território, e que vem perdendo valor pelo mundo afora? E o que dizer da suprema ironia - em troca de nossa própria moeda, a que mais se valorizou no mundo?
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que o governo brasileiro não permitirá que o dólar 'derreta', ou seja, continue em queda. Segundo o ministro, o dólar barato prejudica as condições de competitividade das empresas brasileiras, por deixar as exportações mais caras e as importações mais baratas. www.clicrbs.com.br/especial/rs/zhdinheiro/19, 0,3166831,BC-adota-medida-para-redimensionar-as-posicoes-de-cambio-das-instituicoes-financeiras.htm
Moeda não é suscetível de política porque embora cria do ser humano, dinheiro não é ser humano. O cara do cara do cara, todavia, mostra orgulho no pregão:
"A política monetária tem o objetivo claro que é atingir a meta de inflação."
Que moral! Pode haver coisa mais justa do que defender o povo frente ao fantasma? Quê competência! Esplêndido. Seguro. Preciso. Consciente. Claro. Qual curso ultrasuperior não é mister para tamanha aptidão! Deve ser excepcional matemático. Com certeza ninguém mais lembrará de seu chefe, muito menos se interessará em saber por onde anda o glorioso ex-funcionário do banco norteamericano.
Não é de causar espanto que a economia seja, com freqüência, chamada de 'triste ciência' PILZER, Paul Zane, Deus quer que você enriqueça A teologia da economia: 35.
Mister frisar: "Inflação ocorre quando as pessoas aumentam a oferta monetária por meio de fraude, imposição ou quebra de contrato" (Jörg Guido Hülsmann, O legado cultural e espiritual da inflação monetária.- 7/1/2011) Não se precisa curso superior para evitá-la, mas os doutores predispõem sua vil metafísica metaleira, a mais notável metonímia, e assim justificam o bloqueio do dinheiro. Coisa de herói, domador do dragão!
Na verdade os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica. RUSSELL, B., 2002: 68; RUSSELL, B., cit. DE MASI, 2001:99
Os sete de vacas-magras e pacs não foram suficientes. Estabelecida a miséria, lá vem coleguita escalada para combatê-la. Mas o que fizeram até hoje? Brasil não é a oitava maravilha, digo economia do mundo?
O resumo dessa ópera é que, no campo da previsão econômica, tudo ainda se passa no mundo da chutometria. E não deixa de ser engraçado observar o estilo com que os argumentos que pretensamente sustentam os chutes são articulados para lhes dar um ar de ciência exata. Jornalista-economista José Paulo Kupfe. Estadão, 21/12/2010
Nenhuma "política" monetária prospera se não for despida de seu exclusivo interesse.
É algo manifesto como, nos nossos tempos, não só se concentram riquezas, mas também acumula-se um poder imenso e um verdadeiro despotismo econômico nas mãos de poucos, que as mais das vezes não são senhores, mas simples depositários e administradores de capitais alheios, os quais administram de acordo com seu próprio prazer e vontade arbitrária. Este despotismo vem sendo exercido mais impetuosamente por aqueles que, tendo nas suas mãos o dinheiro, são também senhores absolutos do crédito e por isso dispõem do sangue de que vive toda a economia, e manipulam de tal maneira a alma da mesma, que ninguém pode respirar sem sua licença. Papa Pio XI, Quadragesimo Anno (1931), §§ 105, 106.
É enorme a brecha entre os objetivos idealizados na legislação de 1964 e as realidades de hoje. Concebido como um anjo Gabriel, o Bacen (Banco Central) virou um Frankenstein. Por isso, quando me perguntam se sou ou não a favor da 'independência' do Bacen, minha resposta é de tipo existencial: será que o monstro deve existir? Roberto Campos Verbetes de um dicionário
A cada ano merecemos menor. crédito - tanto o povo, como obviamente quem o conduz: Este frankestein foi parido do ventre do gorducho professor aclamado Czar da Economia, cujo apontamento a elegância britânica do brilhante ex-senador recentemente falecido lhe impediu de formular. Quem investe mal, não merece confiança, ainda mais se desregrado. Tem mesmo é que sumir do mapa.
Quando o governo não se subordina a normas gerais de conduta, ele passa a ter uma interferência intensa na economia, ou através de medidas indiretas; em conseqüência, perde o indivíduo segurança na condução de seus afazeres, diminui o ritmo de progresso da sociedade como um todo, cresce a incerteza no dia a dia da vida das pessoas e intensificam-se. O fascismo e toda a espécie de totalitarismo leva o hábito dos grandes negócios entre o abuso, os desmandos, a corrupção e o arbítrio por parte dos homens de mau caráter que fatalmente acabam empoleirando-se em todos os galhos do poder governamental desregrado. MAKSOUD, Henry, Demarquia: um novo regime político e outras idéias: 48.
De acordo com o volume adquirido, e pela variação depreciativa da taxa cambial que o próprio dispõe, o prejuízo remonta a quarto de bilhão! E tem mais:
O país tem quase US$ 300 bilhões em reservas. Como as divisas rendem 10% menos que os juros da dívida, em números redondos, oneram o país em 1,5% do PIB. Ou seja, metade do superavit primário é gasta na política de reservas. São recursos que saem do bolso dos contribuintes locais e vão para os investidores estrangeiros. Cada brasileiro vai pagar meio salário mínimo neste ano por conta dessa política. O câmbio, diferentemente de outras mercadorias, não tem a cotação dada só por oferta e demanda, mas sim pela expectativa de fluxos futuros. Embora, num primeiro momento, a compra de divisas possa ter ajudado o país, agora está prejudicando. Roberto Luis Troster, Medida deve pressionar câmbio, 8/1/2011
Por que então o Banco Central não deixa a monstruosa cifra à disposição da sociedade, da produção, em vez de jogar o suor do trabalhador pelo ladrão? Será por causa da sombra do fantasma na parede? Mas que trambique não se faz pelas bandas da Suíça, Canadá, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Grã-Bretanha, mesmo no Chile, e tantos que mantém juros mínimos, até zerados, e ainda assim não se lhes abate o dragão?
Inflação alemãTaxa de agosto de 2010: 0%Acumulada em 12 meses: 1%
(Dados do Departamento Federal de Estatísticas) A taxa de refinanciamento bancário (main refinancing operations) do Banco Central Europeu é de 1%. Sua última alteração data de 7 de maio de 2009.
Qual o lastro de qualquer moeda, senão que a própria produção de bens e serviços? E o que apuramos quando ela decai?
Em três anos, 320 mil carros brasileiros deixaram de circular pelas ruas de vários países que antes importavam modelos fabricados no País. Dólar desvalorizado, custos altos e mais recentemente a crise global estancaram as exportações das montadoras, que chegaram a vender ao exterior 35% da produção. Este ano, o índice não deve passar de 13%, provocando dificuldades à escala produtiva. Estadão, 22/3/2009
Isso vem se agravando. Duvido que haja em qualquer país maior número de montadoras. No entanto, olha só:
O saldo comercial da indústria automotiva brasileira ficou mais uma vez negativo em 2010, com 158 mil veículos importados a mais do que os exportados montados, de acordo com a Anfavea (associação das montadoras). O resultado foi o pior da série histórica iniciada em 1990. Folha, 6/1/2011
O dólar perde preço, contabilmente o real logra supervalorização,, mas "a carne bovina terminou o ano passado com aumento de 34,45% na cidade de São Paulo, de acordo com dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) da USP". Mil dólares no Brasil adquirem apenas a metade do que se dispõe na matriz. Uma lata de refrigerante aqui custa dois dólares, até mais; lá, no máximo o Bill. Trinta mil dólares compram um modelo de carro luxuoso, e de última geração; por aqui, são cobrados cincoenta pelo mais similar, da geração anterior. E assim vai.
Não é possível que a maior parte dos produtos de consumo na Alemanha estejam mais baratos do que no Brasil, apesar das pessoas lá na Europa terem um salário médio bem mais alto do que os brasileiros. Isto não é apenas uma consequência do Real forte e dos altos impostos como governo e as empresas gostam de alegar. Já faz parte de um mercado protegido. BUSCH, Jornalista Alexander, autor de "Brasil, País do Presente - O Poder Econômico do Gigante Verde" (Cultrix), in Folha de São Paulo, 22/10/2010.
E se chegarmos na Ásia, nossa, compramos umas quatro vezes mais do que por aqui nos é dado. E a coisa anda cada vez pior:
Segundo o IBGE, 40% do total do IPCA do ano passado foi originado da inflação dos alimentos, que subiram 10,39% em 2010, após avançarem 3,18% em 2009.
O custo de vida para o paulistano fechou 2010 com alta de 6,91%, de acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgados nesta segunda-feira. Os números mostram que, seguindo a tendência de outros índices já divulgados, o ICV (Índice de Custo de Vida) registrou no ano passado Folha, 10/1/2011
A Nav's não é de adivinhos, mas sói antecipar o futuro. Não vivemos de taxas cambiais, por certo enganosas. A política requer lentes de muito maior amplitude.
As considerações econômicas são meramente aquelas pelas quais conciliamos e ajustamos nossos diferentes propósitos, nenhum dos quais, em última instância, é econômico (exceto os do avarento ou do homem para quem ganhar dinheiro se tornou um fim em si mesmo). Prêmio Nobel de Economia 1998, SEN, Amartya : 328O êxito do investimento financeiro depende ao setor produtivo que por sua vez lhe retribui com o pagamento dos juros. Até se não os cobrasse, como no caso dos países mais desenvolvidos do mundo, não colheríamos semelhantes resultados, muito mais satisfatórios do que a preferência oficial, porquanto superavitários? De que outro lugar emerge a verdadeiramente a riqueza? Pois continuamos no velho ranço vicioso da especulação, em detrimento do círculo virtuoso da produção. Não é preciso ter bola de cristal para vislumbrar qualquer catástrofe.Perspectivas dos juros e taxas cambiais ao ano que se inicia
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