sábado, 18 de dezembro de 2010

WikiLeaks promove nova Revolução Gloriosa

Em 1688 o Rei da Inglaterra entregou o poder ao povo e saiu de fininho, O povo se tornou novo Rei. O novo Rei agora se vê ameaçado por um indivíduo. Tudo indica que largará suas armas aí mesmo, no chão, sem requerer maiores celeumas. Bom cabrito não berra.
Esse site que largaram por aí dizendo a real sobre o jogo de poder liquida com a mais antiga escola. É hora da verdade. Os dados estão, e estarão lançados, a todo instante. Tudo indica um efeito nuclear, ploriferadas ondas pelo mundo afora. E não só mais pelo feliz criador dessa seleção de raridades. Nenhum governo, nenhum governante jamais esteve tão vulnerável. Escândalos sexuais, por corriqueiros, antigos, truques de maníacos, esses já não fariam o menor efeito. Berlusconi se ufa! Casa-se, descasa-se, é homem com homem, mulher com mulher, e ai de quem discriminar!  Tudo são apenas aparências. Elas aparecem. Mas o que ora rola faz aparecer o que jamais apareceu - a realidade tramada, seca, cruel, mas não desumana, até compreensível.,dos representantes nacionais. Afinal, o que somos senão meros reprodutores da cultura que existe?
EUA audiência do Congresso sobre Wikileaks (3h de vídeo) | http://is.gd/iVXa3
Julgamento Assange faz história legal na Grã-Bretanha  http://is.gd/iKQXA 
CIA cria força-tarefa para analisar impacto dos vazamentos do WikiLeaks  
Entrevista: Julian Assange 
Cinco publicaçoes internacionais  -  The Guardian, El País, The New York Times, Le Monde e Der Spiegel - emprestam etiqueta e credibilidade à série de vazamentos. 
Os atuais governantes estudaram pelas cartilhas passadas, especialmente as do XX, o século das barbaridades. Isso era governar. Subir ao poder, gozar suas delícias, manter-se o máximo tempo que puder, saindo por fim ou tomado como louco, ou como alguém que soube sair ileso de tantas implicações pelas quais esses nossos antepassados se metiam. E o pior, suas ações não apenas lhes comprometiam, como envolviam nações inteiras aos descalabros de seus parcos sonhos materiais.
O Estado comprovou ser um gastador insaciável, um desperdiçador incomparável. Na verdade, no século XX, ele revelou-se o mais assassino de todos os tempos. O político de massas oferecia o New Deal, grandes sociedades, e estados de bem-estar social; os fanáticos atravessaram décadas e décadas e hemisférios; charlatães, carismáticos, exaltados, assassinos de, unidos pela crença de que a política era a cura dos males. Paul Johnson
No amplo foco de wikileaks  resplandece o universo das relações internacionais.  Elas balançam, mas, creio, apuram-se. A rigor o audaz responsável não provoca maior desafeto do que já existe. Não pode ser tratado como algo que se deva proibir ou evitar a qualquer custo ser divulgado. Mas o pioneiro simplesmente exuma o corpo vivo, mostrando as vísceras ou mesmo as grandes virtudes, por que não, dos governos que mandam no mundo.
Pelo WikiLeaks, a espionagem oficial, antes guardada pelos carimbos de “secreto” ou “confidencial” nos gabinetes diplomáticos, vai-se convertendo em divertimento planetário. A profusão dos documentos vazados e a irrelevância da imensa maioria das informações conferem ao circo um certo ar de banalidade, como se segredos de Estado não fossem lá grande coisa. E talvez não sejam mesmo. O WikiLeaks sobrevém, assim, como a vingança dos que não têm mais privacidade contra os que ainda se imaginavam controladores das privacidades dos comuns. Não há mais segredos bem guardados, nem mesmo na Casa Branca. O panóptico estilhaçou-se, caiu como a velha Bastilha. Reis e rainhas trafegam nus. Os esconderijos esfacelam-se. Nesse meio tempo, as reações do poder – econômico e político – contra o WikiLeaks revelam uma mentalidade pateticamente totalitária. Num jogo combinado, típico de coalizões militares, as instituições financeiras internacionais fecham o cerco. Governos agem de modo análogo. Será que esse pessoal acreditava que controlava a sociedade de modo tão absoluto? Quem acreditou nisso errou. O WikiLeaks não é um site, mas uma possibilidade da era digital que se materializou num site. Outros virão. O vazamento indiscriminado vai continuar. Outras caixas de Pandora estão para cair. Que caiam. Eugenio Bucci, WikiLeaks ou a vingança do mundo vigiado
Se isso virar moda, em todos os níveis, assistiremos o mais insólito espetáculo jamais visto na face da Terra: muita gente vai deixar as armas ali mesmo, no chão, e já sair de fininho, pelo menos tentando arranjar algum acordo com quem vai lhe cercando. Mas acordos podem e são quebrados, principalmente pelos gregos, depois do almoço. O único remédio é a mais completa regeneração, se isso for possível. Não há mais lugar no mundo onde impostor possa esconder seu intento. Esta é a grande revolução,  redentora e de novo gloriosa, ao gáudio de quem pensa em simplesmente viver.
A ciberguerra começou. Não uma ciberguerra entre Estados como se esperava, mas entre os Estados e a sociedade civil internauta. Nunca mais os governos poderão estar seguros de manter seus cidadãos na ignorância de suas manobras. Porque enquanto houver pessoas dispostas a fazer leaks e uma internet povoada por wikis surgirão novas gerações de wikileaks.A ciberguerra do Wikileaks Por Manuel Castells em 15/12/2010 Reproduzido do La Vanguardia, 11/12/10, tradução de Eduardo Graeff (www.eagora.org.br); intertítulos do OI




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