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Peixe congelado
Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer que as coisas não pareçam o que são.MIGUEL DE CERVANTES
Não há dúvidas: o Barcelona possui a melhor equipe do mundo, o melhor técnico do mundo, o melhor jogador do mundo, a melhor estrutura do mundo, é um clube dos mais ricos do mundo, dono de uma das maiores torcidas do mundo. Tudo se confirmou na exuberante apresentação do Sol Nascente. Merece, pois, mais do que qualquer outro, ser campeão do mundo. O Santos, todavia, consagrado vice-campeão, entrou encolhido, quase envergonhado, como se sua presença fosse arranjada, não produto da flamante performance lograda no ano que finda. O Santos foi medíocre. Perdeu no grito. Apequenou-se diante da fama do rival. O Barça impunemente fazia malabarismos frente àquela zaga embasbacada, e aos comentaristas boquiabertos:
O supertime espanhol deu mais um show, uma aula de futebol, uma exibição antológica. Conseguiu transformar mais uma disputa importante em tarefa fácil.. . Messi e seus súditos jogam tanto que qualquer adversário parece timeco de churrasco de fim de semana.. Resumo: o Barcelona é demais. E ainda há quem o considere “monótono”.Santos vai do sonho à realidade pior que pesadelo
"Foi muito mais fácil do que se pensava. E a equipe catalã confirma, com a vitória arrasadora por 4 a 0 no Japão, que já é uma das melhores da história do futebol." (Barcelona, melhor do mundo, bate o Santos e é bi) Ao deixar a bola lhe passar por entre as pernas a falha do zagueiro merengue dá bem conta do modo que o alvi-negro praiano encarava o adversário. Tomou o primeiro, de saída. O segundo foi quase cópia, não fosse a pelota cruzar por baixo das pernas de dois defensores santistas, em vez de só um. O terceiro foi um raid em cima de cinco jogadores santistas postados dentro da pequena área, assim dando condição de jogo a todo mundo, e mais tres apavorados na marca do penalty. No último Messi entrou com bola e tudo, pelo meio, à despeito do Santos escalado com tres zagueiros, e tres volantes na entrada da área.
Muricy mudou a escalação do Santos para a final, ao apostar em uma esquema tático com três zagueiros, além de ter promovido o retorno do lateral-esquerdo Léo. Para ele, o estilo do Santos foi mantido para o duelo com o Barcelona. Defendendo a formação utilizada, o treinador disse que se recusou a mudar a essência do time com a escalação de mais volantes. Na Vila Belmiro, torcida desistiu cedo
"Não preciso ter atacante para ser ofensivo. Aprendi muitas coisas [no jogo] diferentes do que pensamos no Brasil. Acham que com três zagueiros não é possível vencer, que sem atacantes não é possível vencer", afirmou o resmunguento treinador diante das interpelações pós-jogo. É possível, sim, vencer com qualquer formação, mas o fundamento é acreditar que se pode vencer, e aí colocar o time com vontade de vencer, e não apenas para evitar vexame. Muricy deve ter estudado excessivamente o estilo, o modo de jogar do Barcelona, esquecendo do seu. Certamente estava aterrorizado. A mudança na zaga visava reforçar a defesa, porém demonstrou a insegurança do técnico com seu time. Contagiado pelo pessimismo, o Peixe entrou em campo congelado. Saiu do túnel de antemão derrotado. A esperança dos jogadores e por certo do técnico se restrngia a revés por escore mínimo. Ao cabo, como bom perdedor, a delegação brasileira reconheceu a superioridade do adversário, encarando o jogo tal qual lição. Cara e longínqua lição.
Lembro a Seleção da a telentrega '98, história até hoje mal contada.. Le Coq sequer precisou cantar. Sorrindo depenou o inerte e inepto Canarinho, servido em molho bufa. Alvo de inúmeras entrevistas, nosso coach saia pela tangente, não apresentando nenhuma justificativa plausível à formidável letargia brasileira. Em '70 Zagalo já obedecera o Pres. Medici na convocação de Dadá Maravilha. Para mim, o fiasco em Paris cumpriu pedido do corrupto Chirac, e determinação do não menor FHC, em troca do portaviões.
Acompanhei o desempenho santista durante a temporada. Todos sabem que pontifica Neymar, em cabelo estranho para muitos, sim, porém longe daquele corte em cunha invertida de um Fenômeno feito palhaço, borrado antes de entrar em campo. Muitas derrotas, empates cedidos, em nenhum momento o alvi-negro se apresentou de modo tão pífio, amarelado, muitos furos abaixo de sua potencialidade. Frente à exuberância do Flamengo, por exemplo, o Santos bem soube demonstrar o alto quilate, ambos construindo, esta sim, memorável partida, coroada com espetacular goal do prodígio. Certamente o Peixe voltará à disputa internacional, também por certo com maior autoconfiança, mas hoje o fator psicológico, na melhor das hipóteses, de plano solapou o sonho praiano. O Barcelona tem se mostrado imbatível, mas o Santos também possui um admirável elenco. Coloco em xeque o desempenho de seu carrancudo técnico, pelo menos no que tange à preparação para esta tão esperada final. Na mosca, de novo:
E os 4 a 0 em Yokohama (que poderiam ter sido 6, 8, 9 a 0) liquidaram muito mais que um adversário sem chances desde o primeiro segundo. Liquidaram os técnicos medrosos, as táticas retranqueiras, a discurseira defensivista, o cabeça de área, o volante que só desarma, o centroavante de ofício, o chutão do goleiro em direção ao imponderável, o jogo aéreo, o zagueiro que rifa a bola, o carrinho homicida, o atacante que não volta para marcar, os brucutus que trocam golpes de luta-livre na hora do escanteio e outras flores do buquê de cretinices tropicais. 21/12/2011 às 21:31 O recado dos deuses do futebol
O Santos, é bem verdade, não jogou à imagem e semelhança da inventividade de Neymar, mas da visão conservadora e previsível de seu comandante, Muricy. Isso, no entanto, não tira o mérito do Barcelona, uma equipe que está revolucionando o futebol com uma visão nostálgica do prazer de jogar. Para quem ama o esporte, isso é um belo presente de Natal Estadão, 24 de dezembro de 2011 | 3h 03.Carrossel e o Barcelona
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