quarta-feira, 28 de março de 2012

O maquiavelismo das leis e da justiça do trabalho

Salve bravos carregadores,
'Mais longo o trabalho, maiores favores',
Sem ânimo ou vontade de sorrir,
sempre duros de cabeça e braço,
de originalidade nenhum traço.
Sans géni et san esprit

NIETZSCHE, F., Acima do bem e do mal: 121
O fato é que nas ações trabalhistas (são 22 milhões o total de ações existentes), boa parte do resultado vai para a mão do governo (INSS, IR e custas), valor que fica na contramão do social. Para a ação trabalhista, mantém-se uma centena de mil serventuários e juízes que representam na folha, 93% do total do orçamento anual do judiciário laboral. É preciso romper a intransigência da Justiça do Trabalho Roberto Monteiro Pinho, 27/3/2012
O crescente número de ações trabalhistas
"São 100 mil advogados trabalhistas, mais 15 mil que vivem ligados à Justiça do Trabalho, no total chegam à cerca de 150 mil. Um lobby de 150 mil é maior que o desejo do restante da sociedade." (Pedro Evangelinos, diretor da FIESP in Jornal O Estado de São Paulo, 25 de novembro de 2001: B6 ) 
O presidente Lula da Silva fez um discurso inflamado durante a posse da nova direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A centenas de sindicalistas presentes, Lula disse que 'esta é a hora de se reivindicar salários, aumentos de conquistas e mais direitos trabalhistas'. (Lula fala como 'sindicalista' e diz que é hora de pedir. - Estadão, 2/8/2008)
Enquanto a formidável orquestra gramsciana permanece encantando os salões do Brazilianic, a produção e os próprios trabalhadores se afogam nas leis sociais, em dramáticas disposições financeiras, impostos escorchantes, carência de infraestrutura e logística, em ondas críticas:
Pelo 6º mês seguido, produção industrial registra queda no País  29/3/2012
Parece ser também muito conveniente que a Justiça do Trabalho seja responsável por grande parte da mortandade – que é enorme no Brasil – das micros e pequenas empresas. Já existem em cidades como São Paulo grupos organizados de 'trabalhadores' que vivem, exclusivamente, de indenizações trabalhistas impostas contra as pequenas empresas. Brasil Maior ou Brasil Menor ?
Um milhão de patrões têm dívidas trabalhistas
No Brasil, quem fica com a renda dos trabalhadores é o Estado. Devolve depois? Para os trabalhadores das empresas privadas, pouco. O componente fiscal no Brasil é terrível em qualquer atividade. Na distribuição da receita bruta de uma empresa não financeira, o primeiro beneficiário é o Estado, que fica sempre com mais de 42% da receita. Os trabalhadores ficam com cerca de 20%. Fornecedores, credores, prestadores de serviço públicos e privados e os acionistas ficam com o restante. Desde 2002 a União investe menos de 1% do PIB. Existem estudos empíricos que mostram que os trabalhadores com menos de dois salários mínimos pagam mais de 50% da sua renda em impostos. E o Bolsa Família custa 1,7% da receita da União.. Só depois de impostos 
A numerosa fila de reclamatórias trabalhistas ainda requer o desperdício de formidável cifra em prol dessas entidades em nada produtivas.  “Justiça - Lobby classista luta para manter privilégios - Presidentes de TRTs tentam no Senado derrubar projeto que proíbe nepotismo”. (O Estado de São Paulo 29/10/1995) "Há realmente tribunais que têm se utilizado de influência política para aumentar sua participação no Orçamento da União e isso traz transtornos para o controle que o TST deveria ter sobre eles." (Ex-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Min. Wagner Pereira Ministro defende redução de TRTs no País. - revista Consulex, Brasília, 30/9/1997: 16)
Em uma votação relâmpago que durou menos de 50 minutos, o plenário da Câmara aprovou 11 projetos de lei que criam 584 cargos em Tribunais Regionais do Trabalho, 243 cargos de juiz e outros 97 cargos para serem preenchidos sem concurso público também nos tribunais. Além disso, foram criadas 521 funções de gratificação, que significam reforço salarial concedido a funcionários do quadro efetivo. O Conselho Nacional do Ministério Público também foi beneficiado com a criação de 39 cargos e funções comissionadas desse total. A aprovação foi por meio simbólico em um plenário quase vazio, sem o registro dos votos no painel eletrônico. Os cargos e funções vão aumentar as despesas em, pelo menos, R$ 129,307 milhões por ano, segundo cálculo elaborado pelo deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), que criticou a aprovação dos projetos. (ESTADÃO, 14/5/2009) 
Justiça do Trabalho poderá criar varas especializadas em acidentes ..
O país gastou R$ 8,4 bilhões para que a Justiça do Trabalho atendesse 2,4 milhões de trabalhadores e empresas em 2007. Isso significa que cada um que recorreu à Justiça gerou um gasto público de R$ 3,5 mil. O montante dispensado na Justiça Trabalhista representa 0,31% do PIB do Brasil. A folha de pagamento continua a abocanhar a maior parte desses R$ 8,4 bilhões da Justiça do Trabalho — 94% vai para o bolso dos servidores e juízes. O número aumentou em relação a 2006 (93,65%) e 2005 (92,5%). Daniel Roncaglia
“Juizes e sindicalistas são patrocinadores de irregularidades constatadas pelo Estado na Justiça do Trabalho. Desperdício e nomeação de parentes são comuns nos 24 Estados onde foi feito o levantamento.” (Casado, José, Herança e Desperdício, O Estado de São Paulo, 20/8/1994: A4.)
Marcos Andreotti, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (1932-37 e 1958-64) não estava sozinho ao denunciar a lei trabalhista brasileira como uma piada e uma tapeação perpetrada contra os trabalhadores. Mesmo o suposto representante dos trabalhadores na Junta de Conciliação e Julgamento local podia não ser confiável, ele enfatizava, porque somente os mais submissos membros da minoria menos militante dos sindicalistas eram escolhidos para o posto pelo Ministério do Trabalho. FRENCH J. D.: 19
O baluarte populista do Ministério do Trabalho, o peleguismo e os partidos políticos populistas eram responsáveis pela incorporação ao Estado das forças sociais que haviam se desenvolvido. Eles eram simultaneamente responsáveis pela desagregação e conformismo das classes trabalhadoras e pela legitimação da 'sociedade capitalista'. DREIFUSS, Rene Armand, 1964: A Conquista do Estado - Ação Política, Poder e Golpe de Classe: 30
"Arranjos corporativos são fórmulas de institucionalização do conflito de classes, levando-as ao diálogo ou a regras mínimas de convivência com a arbitragem do Estado. Entre nós este arranjo produziu o completo distanciamento das classes que supostamente deveria aproximar." (COSTA, V.:49) 
Burgueses burros, não entenderam que eu estou querendo salvar a vida deles.
VARGAS, Getúlio, cit. CAMPOS, Humberto, Crítica; KORGE, F: 296
DAVID BOHM (cit. MOREIRA e VIDEIRA, Einstein e a Ciência no Brasil: 267) veio morar no Brasil à cátedra na USP, entre 52 e 54. O renomado Físico Nuclear ficou perplexo. Um curto e grosso relato ao amigo EINSTEIN explicam as razões de sua curta estada: "O que caracteriza esse governo (Getúlio Vargas) é uma incrível e absoluta corrupção, de tal intensidade que nem mesmo um norte-americano imaginaria antes de vê-lo de perto. Do topo à base, todos aceitam propinas." Nada de novo no front. “Getúlio era um fiel discípulo do secretário florentino, daquele que Gioberti considera o 'Galileu da política' e Emil Ludwig chama de 'instrutor dos ditadores'.” (CAPANEMA, Gustavo, Dois Traços Getulianos em Maquiavel, Folha de São Paulo, 21/8/1977)
Aos bolchevistas e socialistas se contrapunham, entre os inimigos da Velha República, as idéias fascistas, principalmente depois da Marcha sobre Roma e da ascensão de Mussolini ao poder na Itália. A partir daí, comunistas e socialistas de um lado, e fascistas e nazistas de outro, iriam disputar espaço na vida conturbada da República brasileira. ANDRADE, M. C., A Revolução de 30 - Da República Velha ao Estado Novo: 8
Reverberações keynesianas rondavam Vargas. É o getulismo, tornado claro e plenamente delineado ao longo do Estado Novo, uma assimilação do New DealEstado Novo, Vargas tão logo tomou posse tratou de criar o Min. Trabalho e de propor leis trabalhistas. A Lindolfo Collor competiu comandar as ditas leis trabalhistas, antecedendo, deste modo, em dois anos, as políticas trabalhistas do New Deal. O Estado desenvolvimentista latino-americano, na sua versão getulista e brasileira, seria isto: um keynesianismo antropofágico, assumido ou por contágio. Um Welfare State abrasileirado, antropofágico. E mesmo antes do verde amarelo, industrializador e autoritário, talhado em Pau Brasil. OLIVEIRA, Jaime A. de Araújo e TEIXEIRA, Sônia M. Fleury: 114.
Tirante escassas cidadelas ainda dominadas por esses reacionários, entre os quais despontam Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha (Espanha faz greve geral contra reformas trabalhistas) não por coincidência pivots da crise, desde o desmascaramento nazi-fascista, consubstanciado pela vergonha soviética, as nações mais desenvolvidas tem bem presente:  longe de regular as relações de produção, a metonímia alimentada por Malthus, Darwin & Marx, e aplicada pelos suicidas Hitler e  especialmente Mussolini, esses copiados ipses litteres por Salazar, Franco e pelo clone tupiniquim, neste caso inclusive preferindo semelhante desfecho pessoal, apenas fornece estribo para que ambos digladiantes busquem vantagens que numa relação de contrato  jamais alcançariam, assim turvando todas as relações produtivas.
Hayek se concentró en la filosofía política y en desarrollar mejor la explicación de cómo el keynesianismo y los gobiernos que lo aplicaban, por mejores intenciones que tuvieran, llevaban a las economías al fracaso y a los ciudadanos a perder Libertad.  Hayek fue redescubierto en los setenta cuando el desplome del estatismo necesitó una alternativa. Recibió el Premio Nobel de Economía en 1974 y fue ampliamente reconocido como un gigante del pensamiento. Editorial El País. Hayek, la libertad como bandera
Jin Liqun, presidente do Conselho do China Investment Corp – o fundo soberano da China (US$ 400 bilhões de patrimônio) –, entende que os atuais problemas da Europa se devem “às desgastadas políticas de assistência social”. Ele acha que “as leis trabalhistas geram preguiça em vez de trabalhadores”. Soberania atropelada Celso Ming
"Brasil continua único País do planeta onde é possível encontrar um Juiz togado tentando resolver problemas entre capital e trabalho. Trata-se de entulho legado por Getúlio Vargas, cuja morte completa 40 anos. Todo entulho de regulamentos produzido pelo Estado Novo continua intocado, ainda vigente.". (O Estado de São Paulo, 21/5/1995: A12) Pois assim falou Zaratustra  (NIETZSCHE, 1961: 7):
Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Pois é o mesmo que deve ser para o Super-homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Percorreste o caminho que medeia do verme ao homem, e ainda em vós resta muito do verme. Noutro tempo fostes macaco, e hoje é ainda mais macaco do que todos os macacos.
O carma
E como se desce, desse mundo de ironia e razão e veridicidade, ao reinado do sábio de Platão, cujos poderes mágicos o elevam muito acima dos homens comuns, embora não tão alto que dispense o uso de mentiras ou despreze o triste mercado de cada curandeiro, a venda de feitiços, de encantamento e criadores de raça, em troca de poder sobre seus concidadãos! PEREIRA, J.C..: 153
"A marca da filosofia platônica é um dualismo radical. O mundo platônico não é um mundo de unidade, e o abismo que, de diversas formas, resulta dessa bifurcação, surge em inúmeras formas." (KELSEN, H., 2001: 81) 
Com efeito, quase todos os vícios, quase todos os erros, quase todos os preconceitos funestos que acabo de pintar deveram seu aparecimento, ou sua duração, ou seu desenvolvimento à arte da maioria de nossos reis de dividir os homens para governá-los mais absolutamente. TOCQUEVILLE, A., O antigo regime e a revolução, Livro II, cap. XII:139
Ao vitoriano  Stuart Mill, (cit. BOBBIO, N., Democracia e Liberalismo: 71) a torpe técnica já provara total eficácia: "Nenhuma comunidade jamais conseguiu progredir senão aquelas em que se desenvolveu um conflito entre o poder mais forte e alguns poderes rivais; entre as autoridades espirituais e as temporais; entre as classes militares ou territoriais e as trabalhadoras; entre o rei e o povo; entre ortodoxos e os reformadores religiosos."
Proudhon zombava dessa distinção entre capital e trabalho. Ele acreditava que capital e trabalho não são dois tipos diferentes de riqueza; que toda a riqueza sofre um processo contínuo, passando de capital a trabalho e de trabalho a capital, ininterruptamente e que as mesmas leis de justiça que regulam a posse de um, deveriam regular a posse de outro. TUCKER, B., Socialismo Estatal e Anarquismo, 1888; cit. WOODCOCK: 135
O lúcido francês tratava, pois, ao fim das contas, da estultice lavrada pelo carma no interior daquela caverna grega,. certamente rodeado por morcegos, distante dois milênios de Maquiavel, Hobbes, Hegel, Comte, Marx, and  at last, but not least, de Keynes, esses mais famosos inspiradores dos embretamentos trabalhistas, estereotipados articuladores. Maior bobagem não há.
Elimine a moral e as leis e as pessoas farão o correto. 
TAO TE KING: 19
Resta apenas uma dúvida: fosse na sofrida Athenas dos Trinta Tiranos ou seja em nosso sofrível Estado de 1930, a quem poderia interessar algo correto?

sexta-feira, 23 de março de 2012

Mister esvaziar o poder

É esse o ponto crucial da questão. O controle econômico não é apenas o controle de um setor da vida humana, distinto dos demais. É o controle dos meios que contribuirão para a realização de nossos fins. Pois quem detém o controle exclusivo dos meios, também determinará a que fins nos dedicaremos, a que valores atribuiremos maior ou menos importância - em suma, determinará aquilo que os homens deverão crer e por cuja obtenção deverão esforçar-se. HAYEK, Friedrich von, O caminho da servidão: 111.
A crise norteamericana não foi causada por má educação do povo, tampouco pela indústria, ou pela agricultura. Ela se deveu exclusivamente à ganância financista, levada à cabo por contar com sua cabeça-de-ponte já na ponte de comando: "NYT" 21/10/2008 mostra como a legislação permitiu a "proliferação de grandes doadores" para ambos os candidatos, inclusive Lehman Brothers, AIG e outras empresas que se perderam na crise financeira." Paródia mostra clientes do Goldman Sachs como ‘muppets’
O procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, acusou executivos do Merrill Lynch de 'irresponsabilidade corporativa' por pagarem, em segredo, bonificações no valor de US$ 3,6 bilhões enquanto o banco se beneficiava de ajuda estatal. Em Washington, a Câmara recebeu dirigentes dos bancos Bank of America, Bank of New York Mellon, Citigroup, Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Morgan Stanley, State Street e Wells Fargo para dar satisfações sobre o dinheiro público gasto pelas instituições. Os banqueiros não foram poupados de críticas pelos congressistas e manifestaram arrependimento pelo uso que fizeram da cifra bilionária do plano de resgate. UOL, 11/2/2009
A Europa sofre replay, acrescido por irresponsáveis gerenciamentos das contas públicas.* "É uma consequência da lógica desta sociedade de crescimento que, depois dos anos oitenta, não teve outro objectivo senão prolongar a ilusão do crescimento e entrou numa bolha financeira. Esta começou por ser uma crise financeira, mas é também uma crise económica e, acima de tudo, uma crise de civilização." O estimado Portugal, a Grécia e a rica Espanha afundam em déficits orçamentários, péssimas gestões, não é novidade. "O socorro levará à centralização do poder na União Européia. Os políticos europeus já determinam, indiretamente, qual deve ser o orçamento irlandês. Por exemplo, eles dão ordens ao governo irlandês para aumentar impostos, como o imposto sobre vendas."  Philipp Bagus,
De fato, é como as nações modernas estivessem repetindo cegamente o erro que foi fatal para as cidades gregas, dois mil e quinhentos anos atrás. Por mais incongruente que isso possa parecer, minha impressão é de que a peça que estamos encenando já foi montada na Grécia, na época do nascimento da filosofia socrática. É que, desde Platão, as coisas praticamente não mudaram. É como se a espécie humana não pudesse escapar da mediocridade de seu destino. SAUTET, Marc, 2006: 15/86
Em nosso continente o carma se espraia com facilidade. Más sobre la "hipnocracia". O franco empobrecimento da Argentina e da petroleira Venezuela corroboram a máxima de Mises: "Nenhum governo pode tornar seu povo mais rico, mas pode empobrecê-lo." Por causa de barreiras, falta até remédio na Argentina
O Brasil, que se antecipou no golpe bancário, assim ensinando o mundo inteiro, ora atola a produção, cravejando-lhe de penduricalhos e sanguessugas. Já acostumado a nadar em dinheiro graças aos mais altos Impostos do mundo (Arrecadação de tributos chega a R$ 71,9 bilhões e é recorde para o mês de fevereiro) e às gigantescas manipulações monetárias, o novo rico governo federal se mostra assustado com os dados e protestos sobre a pífia produção nacional. Consumidor paga até 55% em tributos em produtos de Páscoa  A preocupação, ou melhor, sem o prefixo, posto que tardia,  pode ser verdadeira, mercê da incapacidade intelectual, do parco conhecimento histórico, e principalmente por causa da obssessão por glória e reconhecimento popular, brilho que tal qual luz à maripôsa lhe torna cega à realidade, às circunstâncias, à eventualidades,  ao infortúnio das precedentes.  Em nascitura já se poderia prognosticar:   “Os utilitaristas são ingênuos. E, no fim, teríamos em primeiro lugar que saber o que é útil; aqui novamente a visão deles não se estende além de cinco passos. Eles não tem idéia de nenhuma grande economia que não saiba lidar com o mal.” (NIETZSCHE ,cit. DIGGINS,  J. P. : 162). "As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável." (SKIDELSKI: 140
Ávido de tudo reger, levar o gado modo cantarolante, o script populista exige a constante ampliação da base eleitoral. Agregam-se incontáveis vagões, sobrecarregando ao máximo as locomotivas. Trabalhadores receberam R$ 15 bilhões em 2011 em decisões da Justiça do Trabalho
Parece ser também muito conveniente que a Justiça do Trabalho seja responsável por grande parte da mortandade – que é enorme no Brasil – das micros e pequenas empresas. Já existem em cidades como São Paulo grupos organizados de 'trabalhadores' que vivem, exclusivamente, de indenizações trabalhistas impostas contra as pequenas empresas. Brasil Maior ou Brasil Menor ?
Na planície, ou no declive, a inércia mantém em movimento a enorme composição; um pequeno sobressalto, um morrinho qualquer, todavia, é forte para neutralizar o fandango popularesco, a farra do arraialDescontrole financeiro a vista "A presidente simplifica perigosamente os fatos quando formula seu diagnóstico da situação brasileira: 'Nosso problema é (sic) juros, câmbio e inflação”. (O simplismo da presidente’, publicado no editorial do Estadão)
Brics discutem criação de Banco de Desenvolvimento em cúpula da Índia Eis a mais pura alienação: o tripé monetarista não produz alimento, nem saúde, muito menos cultura ou educação. Nada além de especulação. Plano de taxar investimento
Se houver fuga dos Fundos como governo financiará a dívida interna?
Assim como a Física tem essas leis inexoráveis, a Economia, e o ser humano, por inseridos no Universo, também obedecem fatalidades. Nenhum governo, por mais poder que obtenha, nem com o apoio unânime da população será forte para mudar a Lei de Gravidade. Querer direcionar bilhões de pessoas ao restrito projeto sempre foi tentado, e também espatifado. A sociedade do crescimento "traiu as suas promessas" de abundância
Todo homem possui sua finalidade particular, de modo que mil direções correm, umas ao lado das outras, em linhas curvas e retas; elas se entrecruzam, se favorecem ou se entravam, avançam ou recuam e assumem desse modo, umas com relação às outras, o caráter do acaso, tornando assim impossível, abstração feita das influências dos fenômenos da natureza, a demonstração de uma finalidade decisiva que abrangeria nos acontecimentos a humanidade inteira. NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, Da utilidade e do inconveniente da História para a vida; 74
A tardia preocupação governamental se mostra falsa, contudo, se não subestimarmos tanto assim sua equipe, capaz de montar e alimentar a impressionante engrenagem mensaleira, assim mantendo incólume o estratagema gramsciano de ponta a ponta da Nação, por todas as aglomerações que alcançar seus tentáculos - desde o sistema educativo, ao próprio econômico, do político ao social. PT compra clubes e aparelha até o futebol em Brasília. Exceto a inimaginável corrupção, dissimulada, claro, mas sempre praticada, Cleptocracia Brasil - Pravda- Ru, precipita-se aprimorada e avassaladora publicidade que faria inveja ao Departamento de Imprensa e Propaganda, do famigerado  Estado Novo **.  O  refluxo vem até do exterior, neste caso colocando em xeque o colossal montante apurado na Justiça do Trabalho: "Pesquisa que o 'Monde' de sexta-feira, mas com data de sábado, divulgou diz que os trabalhadores do mundo inteiro vão felizes para o trabalho. O Brasil, aliás, é o recordista de felicidade." Quando todas as classes vão ao paraíso  A certidão lavrada no DIP assegurava ser  Getúlio o "Pai dos Pobres". Passados mais de cincoenta anos, a Nação ainda se porta como filha  à espera da mesada, impedida de assumir emancipação, em prol do feitor de plantão. "Lula se apresentava como 'pai dos pobres', mas ao mesmo tempo atendia os interesses dos banqueiros e grandes empresários', constata a Historiadora da USP Prof. Maria Lígia Coelho Prado, coordenadora do Seminário Internacional Perón e Vargas, Aproximações e Perspectivas, para O Estado de São Paulo. (15/4/2008) 
Faz 24 anos da redemocratização e 21 da promulgação da Carta que restabeleceu o estado de direito democrático, e mesmo assim percebe-se que as instituições republicanas, base da democracia representativa, ainda padecem de investidas do autoritarismo e dão sinais de ainda não estar consolidadas. O Globo, História conhecida (Editorial)
"Não diria que Lula foi cruel com sua herdeira porque ele não sabia da infame peça que o destino lhe preparava. Mas foi imprudente e Dilma também. Ambos sabem que o homem põe e Deus dispõe"'Apressa-te devagar' Como nao podemos colher nada diverso adubando os existentes e até plantando mais alucinógenos, viemos paulatinamente apurando o insólito:
A presidente eleita, Dilma Rousseff, não terá dificuldade para encontrar a pobreza absoluta que ela prometeu erradicar até o fim do mandato, como um dos principais compromissos da campanha. Quase 5,3 milhões de famílias - a grande maioria dos brasileiros que permanecem na condição de miseráveis - já são beneficiárias do programa Bolsa-Família, de transferência de renda .Estadão, 5/12/2010
A família e a nação são biológicas; o truste e o sindicato são econômicos. 
RUSSELL, B., Ensaios céticos: 210
Este é o dilema. Querendo tudo açambarcar, lá se vão a biologia e a economia, e principalmente, a biodiversidade, em prol da média - ou seja, da mediocridade.
Esta teoria imagina uma espécie de espectador imparcial que, por dispor de todas as informações, seria capaz de determinar, por um balanço de perdas e ganhos, qual a regra de maior utilidade - total ou média - para o maior número. É claro que o utilitarismo pode servir para justificar - em nome da justiça e por uma espécie de ardil do 'bem-estar geral' - qualquer sistema de opressão geral. RAWLS,  J., cit. LACOSTE, J.  A filosofia no século XX:  139
Desordem e regresso  Curtido este pequeno exercício, o resultado é insofismável: segundo a FGV na última década a renda dos 50% mais pobres do Brasil cresceu 68%, enquanto a dos 10% mais ricos cresceu apenas 10%. (Estadão, 7/3/2012) Esses dados não podem ser desconhecidos na Esplanada dos Ministérios. Per se eles denotam: o governo tem bem presente o que faz, e o rumo que prefere. Na ficção, a ‘nova classe média’ brasileira chega ao paraíso. Mas na realidade...
Consumismo eleva endividamento
Inadimplência na compra de veículos é a maior desde 2000
Para tornar aquele futuro ainda mais tenebroso, momento que ora alarma os argonautas do Brazilianic, as funções vitais foram totalmente negligenciadas: Aeroportos brasileiros em miséria
Com essa política irresponsável, os governos do PT, além de nada investirem em infraestrutura, literalmente permitiram a deterioração de tudo o que já tínhamos construído, principalmente nos anos de governos militares, como as hidrelétricas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e redes de distribuição de energia que hoje estão em péssimas condições ou já praticamente destruídas. O tsunami de Dilma
Conversa é pouco para ajudar a indústria - Leviathan alivia clamorosamente o bolso de todo mundo, com mínima contrapartida,  restrita a promessas. Brasileiros são os que tem menos retorno dos impostos que pagam Quo vadis? Simplesmente diminuindo a esperança, as cobranças, as expectativas de que o lobo do homem em algum momento se regenerar. Encenação no Planalto  O matemático Patri Friedman, neto do Prêmio Nobel de Economia 1976, prima pelo exato: "Não sou contra governo. Mas sou contra os modelos atuais de governo. Os governo são grandes, quando comparados às empresas. Não seria tanto problema, se os poderes locais tivessem mais autonomia. Mas todo o poder vai para a capital, em todos os países."

Há uma enorme tarefa a ser executada na América Latina no plano das ideias! Uma delas é mostrar às pessoas que suas vidas não podem depender de políticos, de burocratas e de tecnocratas. Que suas vidas são suas. Que seu futuro não pode estar nas mãos de um prefeito, governador, ministro ou presidente, mas em suas próprias mãos, com base nas escolhas que fizer durante a sua vida.,, as ideologias não funcionam e uma sociedade de pessoas livres só faz sentido quando nela prevalece o indivíduo e não o estado Econ. Prof. da UERJ Ubiratan Jorge Iorio,, O absurdo dos absurdos, 2/2/2011)
Ao perdermos a fé na condução política, de pouca serventia serão as promessas, e principalmente as justificativas para sobrecarregar de impostos não somente a cadeia produtiva, mas o próprio trabalhador, que sequer tem noção da enorme parcela que de modo matreiro lhe é retirado dos seus salários, e ampliada em cada compra ou movimento que efetivar. "Trabalhador solteiro, em situação regular, com carteira assinada, com R$ 2 mil mensais de salário, entre os descontos a que é submetido e os custos impostos ao empregador, resultará em R$ 837 que passam para os cofres públicos." (BROSSARD, P., Peleguismo eleitoral 8/6/2010) Resta o que se tem de mais caro, jamais usufruído, sempre desdenhado em nome da sobrevivência: a liberdade, e a integração no  desenvolvimento desse modo sustentado, sem requerer reuniões, incentivos, ou combinações, sem maestro ou pastor, muito menos impostor: 
Esta organização não pode ser abandonada à iniciativa dos governos: será alcançada quando os povos tiverem uma vontade firme e ativa, porque é renovação radical de todas as antiquadas tradições politicas. A compreensão e a vontade de resolver o problema estão-se generalizando. Acredito na influência de um individuo sobre outro e acredito no processo de seqüência e encadeamento entre os homens. EINSTEIN, A., Fala Einstein sobra o futuro da humanidade, Folha da Manhã, 4/3/1949
Ora os alisios sopram de todos os quadrantes: "O conhecimento e a capacidade tornaram-se a moeda global das economias do século 21, embora sem um banco central que imprima esta moeda. O que nos manterá caminhando para a frente será sempre nossa contribuição pessoal”. (THOMAS FRIEDMAN, THE NEW YORK TIMES)
A comunidade fala-lhe com uma mesma voz, mas cada indivíduo fala partindo de um ponto de vista diferente; no entanto, estes pontos de vista estão em relação com a actividade social cooperativa e o indivíduo, ao assumir sua posição, encontra-se implicado, devido ao próprio carácter da sua resposta, nas respostas dos outros. GEORGE HERBERT MEAD (1863-1931, A filosofia do ato: 153; cit. ABBAGNANO: 29
O esforço natural de cada indivíduo para melhorar suas própria condição constitui, quando lhe é permitido exercer-se com liberdade e segurança, um princípio tão poderoso que, sozinho e sem ajuda, é não só capaz de levar a sociedade à riqueza e prosperidade, mas também de ultrapassar centenas de obstáculos inoportunos que a insensatez das leis humanas demasiadas vezes opõe à sua atividade. ADAM SMITH  cit. DOWNS: 56  
“O fato significativo é que estamos, agora, deslocando-nos para futuras formas poderosas de processamento de conhecimento que são profundamente antiburocráticos.” (TOFFLER, A., Powerxhift: 199)
É do vazio da política que a verdadeira política necessita. Nesses momentos é que podem emergir as ações inesperadas, que possibilitam uma tomada de palavra, um exercício de poder, uma reação que signifique uma reorganização da ordem social. , Se pensamos o mundo como multiplicidade, o vazio não é um problema, ele é mais um constitutivo dessa multiplicidade. O vazio passa então a ser tomado de modo positivo, como possibilidade de traçar linhas de fuga, de inventar, de construir o futuro. O mundo fragmentado, vazio de crenças e de política, é o que permite a ação. O homem está livre para ocupar espaços e com isso (re)criar crenças e a própria política. Prof. GALLO, Silvio Gallo, Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. 
A justificação da democracia, ou seja, a principal razão que nos permite defender a democracia como melhor forma de governo ou a menos ruim, está precisamente no pressuposto de que o indivíduo singular, o indivíduo como pessoa moral e racional, é o melhor juiz do seu próprio interesse. BOBBIO, N.,: 424
"Não um único ideal para todos os homens, mas um ideal diferente para cada homem é o que deve ser alcançado, se possível." (RUSSELL, B., Ideais Políticos: 10)
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Notas
* Opinião do Prof. Econ. Kuing Yamang, que viveu na França.
1. A sociedade europeia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas , ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos ...
2. Os seus industriais deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.
3. Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.
4. Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.
5. Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.
6. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.
7. Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do da China!
8. Dentro de uma ou duas gerações, nós chineses iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhes-emos sacos de arroz...
9. Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, e estão muitas vezes em greve. Mas os que decidem acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um desempregado...
10. Os europeus vão diretos a um muro e a alta velocidade...
Comentários de um chinês sobre a crise na Europa
**Através da propaganda feita pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) de que ele, [Getúlio Vargas] era o 'pai dos pobres', o homem que lhes garantia a aposentadoria, a estabilidade no emprego, o seguro social, através dos institutos de previdência, das férias remuneradas, das habitações populares, etc. O DIP, durante anos dirigidos pelo capacitado Lourival Fontes, soube produzir uma imagem de ditador muito simpática às massas. JORGE, F., A Revolução de 30 e a Finalidade Política do Exército: 187.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Polêmica dos crucifixos



Parece-me gente de tal inocência que, se o homem o entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem nenhuma crença. E, portanto, se os degradados que aqui hão de ficar aprenderem bem sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa fé. Carta de Pero Vaz de Caminha, cit. FARACO & MORA, Para gostar de escrever.
O gênio irriquieto e ambicioso dos europeus... impaciente para empregar os novos instrumentos do seu poderio. FOURIER, JEAN-BABTISTE-JOSEPH, Descritiption de l'Égypte, prefácio.vermelha crescer no Reino Unido
A História e o presente não deixam dúvidas - a instituição e sua utilização obedecem aos objetivos estritamente econômicos e geopolíticos,  desapercebidos pela alienação causada. "As Cruzadas ** não diziam respeito apenas à libertação do Santo Sepulcro, mas antes a saber qual dos dois venceria na terra." (SAID, EDWARD, Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente: 180)
Um tesouro foi encontrado por arqueólogos israelenses na Fortaleza de Apolônia, em Hertzlyia, ao Norte de Tel Aviv. Dentro de um vaso de cerâmica, foram encontradas 108 moedas de ouro do século XIII D.C.  O vaso com as moedas é mais uma peça no quebra-cabeças do local, que serviu de fortaleza dos cruzados na Terra Santa há 800 anos. Tesouro das Cruzadas encontrado na Terra Santa vale R$ 500 mil
"Na verdade, jamais houve qualquer legislador que tenha outorgado a seu povo leis de carácter extraordinário sem apelar para a divindade, pois sem isso estas leis não seriam aceitas... O governante sábio sempre recorre aos deuses." ( MAQUIAVEL, N., Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Brasília : Editora UnB, 1994: 58; tb. cit. BOBBIO, 2002: 164) A. KOYRÈ ( p. 11) sustenta:
O imoralismo de Maquiavel é simplesmente lógica. Do ponto de vista em que ele se colocou, a religião e a moral são apenas fatores sociais. São fatos que é necessário saber utilizar, com os quais é preciso contar. E só. Dentro do cálculo político, cumpre levar em conta todos os fatores políticos: que peso pode ter um juízo de valor sobre a soma? De nenhum modo a modificar o resultado.
VALDEMIRO SANTIAGO E IGREJA MUNDIAL SERÃO INVESTIGADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Polícia investiga se amante de pastor está envolvida em estupro de adolescente
A bancada dos evangélicos governistas decidiu que ladroagem não é pecado
A famosa Igreja Universal, (por certo deve congregar até em Júpiter) na Terra dona de incontáveis imóveis, também de poderosas cadeias de rádio, tvs e de empresas jornalísticas, com assento em quase centena de cadeiras do Congresso Nacional, dona de partido político, capaz de eleger até mesmo o vice-presidente recém passado, fruto de uma negociação direta por meio de mensalão, seria mesmo esta multinacional inventada pelo malandro carioca sem fins lucrativos? Partido ligado à Universal fez campanha com equipe da Record Pois ela e seu partideco parecem estar com os dias contados: MPF denuncia Edir Macedo por evasão de divisas e estelionato Líder da Igreja Universal e três dirigentes também foram denunciados por formação de quadrilha.
Exatamente quando se proliferam essas denúncias sobre o charlatanismo evangélico protagonizado pelos riquíssimos "pastores", resplandece a celeuma sobre a retirada dos cruxifixos das salas de audiências do judiciário. Há comoção nacional. Os meios de comunicação divulgam pareceres e candentes opiniões emanadas de jornalistas, leitores, "operadores" do Direito, religiosos, leigos, políticos  e outras ilustres personalidades.
Conseqüentemente, a permanente necessidade da ideologia persuasiva sempre levou o Estado a utilizar os intelectuais formadores da opinião nacional. Em épocas remotas, os intelectuais eram invariavelmente os sacerdotes, e, por conseguinte, conforme indicamos, tínhamos a antiga aliança entre a Igreja e o Estado, o Trono e o Altar.. ROTHBARD, Murray, A Ética da Liberdade
A controvérsia se faz  bastante desparelha:  o polo criador detém um respeitável e apaixonado exército, fortalecido pela instrução portuguesa, enquanto os minguados adversários levantam apenas a bandeira do Estado laico.
"Contemporaneamente o mito vai se identificando com a ideologia política: é que o processo mitológico sempre coloca suas crenças a serviço de uma ideologia. Barthes, coincidindo com este entendimento, afirma que através do mito consegue-se transformar a história em ideologia." (WARAT, Luiz Alberto, Mitos e Teorias na Interpretação da Lei: 128)
"Se até a cachorra é laica, por que o Estado não?"
Gabriel Chalita e seu comitê religioso
NO RIO DE JANEIRO, ATÉ O PARTIDO DE JEAN WYLLYS QUER VOTO DOS EVANGÉLICOS
É uma prova de grande relevância a participação da bancada evangélica na Câmara federal. A presidente Dilma Roussef nomeou no último dia 02 de março, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o ministério da Pesca e Aquicultura . A entrada de Crivella para esplanada dos ministérios reforça ainda mais o poder da bancada evangélica e prestigio á presidente Dilma Roussef. A interferência desta bancada é de um poder de decisão, ao extremo, Cristão a Importância de Votar
Dois desembargadores já declararam oposição à medida e anunciaram que não vão retirar o símbolo religioso de suas salas até que haja decisão definitiva sobre o caso. Um dos desembargadores que se opõem à decisão, Carlos Marchionatti, diz que o Conselho da Magistratura não é a instância adequada para tratar do assunto e que a separação entre Igreja e Estado não é absoluta no país. 'A maioria tem sentimento religioso, o hino nacional tem referência à divindade. Cristo, no âmbito do Judiciário, representa a Justiça',
Religião não é assunto pertinente ao Estado. São  excludentes.  "É que a Comunidade dos Santos não é deste mundo, embora aqui tenha dado origem a cidadãos através dos quais se realiza sua peregrinação até que chegue o tempo de seu reino, quando todos se congregarão".(Santo Agostinho: De Civitae Dei, Livro XV, cap. I.) Não por acaso o poder se encontra em xeque: Conselho Nacional de Justiça decide investigar rendimentos dos desembargadores
Acredite se quiser. Descrentes com a Justiça, juristas e cientistas políticos querem abrandar as penas da corrupção.
Ademais, Cristo representa o amor, o perdão. A Justiça representa, ou tem como fito, reparar o dano proporcionado pela infração legal. Ela prima por implacável, ao bem da comunidade que lhe institui. Não tem nada a ver com religião, exceto se retrocedermos aos tempos platônicos. Verissimo Crucifixo nos tribunais é um contrassenso
No homem primitivo era o medo, acima de quaisquer outras emoções, que o levava à religião. Esta religião do medo – medo da fome, de animais selvagens, de doenças e da morte – revelava-se através de atos e sacrifícios destinados a obter o amparo e o favor de uma divindade antropomórfica, de cujos desejos e ações dependiam aqueles temerosos sucessos. Como o entendimento do homem primitivo sobre as relações de causa e efeito era pobremente desenvolvido, essa religião do medo criou uma tradição transmitida, de geração a geração, por uma casta especial de sacerdotes que se postara como mediadora entre o povo e as entidades temidas. Essa hegemonia concentrou o poder nas mãos de uma classe privilegiada, que exercia as funções clericais como autoridade secular a fim de assegurar seu poderio. Nesse ínterim se verificava a associação dos governantes políticos à casta clerical, na defesa dos interesses comuns. EINSTEIN, A., cit. GABERDIAN, H. GORDON: 314
Renomados e isentos órgãos de comunicação, contudo,  mandam às favas a isenção que pregam, perfilando-se no "políticamente correto", não hesitando transitar por terreno que lhes é obscuro, estranho, porquanto técnico::
O Brasil tem formação cristã; a tradição do país é cristã. Mexer com cruzes e crucifixos vai contra esta formação, vai contra a tradição. Há vários símbolos da Justiça, sendo os mais conhecidos a balança e a moça de olhos vendados. A balança vem de antigas religiões caldeias. Simboliza a equivalência entre crime e castigo. A moça é Themis, uma titã grega, sempre ao lado de Zeus, o maior dos deuses. Personifica a Ordem e o Direito.  Como ambos os símbolos são religiosos, deveriam desaparecer também, como o crucifixo? Carlos Brickmann liquida a conversa fiada sobre símbolos religiosos com 246 palavras
Ora, a balança é usada como símbolo das provas pelas quais o magistrado pronunciará sua sentença; e a espada, obviamente, tirante aquela usada nas Cruzadas, é antagônica aos propósitos ventilados nas composições religiosas, ora. Eis outros paradoxos:
A grande maioria dos brasileiros tem conhecimento de que a Constituição, foi promulgada "sob a proteção de Deus". Queiram ou não, o Brasil é um país onde impera a religiosidade, religiosidade que é a fonte do amor, da solidariedade, do bem e da Justiça, e que, se for abolida, transformará o mundo numa nova Sodoma ou Gomorra! Ao mesmo tempo, como cristãos, rogar a Jesus Cristo que, na sua infinita bondade, perdoe os autores de tamanha heresia. Adv. Antônio C.G. Nunes
A criminalidade no Brasil é elevada, seja para crimes violentos ou não violentos De acordo com várias fontes, o Brasil possui altas taxas de crimes violentos, como homicídios e roubos; a taxa de homicídios está caindo recentemente, mas ainda é superior a 20,0 homicídios por 100.000 habitantes, o que inclui o Brasil na lista dos vinte países mais violentos do mundo. Wikipédia
73,8% dos brasileiros (125 milhões) declaram-se católicos;
15,4% (26,2 milhões) declaram-se evangélicos, pentecostais e neopentecostais);
7,4% (12,5 milhões) declaram-se sem religião, agnósticos, ateus ou deístas;
1,3% ( 2,3 milhões) declaram-se espíritas.
Quanto mais religiosos são os habitantes de um país, mais pobre ele tende a ser. A conclusão vem de pesquisa Gallup, entre 114 nações. Ela mostra a correlação entre o grau de religiosidade da população e a renda "per capita". (HÉLIO SCHWARTSMAN, Folha de São Paulo, 27/09/2010) O preço da corrupção custa para o Brasil entre R$ 41,5 e R$ 69,1 bilhões por ano. A estimativa é de estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), divulgado em 19/5/2010. Pois se essas mazelas não decorrem do avassalador contingente cristão, dessa massa granítica pela qual emergem os fascínoras, então qual minerva seria ainda mais capaz?
O crucifixo está nos tribunais não porque Jesus fosse uma divindade, mas porque foi vítima da maior das falsidades de justiça pervertida. Pilatos ficou na história como o protótipo do juiz covarde... A propósito, alguém lembrou se a mesma entidade não iria propor a retirada de 'Deus' do preâmbulo da Constituição nem a demolição do Cristo que domina os céus do Rio de Janeiro durante os dias e todas as noites.Tempos apocalíptico
Com todo o respeito ao colega supra, e ao excepcional jurista e catedrático, que tipo de proteção divina foi lograda pela Cidadã, quando duzentos por cabeça já foram fortes para alterá-la em favor do exclusivo interesse presidencial? Neste caso Deus deveria integrar o rol dos mensaleiros, pois não?  E Pilatos não era propriamente juiz, mas administrador, rezam os textos,um executivo regional do Império Romano,  por sinal, a fonte mais importante do Direito pátrio. O estranho é a descrição do povo de repente querer o linchamento, quando até então o personagem era requisitado como médico, a recuperar a saúde de todos por milagres. Pois ouso afirmar: essa lenga é até inverossímel, improvável. Mas daí vamos a outra arena. Retornemos às nossas circunstâncias. Nada pode ser mais deprimente do que um homem exposto morto, ainda mais ensanguentado, numa cruz. É de um mau gosto a toda prova, e nada tem a ver com nossa tradição, porquanto romana, judaica, introjetada via Portugal. O Direito deve ser pautado na ciência, não na crença. O apelo religioso coloca o ser humano como pecador, e culpado pela cruxificação.Culpa & castigo compõem o projeto metafísico do carrasco, para satisfazer seu mórbido prazer. Qual melhor sensação do que apontar o pecado, para submeter o pecador? A prova de sua “força” é que lhe realiza. Ao decair a sociedade, ele aponta as razões: a corrupção, a degenerência, a cupidez, o vício, a luxúria. Mas é o promotor a causa da degenerência. Religião significa religar. Antes, mister desligar. Adão e Eva promoveram o desligamento (como pode alguém ainda acreditar nessa estória?) e Jesus, uns 4 milhões de anos depois, veio para promover a religação. (E, logicamente, graças a tradição, todos acreditam na estória inventada por Constantino.)
Sobre o Cristo Redentor, múltiplos aspectos merecem análise. Em primeiro lugar, distingue-se por não ser construído sob o flagelo da cruz; depois, o que lhe tornou uma das maravilhas do mundo é sua localização, porquanto a modelagem não oferece maior dom artístico. Por fim, a corroborar a função geopolítica do baluarte, convém lembrar: depois de amarrarem suas montarias no centro do Distrito Federal, os golpistas de 1930 subiram à melhor vista da baía de Guanabara para daí montarem a utopia (u=bom e topia=topo, cume), abençoando a impostura. A cerimônia de inauguração aconteceu no dia 12 de outubro de 1931.
As idéias corporativas tiveram grande aceitação: receberam apoio da Encíclica Papal Quadragésimo Anno, de 1931, influenciaram decisivamente a doutrina do partido nazista alemão e de inúmeros outros movimentos fascistas em diversos países. No Brasil, foi notória a sua influência na década de 30, durante a ditadura de Getúlio Vargas. STEWART JR., DONALD, O Que é Liberalismo: 24
A relatada paixão de Cristo gera apaixonados pelo mundo afora; e bem sabemos que ela, a paixão, não é boa conselheira. Pior ainda, quando o fenômeno é exógeno, introjetado nas veias da civilização mercê dos mais mesquinhos interesses.  “O direito canônico, a força pontificial e as burocracias patrióticas contemporâneas bebem - sob uma aparente diversidade - nos tesouros de uma liturgia de submissão.” ( LEGENDRE, PIERRE, cit. DESCAMPS, CHRISTIAN: 55 
Assim falou Zaratustra  (NIETZSCHE, 1961: 7):
Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Pois é o mesmo que deve ser para o Super-homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Percorreste o caminho que medeia do verme ao homem, e ainda em vós resta muito do verme. Noutro tempo fostes macaco, e hoje é ainda mais macaco do que todos os macacos.
Não parecem sobradas razões a retirada, sim, de todos os simbolos nazistas, comunistas, e de resto, a mitologia incrustrada, esta que se abate toda a noite sobre os desesperados brasileiros através de redes nacionais de Tv? 
"Quanto menos dogmas, menos disputas; e quanto menos disputas, menos infelicidades; se isso não for verdade, então o errado sou eu." (VOLTAIRE, Tratado sobre a tolerância: 107 )

sábado, 17 de março de 2012

Jânio Quadros não tinha razão?

Em outros momentos históricos os confrontos se davam em torno de ideias e os protagonistas tratavam de difundi-las para ganhar apoio. A simpatia popular era vista como essencial para definir o vencedor. Com o naufrágio da política, as lutas tornaram-se subterrâneas, quase clandestinas. Por trás de tudo, nada mais que cargos, poder e dinheiro. Os rumos do País não interessam nem estiveram na mesa de debates. Grande parte da energia é gasta nos bares e nos corredores, onde circulam queixas, ameaças e recados. A política fechou-se nela mesma, despojou-se de suas características históricas e virou uma corporação que cuida dos próprios interesses. Fernando Gabeira Política e naufrágio

Durante a campanha de sucessão presidencial, as denúncias de corrupção foram amplamente exploradas pelo candidato Jânio Quadros, O "faxineiro" presidiu o país por meio ano, apenas. Alegou ser vítima de "terríveis forças ocultas", e renunciou. Fora eleito através de um partido nanico, PTN. mas levou o apoio da eterna aspirante UDN União Democrata Nacional) e ainda do )PDC, PR, PL, ao mandato de 1961 a 1966. Suplantou o Mal. Henrique Lott (PTB-PSD) de forma arrasadora, por mais de dois milhões de votos; porém, não conseguiu eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela época votava-se separadamente para presidente e vice). À suplência, quem se elegeu foi João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro, da chapa de Lott.  Os partidários de Jânio, desprovido da ramificação dos cabos eleitoraiis estendidos desde Getúlio Vargas, e sem TV,  formaram apenas uma escassa minoria, e ainda dividida,  no Congresso Nacional.

Jânio detinha formidável conhecimento da língua pátria. Suas palavras eram precisas. Por que motivo utilizaria termos tão vagos, imprecisos, tal qual "forças ocultas", ou "terríveis"? O que poderia indicar serem elas terríveis? De terror, obviamente, mas de que tipo? De que modo um Presidente, eleito com tamanho furor popular poderia alegar que forças ainda maiores o impediriam de governar? Seriam mesmo terroristas? As comunistas? Sindicais? Remanescentes fascistas? Empresariais? Talvez estrangeiras? Quiçá ainda aquelas forças internacionais, pretensamente responsáveis pela tragédia do Catete? Ah, esses imperialistas yankees... Quem sabe as revolucionárias comunistas, tanto que fora a Cuba? Ou seriam forças místicas? Quem sabe a Maçonaria? E as ocultas, seriam os investidores de campanha em Caixa 2? Haveria ainda inimigos na trincheira? Segundo a professia do inspirador de nosso pavilhão o mundo seria governado cada vez mais pelos mortos...  Almas penadas teriam assustado o homem da vassoura? Ou seria a quase imperceptível força do quarto poder, da imprensa, por alijada da publicidade oficial? Por qual razão o emérito professor usou os termos "terríveis", "ocultas"?  Por que não quis divulgá-las? Chantagem? Negócios? Haveria algum dinheiro sujo em jogo? Frustradas ONGs? Algum Cachoeira remanescente de JK? Teria sido ameaçado? Quem sabe? Com mensalões se alterou até mesmo a Constituição... Teria Jânio negado os tradicionais pedidos de propinas dos parlamentares? Fico com esta.
Quando alguém nos pergunta o que somos em política, ou, antecipando-se com a insolência que pertence ao estilo de nosso tempo, nos adscreve simultaneamente, em vez de responder devemos perguntar ao impertinente que pensa ele que é o homem e a natureza e a história, que é a sociedade e o indivíduo, a coletividade, o Estado, o uso, o direito. A política apressa-se a apagar as luzes para que todos estes gatos sejam pardos.  GASSET, José Ortega Y, A rebelião das massas: 15
Na época (e até hoje), nada disso interessou, nem à imprensa, tampouco para algum arquiperipatético vivente. E não seria a politicalha prestes a novamente se agadanhar do poder que mexeria na ferida. Na corda-bamba estendida, exceto os tontos, todos torciam pela queda do artífice. No anonimato da platéia, tudo estava ao belprazer dos artistas recentemente desbancados. Desse modo, passado meio século, o buraco-negro que engolfou a tênue democracia permanece na incógnita. Decifra-me ou te devoro. Como nada foi decifrado, mas apenas especulado, até hoje estamos à mercê, inapelavelmente  devorados pelos leviathans que se sucedem,  cada qual em seu prêt-à-porter. Bom senso torna-se bobagem; benefício, tormento. Malgrado S. Exa. retornar à ribalta na geração posterior para varrer a Prefeitura de São Paulo, sequer neste momento lhe foi exigido esclarecer aquele dantesco ato, e tudo ficou por isso mesmo. À Nav's ALL, contudo, não. Seu comandante nasceu sob o império da perfídia, e até agora sofre os estilhaços desse monstruoso big-bang.
Jânio tomou fama de alcoólatra. Suas ações, no curto período, eram mesmo compatíveis com distúrbios psíquicos, emocionais. Seu exagero, o radicalismo o levou a tomar medidas personalistas - proibição de brigas-de-galo, de biquinis, etc. E afrontava o Eua estreitando os laços com Cuba, onde se encontrou com o mito Che Guevara, este gatuno de primeira, e até com a U.R.S.S .Jânio lhe concedeu uma condecoração no dia 19 de agosto de 1961, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul , porquanto o guerrilheiro argentino, naquela ocasião ministro da revolução cubana, atendera seu apelo, libertando mais de vinte sacerdotes condenados ao fuzilamento,. Jânio fez o pedido de clemência por solicitação de dom Armando Lombardi, Núncio apostólico no Brasil, que o solicitou em nome do Vaticano. A outorga da condecoração foi aprovada no Conselho da Ordem por unanimidade, inclusive pelos três ministros militares. Evidentemente cutucava um leão, o maior do mundo, com vara curta.

As ações internacionais, e as bizarras proibições, contudo, não seriam fortes para desestabilizá-lo, mas o Congresso também era confrontado. A chave, ou o cadeado, estava no Congresso. Jânio implementava duras medidas visando combater a enorme inflação herdada dos desmandos de - JK - Sua política de austeridade, baseada principalmente no congelamento de salários, restrição ao crédito e combate à especulação, desagradava inúmeros setores influentes, mas especialmengte o Congresso, desde Getúlio acostumado com mensalões e emendas orçamentárias..
Jânio nunca teve um bom esquema de sustentação no Congresso Nacional. Sua eleição se deu ao arrepio das forças políticas que compunham esse Congresso, que fora eleito em 1958, e já não mais correspondia às necessidades e às aspirações do eleitorado, que mudara de posição. Diz Hélio Silva, em A Renúncia:[1] O resultado do pleito em que Jânio recebeu quase 6 milhões de votos rompeu o controle das cúpulas partidárias.

Política naquela base

Tanto quanto Collor (Collor relembra impeachment e cobra diálogo com o Congresso).  e a rigor tal qual nossa Presidenta, ainda incólume, mas enfrentando a rebelião,  (Para Dilma, opinião pública apoia endurecimento com partidos e rejeita a ‘chantagem’ parlamentar) Jânio lavrava seu termo:
Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive, do exterior. Forças terríveis levantam-se contra mim, e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração... 
Identifica-se, aqui, o que Roger-Gérard Schwartzenberg cognomina do novo triângulo do poder nas democracias, que junta o poder político, a administração (os gestores públicos) e os círculos de negócios. Essas três hierarquias, agindo de forma circular, cruzando-se, recortando-se, interpenetrando-se, passam a tomar decisões que se afastam das expectativas do eleitor.Presos na teia de aranha
Lula escapou porque soube repartir a pizza com todo mundo, digo com o mundo mesmo, de Chávez,  Evo Morales,  do iraniano, até Sarkozy, embora este sustentado apenas com promessas, com Fifa, Comitè Olímpico, etc., fatos que embora dilapidasse fortemente o patrimônio nacional lhe propiciaram as honrarias internacionais.
Analisando-se o que aconteceu no episódio do mensalão, quando o então presidente Lula escapou de sofrer um processo de impeachment, constataremos que isso só aconteceu por que Lula tinha uma história política anterior que lhe conferia papel importante na transição para a democracia, principalmente à frente do Sindicato dos Metalúrgicos, e um partido, o PT, com força de mobilização a nível nacional, além do apoio dos sindicatos e de outros movimentos sociais como a UNE e o MST, apoios com que Collor não contou na época, embora tenha tentado mobilizar, sem êxito, a população a seu favor. Diferenças
As terríveis forças ocultas foram e são todas as supra elencadas, mas principalmente aquelas oriundas das corporações defenestradas, os cortes nas  mamatas e vantagens financeiras tradicionalmente propiciadas pelos governos brasileiros, com ênfase nos grupos liderados pelos vices-presidentes, sempre na expectativa de se agadanharem completamente dos cofres públicos.
Vou me abster de enfileirar aqui escândalos de que Calheiros, Jucá e Maggi foram acusados, que envolvem superfaturamento, desvio de dinheiro, abuso de poder, fraudes, compra de votos, uso de laranjas e doleiros. Uma página não seria suficiente. Mas estão todos aí, vivinhos da silva, pintados de guerra e bravatas, graças ao toma lá dá cá tropicalista. Estão aí também porque, à maneira do ex-presidente Lula, são camaleões, mudam convicções e ideias – se é que as têm – ao sabor de quem manda. Pode ser PT, PMDB, PSDB, não importa. Jucá foi presidente da Funai no governo Sarney em 1986. Aprendeu a se fazer cacique e atravessou governos incólume. O que importa para os políticos “com traquejo” é manter a boquinha. E se tornar eterno. Dilma e o bloco dos sujos
Com crise, governo desconhece tamanho real da base aliada
Somente em 2010 o aparelhado Ministério desembolsou R$ 30 milhões em transferências - em mais de um sentido - do gênero. Em 2010 o governo destinou R$ 5,4 bilhões a 100 mil ONGs, ante R$ 1,9 bilhão em 2004. Esses gastos têm crescido mais do que as transferências para Estados e municípios. Estadão, OPINIÃO: Ministro tem de sair
Pente-fino em contratos impede 13 ONGs do Rio Grande do Sul de receber recursos da União
"Tem várias forças ocultas e semiocultas nesse processo, né? A verdade é que o Brasil vem passando por uma transformação econômica e social, mas ainda não tinha feito o enfrentamento das antigas práticas políticas." (Eduardo Braga: ‘Chegou a hora de enfrentar antigas práticas’ )
A composição da Câmara dos Deputados foge ao controle do cidadão e é entregue de bandeja às oligarquias partidárias, que recriaram o velho esquema do coronelismo da República Velha se aproveitando dessa cusparada em Pitágoras e Aristóteles, pois em nosso sistema o mais vale menos e o menos vale mais. O neocoronelismo do voto eletrônico, instituído no Poder Legislativo tornado Constituinte, inventou o conceito cínico da governabilidade. Segundo este, o presidente eleito pela maioria real submete-se ao tacão dos oligarcas partidários: só lhe é permitido governar se fatiar a máquina pública e distribuir as porções da carniça às legendas cuja legitimidade como representação popular é, na prática, nula. Por isso estamos sob a égide de uma paráfrase do antigo axioma de Artur Bernardes: 'Ao político, tudo; ao cidadão, o rigor da lei'..Um chute no traseiro da Constituição  
 Nada de novo no front.
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