sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O parteiro de Jesus

Com o surgimento dos imperadores romanos o curso dos tempos se torna ainda mais tormentoso e os homens interiormente ainda mais inquietos e angustiados. E chegamos então a um ponto, verdadeira e secularmente crítico, de profunda decadência, quando, subitamente, aparece a figura de Cristo, anunciando-se como a luz do inundo, a ressurreição e a vida. O Cristianismo, ainda jovem, entra em cena e aos poucos arranca, à Filosofia, a direção do homem. HIRSCHEBERGER, J., História da Filosofia na Antiguidade. www.portalsaofrancisco.com.br
Os séculos IV e V, em que Agostinho vive, são uma época em que a filosofia, talvez com exceção do neoplatonismo de Plotino, perdeu a confiança na razão. Cabe então a Agostinho restaurar a certeza da razão, e isso, paradoxalmente, por meio da fé. ABRÃO, B.: 98
Não puderam (os homens), com efeito, tendo considerado as coisas (da natureza), como meios, supor que elas tivessem sido produzidas por elas mesmas, mas, tirando a sua conclusão dos meios que se acostumaram a obter, tiveram que persuadir-se de que existiam um ou mais diretores da Natureza, dotados de liberdade humana, que tivessem provido todas as necessidades deles e tivessem feito tudo para seu uso (dos homens). Não tendo jamais recebido (a) respeito do propósito destes seres informação alguma, tiveram também de julgar segundo o seu próprio, e assim admitiram que os deuses dirigem todas as coisas para uso dos homens, a fim de que esses se lhes liguem e para que sejam tidos por esses na maior honra. Do que resulta que todos, referindo-se ao seu próprio propósito, inventaram diversos meios de render culto a Deus, a fim de que fossem amados por ele acima de todos, e para que obtivessem que dirigisse a Natureza inteira em proveito de seu desejo cego e de sua avidez insaciável.  SPINOZA, B,, Ética, Prop. XXVI, Apêndice
Conceituados físicos creditam aos frades o reequilibrio europeu: “A Pax Benedictina da Idade Média manteve o mundo unido como um Lar Terrestre, pelo menos da maneira como era então entendida.” (DAVID TEINDL-RAST, F. CAPRA & Pertencendo ao universo – Explorações da fronteiras da ciência e da espiritualidade: 73)
Pois não foi bem assim. A pacificação não se efetivou graças a DEUS. Por Ele os sinos continuariam dobrando, desde os imediatos desmandos bizantinos à CARLOS MAGNO, cruzando pela crueldade das cruzadas.  E para fechar a Média com palito de fósforo, a queima das bruxas. A espiritualidade monástica é teocêntrica. O que temperava o mundo era o contrário - a prevalência, apesar de tudo, dos valores e das tradições civis de cada região, suficientes para balizar os dóceis povos, tanto quanto elefantes se submetem a mero barbante. A função do pessoal da crista não permite sossego. Deve-se o revigoramento da ignorância pretensamente racional  ao reimplante da perna rejeitada por PLATÃO:
Se o justo aparecer na terra, será açoitado, atormentado, posto em cadeias, cegado de ambos os olhos, e, finalmente, depois de todos os martírios, pregado numa cruz, para chegar á compreensão que o importante neste mundo não é o ser justo, mas parecê-lo.
PLATÃO, República: 361
O justo veio a corroborar a certeza da traição e da crueldade na performance de CONSTANTINO, abrindo a Média  com a chave-mestra, para ao cabo dizimá-la.
Navegar por este mar não é preciso, tampouco prazeroso. Não é facil para ninguém se dar conta vítima da astúcia, e não só ele, como todos que lhe rodeiam. Choca, e prostra. O lamento não é propriamente contra o gênero humano, mas contra o leitmotiv de seus arietes. A trajetória do ciclo é tão nebulosa quanto a miragem prometida e solicitada em coro, agora diariamente, por impressionante cadeia de rádios, televisões e jornais. Coisa de louco! Não poucos filósofos e cientistas teceram fortes críticas a este arquetipo psicológico-geopolítico, mas não vislumbrei algum pesquisador dedicado a vasculhar os fundilhos desse despropósito coroado de êxito. Não fosse a implicação direta com todas as leis e as ciências do Ocidente, não iria tentar falseá-lo, ou despi-lo de sua pretensa sanidade. A maldade da empulhação, contudo, bate até junto aos meus, de modo que me obriga a lavrar o contundente protesto. Denuncio a falsidade da história, e o perverso motivo que lhe inspira. Diante da enxurrada de dados comprometedores, não é mister maior talento além do que possui naturalmente um acadêmico contador. Nem tem graça.
O Parto
O Império Romano conservava o leste meio intacto, por desinteresse dos bárbaros. A nova experiência poderia ser efetivada com chances de pleno êxito, posto a latente incubadora estar também ocupada pelos antigos proprietários, os antepassados parceiros, sempre meio anacrônicos, passionais, colaboradores dispostos e suscetíveis de completo domínio, tanto quanto um barbante acorrenta um elefante. 
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Desenvolvido por Plotino (205/270) no início do século IV, em meio à decadência do Império Romano, o neoplatonismo tornou-se uma das mais importantes correntes filosóficas da época e foi a última contribuição do pensamento grego à filosofia Ocidental. O neopitagorismo, que sobrevivera desde o século -IV como um modo de vida verdadeiramente religioso, também acabou por se fundir com o neoplatonismo. www.greciantiga.org
Bizâncio (em grego: Βυζάντιον, transl. Byzántion; latim: Byzantium) foi uma cidade da Grécia Antiga, fundada por colonos gregos da cidade de Megara, em 667 a.C., que recebeu o nome de seu rei, Bizas ou Bizanteromanos latinizaram o nome para Byzantium. Sua localização atraiu o imperador Constantino, que, no ano de 330, a renomeou Nova Roma. A cidade veio a se tornar o centro do Império Bizantino, a metade do Império Romano que falava o idioma grego, da Antiguidade tardia até a Idade Média, sob o nome de Constantinopla.* (Βύζας ou Βύζαντας, em grego).

O
Império Bizantino ou Reinado Bizantino (em grego: Βασιλεία Ῥωμαίων), inicialmente conhecido como Império Romano do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, pode ser definido como um império de nações da Eurásia que emergiu como império cristão e terminou seus mais de mil anos de história em 1453 como um estado grego ortodoxo: o império se tornou nação. Os bizantinos identificavam a si mesmos como romanos, e continuaram usando o termo quando converteu-se em sinônimo de helênico.
"A surpreendente conjuntura fez com que a ação de Constantino pela Palestina tivesse uma repercussão histórico-universal que se estendeu por muitos séculos." (BURCKHARDT, J.– Die Zeit Constantinus des Grossen , 1853,
"Segundo Eusébio de Cesaréia, o primeiro historiador da igreja cristã, falecido em 341, foi o próprio imperador CONSTANTINO, O Grande, quem lhe confessou ter tido as duas visões que o convenceram de que Cristo o escolhera para missões extraordinárias."
Destaco, de plano, suas mais nobres missões registradas pela história:
CONSTANTINO tinha sob sua égide nada menos do que
a Britânia, Gália, Germânia e Hispânia. Era pouco. Ele queria tudo. Não mediu esforços. Passou dezoito anos combatendo. Culminou por se desvencilhar da primeiras mulher, para desposar uma garota de sete anos (quack!), a infausta FAUSTA, filhinha do então Imperador MAXIMIANO. Com este último ato de bravura, CONSTANTINO galgou alcunhado AUGUSTO. Mimoso. É dose! Satisfeito o intento, mandou assassinar o sogro, e com isso arrumou nova batalha, desta feita com o cunhado MAXÊNCIO. CONSTANTINO buscou apoio no usurpador africano LÚCIO DOMÍCIO ALEXANDREA, e cortou o suprimento de trigo à Roma, de 308 a 309. Tres anos depois, entrou em Roma para eliminar também MAXÊNCIO.


  O fato de Constantino ser um imperador de legitimidade duvidosa foi algo que sempre influiu nas suas preocupações religiosas e ideológicas: enquanto esteve diretamente ligado a Maximiano, ele apresentou-se como o protegido de Hércules, deus que havia sido apresentado como padroeiro de Maximiano na primeira tetrarquia. Ao romper com seu sogro e eliminá-lo, Constantino passou a colocar-se sob a proteção da divindade padroeira dos imperadores-soldados do século anterior, Deus Sol Invicto, ao mesmo tempo que fez circular uma ficção genealógica (um panegírico da época, para disfarçar a óbvia invenção, falava, dirigindo-se retoricamente ao próprio Constantino, que se tratava de fato "ignorado pela multidão, mas perfeitamente conhecido pelos que te amam") pela qual ele seria o descendente do imperador Cláudio II — ou Cláudio Gótico — conhecido pelas suas grandes vitórias militares, por haver restabelecido a disciplina no exército romano, e por ter estimulado o culto ao Sol. http://ogeneral.hd1.com.br/anti_roma_constantino.htmlConstantino
A readequação de além-túmulo lhe permitiu desfrutar inpunemente os benícios de sua maldade. Sua religião evidentemente se resumia em cobrir sua atitude; nada havia de sentimento. Por isso, exagerou, tal qual fanático, afirmando que na véspera de mandar o cunhado aos sete-palmos sonhou com uma cruz. Nela estaria inserido, em latim:
Cquote1.svg In hoc signo vinces Cquote2.svg
"Sob este símbolo vencerás"

Certamente o pioneiro cristão não tomou conhecimento, sequer, dos 10 Mandamentos. Matar era com ele mesmo. Insuflado pela infausta imperatriz, CONSTANTINO ordenou o estrangulamento de seu próprio filho. (CRISPO, 326)
Satisfeita a mulher, foi a vez da própria, esfaqueada por seus súditos, na hora do banho.
O resto, relata o historiador:
Não suportando a morte do neto favorito, horrorizada com o acontecido, Helena, a imperatriz-mãe, desancou-lhe o verbo, com os vastos recursos do império à disposição, e mesmo da fortuna pessoal dela, do filho e da ex-nora assassinada, com impressionante dedicação e energia, liderando uma equipe de arqueólogos, arquitetos e engenheiros, ela determinou a construção do Santo Sepulcro e de inúmeras outras obras sacras espalhadas pela Terra Santa. Não só isso. Numa das escavações feitas no alto do Gólgota, em busca do sepulcro onde o corpo de Cristo teria sido colocado findo o suplício, encontraram três antigas cruzes bem próximas umas das outras. Foi a glória de Helena. O próprio lenho onde o Senhor fora sacrificado, a Santa Cruz, caíra em suas mãos. A augusta mãe sentiu-se então redimida (a Igreja Cristã também , canonizando-a como Santa Helena). De alguma forma ela supôs que tal graça era sinal de que os crimes do filho estavam perdoados. E assim, resultado de batalhas vencidas, de crimes seguidos de arrependimentos, o cristianismo se afirmou como religião oficial do império romano e de parte considerável do mundo. SCHILLING, V. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/antiga/2002/12/16/000.htm
Verificaremos na riqueza dos detalhes o fenômeno cristão, no afã de atingir a  "glória dos Gregos, rica em prestígio mais rica ainda em dinheiro," (Monge EUDES, secretário de LUÍS VII, Rei de França. Citado por GOTHIER, L, e TROUX, A: 236.)
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