segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Impasse mundial: o fim da linha

 Se você precisa ser um capitalista, essa é a pior maneira de sê-lo, pois o sistema financeiro se torna a base da riqueza da sociedade. É um desastre. No Brasil vocês já tiveram uma discussão sobre esse tipo de capitalismo movido por bancos?
Prof. RICHARD SENNET,  da Universidade de Nova York e na London School of Economics
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 A insana composição  
Na verdade, a política não mudou desde a sua invenção pelos gregos.
GALSTON, Willian, Brookings Institution, e ex-assessor da Casa Branca. 
Por mais que se desenvolva, modifique, redesenhe, mude o rumo,  ou mesmo altere substancialmente qualquer trem,  ele sempre andará pelos predispostos trilhos. Poderá dar a volta ao mundo, claro, mas por isso, e cada vez mais rápido, chega ao ponto de partida. Do mesmo modo, desde que saiu da caverna grega a civilização vem tentando aprimorar, organizar suas relações. Embora a mágica de esporádicos trechos incólumes, a retilínea, desrespeitosa e por tudo grosseira via-férrea tem passado por cima de tudo. A má temática de Platão & Pitágoras abala todos os sistemas, sejam vegetais, minerais ou animais, e mormente os políticos, jurídicos, econômicos, científicos, filosóficos, sociais e pessoais. Ao examinarmos teorias e fatos, idéias e formas, para tomar o jargão da perfídia grega, elemento que impulsionou o insensato tour ocidental, delineamos o leitmotiv da torpeza. Precedeu-lhe o medo injetado, do trovão e da epidemia, da extinção da propriedade privada em prol do abstrato coletivo, gerado e gerido por um único artífice, invasões e chacinas, guerras frias e quentes, estratégias, ações e reações. As aventuras “ferrocarris-ideológicas” conduziram a humanidade no rumo de Marte, digo, da morte, às covas comunitárias, massacres coletivos logrados por convocações realizadas pretensamente na defesa de ideais, mas efetivadas na mera ambição do alheio, vileza camuflada na fé quase religiosa que hábeis condutores bem sabem incutir, no fito de captar seguidores de suas doutrinas de espoliação total...A Justiça cataliza, envolve, apaixona a humanidade.
Essas pessoas têm um desejo amplo de justiça social, se preocupam com os rumos do restante do mundo, ou saíram à rua porque a crise financeira as atingiu em cheio? Elas compartilham uma forte rejeição à plutocracia que há décadas se instalou no comando da política econômica americana. 
Prof. TODD GITLIN, da Universidade Colúmbia.
Quem deve governá-la?  De que modo? Quais leis são apropriadas?  Como estabelecer a propriedade, fronteiras, países?  Não são poucos os brilhantes filósofos e cientistas que  no meio do balanço e sobressaltos da viagem  tentaram equacionar o ideal. No início era muito fácil.
Os sábios deverão dirigir e governar, e os ignorantes deverão segui-los.
PLATÃO, fundador da Academia
 O postulado que aparentemente contém lógica não passa de estratégia ideológica; O fito é apenas justificar a supremacia do feitor. O sábio tem consciência: seus iguais também merecem dirigir. Exceto em alguma ocasião excepcional,  não cabe a ninguém, muito menos ao sábio, impor qualquer coisa a quem quer que seja.   "A manutenção da organização na natureza não é - e não pode ser - realizada por uma gestão centralizada. A ordem só pode ser mantida por uma auto-organização." (BIEBRACHER, C. K. e NICOLIS, G. Schuster, cits. PRIGOGINE: 75)
No hiato os sabidos se arvoram em governar. Dos Trinta Tiranos de Athenas aos  trinta espalhados alhures nada muda de lugar. "A trapaça, a má-fé e a duplicidade são, infelizmente, o caráter predominante da maioria dos homens que governam as nações." (FREDERICO II, O Grande, cit. CHALLITA: 156.) Elevaram-se os abençoados por Deus,  por exércitos, e por fim novamente por Deus, através da vox populi.
Durante grande parte da história da humanidade, governante e lei foram sinônimos — a lei era simplesmente a vontade do governante. Um primeiro passo para se afastar dessa tirania foi o conceito de governar segundo a lei, incluindo a idéia de que até o governante está abaixo da lei e deve governar através dos meios legais. www.embaixada-americana.org.br/democracia/law.htm
A acadêmica definição se perde na prática, desde então: “Todo o povo é aquilo que a natureza de seu governo o faz; tudo é possível a um legislador hábil e sábio pois, perante esse legislador, o indivíduo é uma tábula rasa.” (ROUSSEAU, Jean-Jacques, cit. FALCON: 68) Seja de esquerda ou direitta, de mais ou menos social,, os regimes e seu condurtores são assim precedidos, ou puxados, pela estupenda locomotiva.: O indivíduo, mesmo nas democracias o próprio eleitor compõe o noturno chão de estrelas que se dissolve no raiar do dia, à emergência do astro-rei: "Através da vontade geral, o povo-rei coincide, miticamente, de agora em diante, com o poder; essa crença é a matriz do totalitarismo" (COCHIN, Auguste, cit. FURET: 1989: 191) Seja Hitler, Lenin, Roosevelt ou quem no dia passe, a população se obriga à resignação, rendida pelas forças aliadas: "Tomar dinheiro dos incautos, talvez estes sejamos nós todos do lado de cá, sendo peões desse jogo, pois de alguma forma transitam valores por nossa mão. Somos os circulantes, sob  pressão desse fluxo, por desconhecimento, por necessidades, por forças tantas!" (Laudelino Ferreira Alguma coisa está fora da ordem) Não por acasoo gênio observou, mas infelizmente não encontrou resolução do dilema:  "Nos mecanismos universais, o mecanismo Estado não se impõe como o mais indispensável. Mas é a pessoa humana, livre, criadora e sensível que modela o belo e exalta o sublime, ao passo que as massas continuam arrastadas por uma dança infernal de imbecilidade e embrutecimento."  (EINSTEIN, A.,  Como vejo o mundo; cit. Trattner, Thomas, e Thomas: 75)
Como é possível, em face da ampla centralização do poder político e econômico, evitar que a burocracia se torne todo-poderosa e arrogante? Como proteger os direitos do indivíduo e, com isso, assegurar um contrapeso democrático ao poder da burocracia? EINSTEIN, A., Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, religião, relações sociais, racismo, ciências sociais: 137
Pensava-se que as leis pudessem salvaguardar as desmedidas  ambições do sabido,  e assim ele foi proibido de editá-las, Embora jurados afirmem que  aqui se faz, aqui se paga, em dado momento a maioria não mais nisso acreditou. No máximo as  leis de Deus  valeriam apenas port-mortem. Excluída a Divindade, restaram aos representantes dos próprios homens estabelecerem suas leis. O maior impasse aqui foi gerado. Em caso de dúvida, a lei da maioria deve prevalecer sobre a minoria? Mas neste caso, onde se alojar a propriedade?  Desde então a sociedade vem se engalfinhando a custo estratosférico, incomensurável. 
A ética dominante na História da Humanidade foi uma variante da doutrina altruísta-coletivista, que subordinava o indivíduo a alguma autoridade superior, mística ou social. Conseqüentemente, a maioria dos sistemas políticos era uma variante da mesma tirania estatista, diferindo apenas em grau, não em princípio básico, limitada apenas pelos acidentes da tradição, do caos, da disputa sangrenta e colapso periódico. RAND, A.: 118.
"Não só nos países autocráticos, como naqueles supostamente mais livres - como a Inglaterra, a América, a França e outros - as leis não foram feitas para atender a vontade da maioria, mas sim a vontade daqueles que detêm o poder." (TOLSTÓI, Leon, A escravidão de nosso tempo, 1900, cit. WOODCOCK, G.:106)  ) Inebriada pela fumaça da locomotiva, a própria vida se perde  nos campos talados de minas e canhões.
As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável.  SKIDELSKI: 140
Dessarte ainda praticada entre nosotros, macaquitos brasileños,  a rigor ninguém é proprietário de mais nada. Nosso predicado se compatibiliza tal qual sócios minoritários de tudo que nós mesmos produzimos. Nosso guarda aguarda seus cinco baldes, dos dez que puxamos do fundo do poço. "O brasileiro, além de arcar com uma carga de impostos que come 36,8% da economia do país, carrega no orçamento mais 40 taxas por ano." (O Globo 30/1/2010)  E porque tudo flui na cola da locomotiva, o sobrevivente não identifica o verdadeiro liame que sustenta as relações humanas, e sociais. "O brasileiro, mesmo das grandes cidades, não sabe, nem remotamente, quanto pagamos de impostos. Não sabe mesmo quanto é descontado no contracheque. Nem muito menos, claro, o que sai embutido no preço dos produtos. (DIMENSTEIN, Gilberto, Somos uma nação de idiotas? - Folha, 23/8/2010) " A ideologia chega ao seu ponto máximo quando coloca o direito como instrumento acionado por uma “vontade”, a da maioria, através de seus ‘representantes’ - de ‘legisladores racionais.’ Jamais se questiona se os ‘representantes’ não estariam sujeitos as conveniências políticas." (COELHO, L. : 341)  Ele vê o capital, o dinheiro, como energia da locomotiva, e não dos passageiros. Coube a um dos maiores sabidos lavrar tal confusão, ao puxar o liame ao marco fundamental. Se os recursos da Terra são limitados, e todos merecem acesso, todos concordaram em se manter puxados pela locomotiva. "Vivemos à base de idéias, de morais, de sociologias, de filosofias e de uma psicologia que pertencem ao século XIX. Somos os nossos próprios bisavós." (BERGIER, J. & PAWELS, L.  O despertar dos mágicos: 31)
É esse o ponto crucial da questão. O controle econômico não é apenas o controle de um setor da vida humana, distinto dos demais. É o controle dos meios que contribuirão para a realização de nossos fins. Pois quem detém o controle exclusivo dos meios, também determinará a que fins nos dedicaremos, a que valores atribuiremos maior ou menos importância - em suma, determinará aquilo que os homens deverão crer e por cuja obtenção deverão esforçar-se. HAYEK, Friedrich Von, O caminho da servidão: 111.
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O poder excessivo do setor financeiro é o motivo pelo qual o mundo chegou à crise atual. 
RUSSELL, B. O Moderno Midas, 1930/2002: 69.
Por décadas, este sistema beneficiou o estado, os bancos, a ampla indústria financeira — todos os quais cresceram muito mais do que qualquer outra área da sociedade —, e todos aqueles que possuem ativos que são utilizados como colateral para alavancar os balancetes dos bancos: imóveis, ações, opções.  Os custos deste sistema foram difundidos para todo o público por meio de inflação e de ocasionais pacotes de socorro financiados pelo contribuinte.  Isto é socialismo para os ricos  A segunda crise do socialismo   ,  12/10/2011
A difusão de poder, nas esferas política e econômica, em lugar da sua concentração nas mãos de agentes governamentais e capitães de indústria, reduziria enormemente as oportunidades para adquirir-se o hábito do comando, de onde tende a originar-se o desejo de exercer a tirania. RUSSELL, B., Ideais Políticos: 24
"O terceiro princípio vital para a política do amanhã visa a quebrar o bloqueio decisório e colocar as decisões no lugar a que pertencem. Isso, que não é simplesmente um remanejamento de líderes, e o antídoto para a paralisia política. É o que chamamos de ‘divisão de decisão’."(CHARDIN, Teilhard, cit. FERGUNSON, N.: 48 )
 O amanhã bate na porta.
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Fim da Linha
Os alquimistas estão chegando  A humanidade está emergindo de uma reação em cadeia de causa e efeito que se estende por bilhões de anos no passado. Agora a espécie tem o poder de afetar sua própria evolução através da escolha consciente. As pessoas hoje sabem mais do que nunca. Rádios, televisores, computadores, telefones, copiadoras se espalharam pelo globo em um século. Nenhuma geração pode acrescentar essas coisas aos jornais, revistas e as artes. O nosso é um tempo de possibilidades ilimitadas para intercâmbio, interação entre culturas, viagens e aprendizado. ANATOLY GROMIKO, Breakthrough: 8.
Desde as priscas eras espartanas o poder vinha pelas armas. Ora ele se evidencia pelo dinheiro. Em nosso tempo, parece flagrante que o vil metal será desbancado pelo conhecimento. No horizonte da Nova Era, a qual dizem de Aquarius, Daniel Bell assegura O Fim da Ideologia; Capra, o Ponto de Mutação; Fukuyama, O Fim da História; e Peter Ward, O Fim da Evolução (São Paulo: Campus, 1997). Em 1989 ruía o muro, e Toffler registrava a Powershift: a Mudança de Poder. Emir Sade o procura (O Poder, Cadê o Poder? Ensaios para uma Nova Esquerda. São Paulo: Bontempo, 1997). Bill Gates (p.213) informa: "O poder não vem do conhecimento acumulado, mas do conhecimento compartilhado." Ninguém mais o detém. Don Tapscott aprecia o câmbio como fruto da interação cultural em Paradigm Shift: the New Promise of Information Technology (N. York: Mc Graw Hill, 1993). Entendimento supranacional garante-me Maurice Bertrand, em La Fin de l´Ordre Militaire. Jacques Ion anuncia La Fin des Militants. Alia-se à avalanche que acaba com tudo, começando pelos partidos vendidos aos consumidores como sociais.- A catarse não escolhe rincão. Hawking sinalizou o terminal da Física, mas Einstein já acabara com ela. Pensei em decretar O Fim do Direito, e principalmente da Sociologia, mas de certo modo ALLmirante já arrolou tudo isso há mais de lustro; (O conto de Comte RJ, Papel &; Virtual, 2002). Aliás Kelsen, pmaior artilheiro positivista, foi o primeiro a assinalar que a locomotiva, a justiça é apenas uma das muitas artificialidades criadas por Platão para encantar seus amantes espartanos. Um quarteto de obras empolgantes arrasam o finado secretário do Tirano de Siracusa. Nas ciências econômicas, Ormerod propõe direto, A Morte da Economia, exaurida por excesso de economês, enquanto seu colega David Simpson apregoa o Fim da Macroeconomia louvando-se na escola austríaca precisamente em F. Hayek . (The Denationalisation of Money. - London : Institute of Economic Affairs, Hobart Paper no. 70, 3rd, p. 80, 1990).
Uma concepção adequada de desenvolvimento deve ir muito além da acumulação de riqueza e do crescimento do Produto Nacional Bruto e de outras variáveis relacionadas à renda. Sem desconsiderar a importância do desenvolvimento econômico, precisamos enxergar muito além dele. Nobel de Economia, AMARTYA SEN : 28
A exaustão do antagonismo na relação de produção também é fartamente promulgada e anunciada. Disso se ocupa O Fim dos Empregos, de J. Rifkin. Aliás, se E=Mc2, o materialismo é desprovido de razão. .Dado a maluquice da locomotiva ora se avizinha sua parada total, e com ela a redenção:  "Temos aqui uma histórica mudança geopolítica, na qual o balanço de poder do mundo está sendo alterado de forma irreversível". (Paulo Reynolds BBC News)  Uma conclusão evidente: os bancos centrais devem ser abolidos
O que governa a dinâmica da natureza, inclusive em seu aspecto mais material, na física, não é uma ordem rígida, predeterminada. Nem tampouco uma dialética entre contrários em luta, que leve a síntese, até que se produza uma nova antítese, como na visão dialética marxista rechaçada também pela genética, segundo diz MONOD. É precisamente uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas. GOYTISOLO, J.M., Interações
O imperativo da melhor convivência do habitante com o meio ambiente não pode olvidar, por óbvia extensão, o semelhante. Isto condiciona, pois, o aprimoramento das relações pessoais; por conseguinte, sociais. Em outras palavras: pelo respeito e consideração ao indivíduo (só por ele), chegamos ao resultado social.  No mais amplo campo, a Economia faz-se, apenas, expressão numérica, e por convenção; portanto, há que ser integrada, mero complemento, e não pauta destinatória. E o Direito, ou a Justiça,  meras  orientações.
É a informação - a informação como um fator real e efetivo que estabeleceu os parâmetros do universo em seu nascimento, e, portanto, governou a evolução de seus elementos básicos em sistemas complexos
LASZLO, Erwin: 21. 
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.A Teoria do Caos, a Entropia, a Relatividade ou a Gravidade, o Princípio da Covariância,  a Quântica, as fórmulas atômicas, mesmo epidemias patológicas, a Mão Invisível; de ADAM SMITH, os efeitos-borboleta, condicionamentos atmosféricos assinalados por PRIGOGINE, e constatados na Economia através de PAUL ORMEROD; Do espírito das leis ou da relação que as leis devem ter com a constituição de cada govêrno, os costumes, o clima, a religião, o comércio, etc., título completo da consagrada obra de MONTESQUIEU, O universo em fractais, de MANDELBROT, e agora até as SuperCordas,  têm no processamento das informações trazidas pelas ondas o denominador-comum:
As ondas são estruturas macroscópicas coerentes (mantêm aproximadamente seu perfil espacial), cuja função é reestabelecer o equilíbrio do sistema... Não é exagero afirmar que a maioria dos modelos teóricos usados para descrever a física do Universo primordial usa campos escalares... No chamado Modelo Padrão das partículas elementares, que combina todo o conhecimento atual dos constituintes fundamentais da matéria e das forças com que interagem entre si, campos escalares (pode haver mais de um) são um tipo de matéria que interage com todos outros tipos.  GLEISER, M., 2010: 251, 128.
O que estamos assistindo é isso mesmo - uma enorme onda, um tsunami de 2.500 anos de informações , capaz de reverter a insanidade lavrada naquela longínqua caverna.

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