segunda-feira, 19 de julho de 2010

Porre de O.J. Simpson


Por isso, um príncipe cauteloso deve conceber um modo pelo qual os seus cidadãos, sempre e em qualquer situação, percebam que ele e o Estado lhes são indispensáveis. Só então aqueles ser-lhe-ão sempre fiéis.
MAQUIAVEL, Nicolau, O Príncipe
No lustro da queda do muro arrefeciam os confrontos internacionais. Os americanos logravam armistícios até mesmo com a famigerada Coréia do Norte, mercê de inteligente costura diplomática. A Copa do Mundo se realizava tranquila no país, mas a mídia obteve um motivo mais relevante do que meros pênaltis estrangeiros para manter cativa a clientela dolarizada. O foco passava para um astro daquele seu jogo de agarra-agarra, todos de capacetes. O. J. SIMPSON era preso, e sentava no banco dos réus em cinematográficas sessões. O enrêdo reunia todos os ingredientes a fortes emoções: debates jurídicos em torno de celebridade esportiva, ídolo da juventude. Quem não tem sua sede de justiça? E quem não tem seu team no coração?
Ao cabo liberto, em vez retornar ao campo o infausto player preferiu retomar a via criminal, enfiando estupenda saraivada. Manteve-se por dois lustros na parada de sucessos televisivos. Ninguém sossegou até a condenação final do acusado, isto depois do milhar de capítulos, em década de cartaz.
Enquanto a TV contabilizava altos dividendos com este assunto insignificante, localizado, e que envolvia diretamente apenas no máximo centena de atingidos por seu ator principal, mais de cem milhões de americanos eram envolvidos em drama colossal, obscuramente reaberto pelo principal ator da Nação:
O governo Bush alterou aquela estratégia. Eles puseram o acordo com a Coréia do Norte na lata de lixo e ameaçaram o país com um ataque militar, e como resultado, a Coréia do Norte anunciou sua retirada do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.  CARTER, J., Ex-presidente dos EUA culpa Bush por crise da Coréia do Norte. - Folha, 20-10-2006
J. O. SIMPSON foi condenado a mais de trinta anos. O atleta matara duas ou tres pessoas, cometera crimes de roubo e furto, e outros quetais. Ninguém viu, mas os depoimentos foram suficientes para enquadrá-lo. A rigor, a impunidade ou a prisão do atleta não faria a menor diferença para as restantes centenas de milhões de americanos, muito menos ao restante do mundo. No 11 de setembro a TV lhe dispensou. Os aviões da American Airlines matavam um monte, aos olhos incrédulos de milhões de telespectadores. Até hoje a polícia não elucidou esta monstruosidade. Dizem que o criminoso fugiu. Era estrangeiro. Que premonição levou dezenas de lentes se postarem ao pé da cena, empregando batalhão de manhã cedo já voltado aos melhores ângulos do World Trade Center?

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O EUA se meteu em país estrangeiro, e permanece matando às pilhas, pagando preço da vida de igual monte de seus nacionais. No ocaso desse formidável período norte-americano, o mundo ainda foi "assombrado com o "maior golpe do mundo", coisa de trilhão, sob o patrocínio de alguns financistas.
Quando SIMPSON desempenhava seu epílogo, por trás dos panos atuavam lemons and brothers. Foram trancafiados. Mas e o maitre mandante? Cadê a polícia?

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